{"id":180463,"date":"2022-11-03T18:18:33","date_gmt":"2022-11-03T21:18:33","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=180463"},"modified":"2022-11-03T18:19:46","modified_gmt":"2022-11-03T21:19:46","slug":"velejador-brasileiro-conclui-expedicao-pelo-artico-em-barco-sem-motor","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/11\/03\/180463-velejador-brasileiro-conclui-expedicao-pelo-artico-em-barco-sem-motor.html","title":{"rendered":"Velejador brasileiro conclui expedi\u00e7\u00e3o pelo \u00c1rtico em barco sem motor\ufffc"},"content":{"rendered":"\n
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Projeto Rota Polar, realizado em barco sem cabine, completa travessia pela Passagem Noroeste – Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Beto Pandiani<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Novas culturas, muito gelo, paisagens incr\u00edveis e alguns perrengues. Tudo isso fez parte da recente expedi\u00e7\u00e3o brasileira ao \u00c1rtico conduzida pelo velejador Beto Pandiani em parceria com o franc\u00eas Igor Bely. Chamada Rota Polar, a trajet\u00f3ria de 4,8 mil quil\u00f4metros se estendeu do Alasca at\u00e9 a Groenl\u00e2ndia e, al\u00e9m de cruzar a hist\u00f3rica Passagem Noroeste, tamb\u00e9m teve como objetivo analisar as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

De volta ao solo brasileiro ap\u00f3s os 100 dias de miss\u00e3o, Pandiani conta \u00e0 GALILEU como foi completar sua oitava travessia por oceanos realizada em barcos sem motor. O trajeto foi inteiramente registrado e ir\u00e1 gerar um document\u00e1rio, al\u00e9m de servir de base para a elabora\u00e7\u00e3o de artigos e livros que retratem o degelo do \u00c1rtico.<\/p>\n\n\n\n

\u00c1guas congeladas<\/h2>\n\n\n\n

A miss\u00e3o pelo \u00c1rtico come\u00e7ou em junho deste ano, mas, antes de chegar l\u00e1, a tripula\u00e7\u00e3o passou meses se preparando para enfrentar as dificuldades que poderiam surgir no mar gelado.<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s a constru\u00e7\u00e3o do barco, que passou por diversos testes antes de ser aprovado, a equipe come\u00e7ou sua jornada para reunir os equipamentos necess\u00e1rios e chegar ao local de partida: Tuktoyaktuk, no norte do Canad\u00e1. Todo o trajeto foi feito em motorhome<\/em> e registrado em um di\u00e1rio de bordo.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, apesar da boa prepara\u00e7\u00e3o, a viagem foi totalmente diferente do que eles estavam prevendo. Isso porque 2022 foi um ano at\u00edpico na regi\u00e3o \u00e1rtica.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEscolhemos viajar durante o ver\u00e3o justamente porque, nesse tempo, h\u00e1 um equil\u00edbrio entre a temperatura mais quente e os ventos, que acabam fazendo com que o gelo do mar derreta e se espalhe, abrindo passagem para o barco\u201d, explica Pandiani.<\/p>\n\n\n\n

Por\u00e9m, devido ao ver\u00e3o ter atrasado na regi\u00e3o, o processo de degelo do oceano n\u00e3o ocorreu conforme o esperado, atrasando a viagem logo no in\u00edcio. \u201cQuando chegamos em ‘Tuk’ ficamos 20 dias parados, porque o gelo nos impedia de sair. Houve um momento de incerteza, chegamos a pensar que a viagem nem se iniciaria\u201d, confessa.<\/p>\n\n\n\n

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\u00c1guas congeladas dificultaram o trajeto logo no in\u00edcio da miss\u00e3o \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Beto Pandiani<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ap\u00f3s muita espera, Pandiani e Bely conseguiram come\u00e7ar o trajeto, mas, ainda assim, passaram por uma barreira de gelo que demorou cerca de 24 horas para ser atravessada. S\u00f3 depois dessa empreitada \u00e9 que foi poss\u00edvel dar continuidade \u00e0 viagem pelo Oceano \u00c1rtico.<\/p>\n\n\n\n

Mudan\u00e7as clim\u00e1ticas<\/h2>\n\n\n\n

\u201cDurante a viagem pudemos observar alguns ind\u00edcios das consequ\u00eancias das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas”, afirma Pandiani. “Enquanto ficamos em ‘Tuk’, chegamos a pegar dias quentes que beiravam os 28\u00baC, o que \u00e9 incomum para a regi\u00e3o. Em contrapartida, durante a navega\u00e7\u00e3o, o tempo marcou -5\u00baC.”<\/p>\n\n\n\n

