{"id":180395,"date":"2022-10-31T19:54:25","date_gmt":"2022-10-31T22:54:25","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=180395"},"modified":"2022-10-31T19:54:27","modified_gmt":"2022-10-31T22:54:27","slug":"tubaroes-tigre-que-interagem-com-turistas-sao-maiores-e-mais-nutridos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/10\/31\/180395-tubaroes-tigre-que-interagem-com-turistas-sao-maiores-e-mais-nutridos.html","title":{"rendered":"Tubar\u00f5es-tigre que interagem com turistas s\u00e3o maiores e mais nutridos"},"content":{"rendered":"\n
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N\u00edveis de horm\u00f4nios s\u00e3o mais altos em f\u00eameas que frequentam locais onde ocorre o fornecimento de alimento\u00a0– Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Neil Hammerschlag<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Tiger Beach<\/em>, ou praia dos tigres, nas\u00a0Bahamas, \u00e9 conhecida pela beleza paradis\u00edaca e por habitantes que poderiam espantar qualquer um de suas \u00e1guas, mas acabam sendo as maiores atra\u00e7\u00f5es do turismo de mergulho praticado ali: os\u00a0tubar\u00f5es-tigre\u00a0(Galeocerdo cuvier<\/em>).<\/p>\n\n\n\n

As \u00e1guas cristalinas e rasas, com 5 metros de profundidade em m\u00e9dia, favorecem a visualiza\u00e7\u00e3o dos animais. Mas o fornecimento de alimentos pelas operadoras de turismo locais, como carca\u00e7as de peixe, \u00e9 o que garante a presen\u00e7a dos\u00a0predadores, que podem ultrapassar 3 metros de comprimento.<\/p>\n\n\n\n

Um grupo de cientistas do Brasil e dos Estados Unidos, que inclui pesquisadores apoiados pela FAPESP, descobriu que as\u00a0f\u00eameas\u00a0de tubar\u00e3o-tigre que visitam essas \u00e1reas com frequ\u00eancia s\u00e3o maiores e t\u00eam\u00a0n\u00edveis hormonais\u00a0mais altos do que de outros indiv\u00edduos da mesma esp\u00e9cie que passam menos tempo nesses locais.<\/p>\n\n\n\n

O estudo foi\u00a0publicado na revista\u00a0Animal Behaviour<\/em>\u00a0e ajuda a compreender os poss\u00edveis impactos dessa pr\u00e1tica para os\u00a0tubar\u00f5es, al\u00e9m de ser o primeiro a descrever a influ\u00eancia da condi\u00e7\u00e3o fisiol\u00f3gica no comportamento e na tomada de decis\u00e3o em tubar\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEssas \u00e1reas s\u00e3o dominadas por f\u00eameas de grande porte. Algumas, inclusive, gr\u00e1vidas. De modo geral, os n\u00edveis de horm\u00f4nios eram mais altos naquelas que estavam em locais onde ocorre o fornecimento de alimento do que nas \u2018tigresas\u2019 que n\u00e3o interagem tanto com\u00a0mergulhadores. Al\u00e9m disso, as primeiras possuem uma condi\u00e7\u00e3o nutricional melhor, com mais \u00f4mega-3 no sangue\u201d, conta Bianca Rangel, que realizou o trabalho como parte de seu doutorado no Instituto de Bioci\u00eancias da Universidade de S\u00e3o Paulo (IB-USP) com bolsa da FAPESP.<\/p>\n\n\n\n

Em outro trabalho, a equipe j\u00e1 havia demonstrado que\u00a0tubar\u00f5es-lixa (Ginglymostoma cirratum<\/em>) que vivem em \u00e1reas urbanas apresentam n\u00edveis mais elevados de gorduras saturadas e horm\u00f4nios.<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00e3o podemos dizer se o turismo est\u00e1 ou n\u00e3o prejudicando esse grupo, pois n\u00e3o t\u00ednhamos como fazer as coletas de material para os testes antes e depois da intera\u00e7\u00e3o com os turistas, o que seria ideal. No entanto, agora temos um corpo de evid\u00eancias que vai ajudar em avalia\u00e7\u00f5es futuras\u201d, complementa\u00a0Renata Guimar\u00e3es Moreira, professora do IB-USP\u00a0apoiada\u00a0pela Funda\u00e7\u00e3o e orientadora do estudo.<\/p>\n\n\n\n

