{"id":180420,"date":"2022-11-02T18:06:00","date_gmt":"2022-11-02T21:06:00","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=180420"},"modified":"2022-11-02T18:06:00","modified_gmt":"2022-11-02T21:06:00","slug":"a-agua-era-essencial-e-uma-barreira-para-a-vida-primitiva-na-terra-as-microgotas-sao-uma-solucao-potencial-para-esse-paradoxo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/redacao\/traducoes\/2022\/11\/02\/180420-a-agua-era-essencial-e-uma-barreira-para-a-vida-primitiva-na-terra-as-microgotas-sao-uma-solucao-potencial-para-esse-paradoxo.html","title":{"rendered":"A \u00e1gua era essencial e uma barreira para a vida primitiva na Terra \u2013 as microgotas s\u00e3o uma solu\u00e7\u00e3o potencial para esse paradoxo"},"content":{"rendered":"\n

\u00c9 um paradoxo: a vida precisa de \u00e1gua para sobreviver, mas um mundo cheio de \u00e1gua n\u00e3o pode gerar as biomol\u00e9culas que seriam essenciais para o in\u00edcio da vida. Ou assim pensavam os pesquisadores.<\/p>\n\n\n\n

A \u00e1gua est\u00e1 em toda parte. A maior parte do corpo humano \u00e9 feito dela, grande parte do planeta Terra \u00e9 coberta por ela e os humanos n\u00e3o podem sobreviver mais do que alguns dias sem beber \u00e1gua. As mol\u00e9culas de \u00e1gua t\u00eam caracter\u00edsticas \u00fanicas que lhes permitem dissolver e transportar compostos pelo corpo, fornecer estrutura \u00e0s c\u00e9lulas e regular a temperatura. De fato, as rea\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas b\u00e1sicas que possibilitam a vida como a conhecemos requerem \u00e1gua, sendo a fotoss\u00edntese um exemplo.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, quando as primeiras biomol\u00e9culas como prote\u00ednas e DNA come\u00e7aram a se unir nos est\u00e1gios iniciais do planeta Terra, a \u00e1gua era na verdade uma barreira \u00e0 vida.<\/p>\n\n\n\n

A raz\u00e3o \u00e9 surpreendentemente simples: a presen\u00e7a de \u00e1gua evita que compostos qu\u00edmicos percam \u00e1gua. Tomemos, por exemplo, as prote\u00ednas, que s\u00e3o uma das principais classes de mol\u00e9culas biol\u00f3gicas que comp\u00f5em seu corpo. As prote\u00ednas s\u00e3o, em ess\u00eancia, cadeias de amino\u00e1cidos unidas por liga\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas. Essas liga\u00e7\u00f5es s\u00e3o formadas atrav\u00e9s de uma rea\u00e7\u00e3o de condensa\u00e7\u00e3o que resulta na perda de uma mol\u00e9cula de \u00e1gua. Essencialmente, os amino\u00e1cidos precisam ficar \u201csecos\u201d para formar uma prote\u00edna.<\/p>\n\n\n

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As rea\u00e7\u00f5es de condensa\u00e7\u00e3o unem os amino\u00e1cidos perdendo uma mol\u00e9cula de \u00e1gua. Fonte: OpenStax\/Wikimedia Commons, CC BY.<\/figcaption><\/figure><\/div>\n\n\n

Considerando que a Terra antes da vida estava coberta de \u00e1gua, isso era um grande problema para fazer as prote\u00ednas essenciais \u00e0 vida. Como tentar se secar dentro de uma piscina, dois amino\u00e1cidos teriam dificuldade em perder \u00e1gua para se unir na sopa primordial da Terra primitiva. E n\u00e3o foram apenas as prote\u00ednas que enfrentaram esse problema na presen\u00e7a de \u00e1gua: outras biomol\u00e9culas essenciais \u00e0 vida, incluindo DNA e a\u00e7\u00facares complexos, tamb\u00e9m dependem de rea\u00e7\u00f5es de condensa\u00e7\u00e3o e perda de \u00e1gua para se formar.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo dos anos, os pesquisadores propuseram muitas solu\u00e7\u00f5es para esse \u201cparadoxo da \u00e1gua\u201d. A maioria deles depende de cen\u00e1rios muito espec\u00edficos na Terra primitiva que poderiam ter permitido a remo\u00e7\u00e3o de \u00e1gua. Estes incluem po\u00e7as de secagem, superf\u00edcies minerais, fontes termais e fontes hidrotermais, entre outros. Essas solu\u00e7\u00f5es, embora plaus\u00edveis, exigem condi\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas e qu\u00edmicas particulares que podem n\u00e3o ter sido comuns.<\/p>\n\n\n\n

Em nosso estudo recente, meus colegas e eu encontramos uma solu\u00e7\u00e3o mais simples e geral para o paradoxo da \u00e1gua. Ironicamente, pode ser a pr\u00f3pria \u00e1gua \u2013 ou para ser mais preciso, got\u00edculas de \u00e1gua muito pequenas \u2013 que permitiram a forma\u00e7\u00e3o de biomol\u00e9culas iniciais.<\/p>\n\n\n\n

Por que microgotas?<\/h4>\n\n\n\n

As got\u00edculas de \u00e1gua est\u00e3o por toda parte, tanto no mundo moderno quanto especialmente durante a Terra pr\u00e9-bi\u00f3tica (ou pr\u00e9-vida). Em um planeta coberto por ondas e mar\u00e9s furiosas, as pequenas got\u00edculas de \u00e1gua do mar e outros aeross\u00f3is teriam fornecido um local simples e abundante para as primeiras biomol\u00e9culas se reunirem.<\/p>\n\n\n\n

Microgotas de \u00e1gua \u2013 tipicamente got\u00edculas muito pequenas com di\u00e2metros em torno de um milion\u00e9simo de metro, muito menores que o di\u00e2metro da seda da aranha \u2013 podem n\u00e3o parecer resolver o paradoxo da \u00e1gua a princ\u00edpio, at\u00e9 que voc\u00ea considere os ambientes qu\u00edmicos muito particulares que elas criam.<\/p>\n\n\n\n

As microgotas t\u00eam uma propor\u00e7\u00e3o substancial de \u00e1rea de superf\u00edcie para volume que fica maior – quanto menor for a gota. Isso significa que h\u00e1 um espa\u00e7o significativo onde o solvente do qual elas s\u00e3o feitas (neste caso, \u00e1gua) e o meio pelo qual est\u00e3o cercadas (neste caso, ar) se encontram.<\/p>\n\n\n\n