Contudo, a mudan\u00e7a mais at\u00edpica observada pela tripula\u00e7\u00e3o foi em rela\u00e7\u00e3o ao vento. Normalmente, durante essa \u00e9poca do ano, os ventos ocorrem de forma mais branda, o que n\u00e3o foi o caso ao longo da miss\u00e3o. Devido ao mau tempo, foi dif\u00edcil dar prosseguimento \u00e0 viagem em alguns momentos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cQuando est\u00e1vamos no meio da miss\u00e3o, precisamos atracar em Gjoa Haven por 10 dias, esperando o vento forte passar. Foi um momento preocupante, era final de agosto e ainda t\u00ednhamos um longo caminho a percorrer. S\u00f3 poder\u00edamos ficar no mar at\u00e9 o dia 10 de setembro, pois ap\u00f3s essa data o tempo muda completamente e as tempestades de gelo retornam\u201d, afirma Pandiani.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o velejador, os povos locais tamb\u00e9m n\u00e3o t\u00eam d\u00favidas de que as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas est\u00e3o acontecendo. \u201cSe analisarmos, nos \u00faltimos 200 anos tivemos diversas florestas destru\u00eddas. Acredito que essa crise que vivemos atualmente come\u00e7ou h\u00e1 muito tempo. \u00c9 uma combina\u00e7\u00e3o de a\u00e7\u00e3o do homem com o aumento da emiss\u00e3o dos gases de efeito estufa\u201d, destaca.<\/p>\n\n\n\n

Barco sustent\u00e1vel<\/h2>\n\n\n\n
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Visando uma viagem sustent\u00e1vel, velejadores utilizam barco sem motor e cabine \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Beto Pandiani<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Al\u00e9m das paisagens, o grande destaque da miss\u00e3o foi o fato dela ser totalmente realizada em um barco sem motor ou cabine, chamado catamar\u00e3. Esse tipo de embarca\u00e7\u00e3o possui uma vela que auxilia na movimenta\u00e7\u00e3o pela for\u00e7a dos ventos. Por\u00e9m, a estrutura ecol\u00f3gica do barco trouxe algumas dificuldades. Quando a brisa n\u00e3o era forte o suficiente, os viajantes precisavam pedalar para movimentar o barco, um exerc\u00edcio cansativo.<\/p>\n\n\n\n

Por optarem por um ve\u00edculo mais simples, foi necess\u00e1rio aprender a viver sem \u201cluxos\u201d necess\u00e1rios. A necessidade trouxe novas experi\u00eancias e conhecimentos para a dupla de viajantes, que encontraram solu\u00e7\u00f5es sustent\u00e1veis para as dificuldades.<\/p>\n\n\n\n

\u201cUm projeto desse gera muito desenvolvimento, porque precisamos pensar em como passar por essas dificuldades com poucos recursos. Neste barco usamos painel solar, dessalinizamos \u00e1gua do mar e levamos somente o b\u00e1sico: kit m\u00e9dico, trajes, rastreador, telefones e fogos\u201d, explica o velejador. O objetivo era incentivar as pessoas a viverem de uma forma que preserve o meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n

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Beto Pandiani completou a miss\u00e3o ao lado do parceiro Igor Belly \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Pandiani<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Paisagens incr\u00edveis<\/h2>\n\n\n\n

Mas nem s\u00f3 de dificuldades viveram os especialistas. Al\u00e9m de conhecerem diversas culturas a cada parada, a tripula\u00e7\u00e3o teve a oportunidade de ver paisagens inesquec\u00edveis com montanhas de gelo e ter contato com diversos animais, incluindo focas, baleias, p\u00e1ssaros e ursos polares.<\/p>\n\n\n\n

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Apesar das dificuldades, o trajeto foi cercado por paisagens incr\u00edveis \u2014 Foto: Reprodu\u00e7\u00e3o\/Beto Pandiani<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

\u201cO bom \u00e9 que n\u00e3o foi como esper\u00e1vamos, foi mais dif\u00edcil do que imagin\u00e1vamos pelo fato de termos escolhido um ano t\u00e3o at\u00edpico. Foi desafiador, mas, ainda assim, maravilhoso\u201d, acrescenta o velejador paulistano.<\/p>\n\n\n\n

Com todos os registros reunidos, os pr\u00f3ximos passos ser\u00e3o produzir um document\u00e1rio, cuja estreia est\u00e1 prevista para mar\u00e7o de 2023, e lan\u00e7ar um livro junto com uma exposi\u00e7\u00e3o fotogr\u00e1fica, que deve passar por algumas universidades brasileiras.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Galileu<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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