Tubar\u00f5es monitorados<\/h2>\n\n\n\n

Diferenciar os tubar\u00f5es que passam mais tempo pelas\u00a0\u00e1reas de turismo\u00a0daqueles que frequentam outros per\u00edmetros foi poss\u00edvel gra\u00e7as a um\u00a0trabalho de monitoramento\u00a0realizado desde 2011 na Fl\u00f3rida e nas Bahamas sob coordena\u00e7\u00e3o de Neil Hammerschlag, professor da Universidade de Miami que tamb\u00e9m assina o trabalho.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores norte-americanos capturaram 33 animais ao norte do arquip\u00e9lago das Bahamas entre 2013 e 2014, fizeram a identifica\u00e7\u00e3o do sexo (todas f\u00eameas), al\u00e9m de medir o comprimento e verificar se estavam\u00a0gr\u00e1vidas, usando um aparelho de\u00a0ultrassonografia. Al\u00e9m disso, coletaram amostras de sangue, que ficaram congeladas at\u00e9 serem analisadas.<\/p>\n\n\n\n

Antes de liberar os animais, foram implantados sob a pele dos tubar\u00f5es pequenos transmissores ac\u00fasticos. Gra\u00e7as a isso, cinco receptores afixados no leito do mar captavam a presen\u00e7a dos animais a cada vez que se aproximavam. Apenas 22 tubar\u00f5es foram detectados e analisados no estudo.<\/p>\n\n\n\n

Com os dados de uso do espa\u00e7o, coletados durante 90 dias, foi poss\u00edvel estabelecer os animais que passavam mais tempo em \u00e1reas onde n\u00e3o ocorre o\u00a0mergulho\u00a0e aqueles que ficavam onde \u00e9 ofertado alimento para que possam interagir com os turistas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cAs f\u00eameas de grande porte dominam as \u00e1reas onde h\u00e1 o mergulho, enquanto as juvenis, de porte menor, ficam de fora. Isso mostra uma domin\u00e2ncia por parte dessas predadoras, que provavelmente encontraram vantagens em estar nesses territ\u00f3rios e conseguem se impor perante as menores\u201d, explica Rangel.<\/p>\n\n\n\n

Um reflexo do uso do territ\u00f3rio na fisiologia das \u201ctigresas\u201d \u2013 como s\u00e3o carinhosamente chamadas as f\u00eameas de tubar\u00f5es-tigre pelos pesquisadores \u2013 est\u00e1 na\u00a0alimenta\u00e7\u00e3o. Seu conte\u00fado pode ser medido pela concentra\u00e7\u00e3o de \u00e1cidos graxos, as gorduras de diferentes tipos, e nos is\u00f3topos est\u00e1veis, que indicam em que degrau da cadeia alimentar est\u00e3o os alimentos consumidos pela quantidade de nitrog\u00eanio acumulada.<\/p>\n\n\n\n

Alimentadas com carca\u00e7as de garoupas e outros peixes gordurosos, as \u201ctigresas\u201d das \u00e1reas de mergulho tiveram valores mais altos de \u00e1cidos graxos do tipo\u00a0\u00f4mega-3\u00a0e de is\u00f3topos de nitrog\u00eanio do que aquelas que passaram menos tempo nesse territ\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

A diferen\u00e7a entre as frequentadoras das \u00e1reas de mergulho e as outras f\u00eameas foi vis\u00edvel ainda na concentra\u00e7\u00e3o de horm\u00f4nios, no caso, valores m\u00e9dios de\u00a0testosterona\u00a0(tr\u00eas vezes maior), estradiol (quatro vezes superior) e corticosteroides (16,4 vezes mais).<\/p>\n\n\n\n

\u201cN\u00e3o sabemos se esses horm\u00f4nios est\u00e3o mais elevados porque elas est\u00e3o reunidas com muitos outros tubar\u00f5es e acabam aumentando os horm\u00f4nios para ter um comportamento social de domin\u00e2ncia, talvez mais agressivo. Outra hip\u00f3tese \u00e9 que, por conta do est\u00e1gio de vida, estejam prontas para se reproduzir e isso pode elevar o n\u00edvel desses horm\u00f4nios. Com as juvenis, que ainda n\u00e3o se reproduzem, esses horm\u00f4nios seriam naturalmente mais baixos\u201d, aponta Moreira.<\/p>\n\n\n\n

Ainda que o estudo n\u00e3o seja conclusivo sobre as raz\u00f5es das altera\u00e7\u00f5es fisiol\u00f3gicas, ele ressalta a import\u00e2ncia de se considerar a fase de vida, os horm\u00f4nios e a\u00a0condi\u00e7\u00e3o nutricional\u00a0dos tubar\u00f5es para avaliar os impactos do mergulho na alimenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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