{"id":181199,"date":"2022-12-26T19:25:01","date_gmt":"2022-12-26T22:25:01","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181199"},"modified":"2022-12-26T19:25:04","modified_gmt":"2022-12-26T22:25:04","slug":"os-paises-que-receberao-bilhoes-de-dolares-para-deixar-de-usar-combustiveis-poluidores","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2022\/12\/26\/181199-os-paises-que-receberao-bilhoes-de-dolares-para-deixar-de-usar-combustiveis-poluidores.html","title":{"rendered":"Os pa\u00edses que receber\u00e3o bilh\u00f5es de d\u00f3lares para deixar de usar combust\u00edveis poluidores"},"content":{"rendered":"\n
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Os pa\u00edses que receber\u00e3o bilh\u00f5es de d\u00f3lares para deixar de usar combust\u00edveis poluidores \u2014 Foto: GETTY IMAGES\/BBC<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os pedidos das na\u00e7\u00f5es ricas para que os pa\u00edses em desenvolvimento acelerem a transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica como parte do combate \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas enfrentam h\u00e1 anos o mesmo obst\u00e1culo: a falta de dinheiro.<\/p>\n\n\n\n

Substituir as fontes de energia poluentes por energia limpa exige milh\u00f5es de d\u00f3lares, que aqueles pa\u00edses precisam destinar \u00e0s necessidades imediatas da popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Esta situa\u00e7\u00e3o limita a quantidade de recursos que podem ser usados para combater o aquecimento global. Afinal, por mais grave que seja a quest\u00e3o, suas consequ\u00eancias mais s\u00e9rias tendem a agravar-se em m\u00e9dio e longo prazo. O problema \u00e9 que os cientistas temem que, quando isso acontecer, os danos causados ao planeta j\u00e1 possam ser irrevers\u00edveis.<\/p>\n\n\n\n

Mas uma iniciativa recentemente lan\u00e7ada parece estar abrindo as portas para que pelo menos alguns pa\u00edses em desenvolvimento possam receber o dinheiro necess\u00e1rio para eliminar o uso de combust\u00edveis altamente poluidores, como o carv\u00e3o, e substitu\u00ed-los por fontes energ\u00e9ticas sustent\u00e1veis. S\u00e3o os acordos de Associa\u00e7\u00e3o para a Transi\u00e7\u00e3o Energ\u00e9tica Justa (ATEJ).<\/p>\n\n\n\n

Esses conv\u00eanios j\u00e1 foram assinados pelo chamado Grupo de S\u00f3cios Internacionais – composto pela Uni\u00e3o Europeia e por v\u00e1rios pa\u00edses ricos, como os Estados Unidos, Reino Unido, Fran\u00e7a, Alemanha, It\u00e1lia, Canad\u00e1, Jap\u00e3o, Noruega e Dinamarca – e por tr\u00eas pa\u00edses em desenvolvimento: \u00c1frica do Sul, Indon\u00e9sia e Vietn\u00e3.<\/p>\n\n\n\n

Espera-se que estes tr\u00eas pa\u00edses recebam, ao todo, cerca de US$ 44 bilh\u00f5es (cerca de R$ 226 bilh\u00f5es) em um per\u00edodo de tr\u00eas a cinco anos, como est\u00edmulo para antecipar a transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica.<\/p>\n\n\n\n

Mas no que consistem esses conv\u00eanios e qual a origem do dinheiro?<\/p>\n\n\n\n

Financiamento da transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica<\/h2>\n\n\n\n

O primeiro pa\u00eds a assinar um acordo ATEJ foi a \u00c1frica do Sul, no dia 2 de novembro de 2021, durante a Confer\u00eancia Internacional sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas COP26, realizada em Glasgow, no Reino Unido. Um ano mais tarde, foi assinado o acordo com a Indon\u00e9sia, durante a c\u00fapula do G20 em Bali.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o Vietn\u00e3 assinou o acordo no \u00faltimo dia 14 de dezembro, durante a reuni\u00e3o entre a Uni\u00e3o Europeia e a Associa\u00e7\u00e3o de Na\u00e7\u00f5es do Sudeste Asi\u00e1tico (ASEAN, na sigla em ingl\u00eas).<\/p>\n\n\n\n

Segundo os acordos assinados, a \u00c1frica do Sul receber\u00e1 US$ 8,5 bilh\u00f5es (cerca de R$ 43,6 bilh\u00f5es); a Indon\u00e9sia, cerca de US$ 20 bilh\u00f5es (cerca de R$ 102,6 bilh\u00f5es); e o Vietn\u00e3, cerca de US$ 15 bilh\u00f5es (cerca de R$ 77 bilh\u00f5es).<\/p>\n\n\n\n

Os conv\u00eanios foram baseados no reconhecimento da necessidade de acelerar o passo para atingir os objetivos estabelecidos pela ONU com rela\u00e7\u00e3o \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, a fim de evitar suas piores consequ\u00eancias. Para isso, \u00e9 preciso reduzir \u00e0 metade a emiss\u00e3o de gases do efeito estufa at\u00e9 2030 e atingir a meta de emiss\u00f5es zero at\u00e9 2050, segundo destacado nas declara\u00e7\u00f5es pol\u00edticas que acompanham os acordos.<\/p>\n\n\n\n

Em termos pr\u00e1ticos, estes tr\u00eas acordos pretendem ajudar a acelerar a descarboniza\u00e7\u00e3o da economia desses pa\u00edses e, particularmente, limitar e reduzir o uso de carv\u00e3o como fonte energ\u00e9tica para gera\u00e7\u00e3o de eletricidade.<\/p>\n\n\n\n

Em todos os casos, os fundos colocados \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o dos pa\u00edses prov\u00eam de fontes p\u00fablicas e privadas e s\u00e3o oferecidos por diversos mecanismos, como empr\u00e9stimos em condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis, empr\u00e9stimos de mercado, subven\u00e7\u00f5es, investimentos privados e outros.<\/p>\n\n\n\n

Todos os conv\u00eanios preveem a participa\u00e7\u00e3o do setor privado. No caso da Indon\u00e9sia e do Vietn\u00e3, espera-se que a metade dos fundos venha desse setor.<\/p>\n\n\n\n

Ambos os conv\u00eanios mencionam a participa\u00e7\u00e3o da Alian\u00e7a Financeira de Glasgow para Emiss\u00f5es Zero (GFANZ, na sigla em ingl\u00eas), uma coaliz\u00e3o de institui\u00e7\u00f5es financeiras formada durante a COP26 para contribuir para a descarboniza\u00e7\u00e3o da economia.<\/p>\n\n\n\n

Os membros da GFANZ incluem grandes bancos, como o Bank of America, HSBC, Deutsche Bank, Citi, o Grupo Financeiro Mizuho, Grupo Financeiro Shinhan, Grupo SMBC, Prudential PLC, o Grupo Macquarie e o Standard Chartered, entre outros. E o acordo com o Vietn\u00e3 indica que a GFANZ ir\u00e1 coordenar os aportes do setor privado.<\/p>\n\n\n\n

Tamb\u00e9m se prev\u00ea a participa\u00e7\u00e3o de organismos multilaterais, como o Banco Mundial. Mas, paradoxalmente, embora os montantes previstos para apoiar a transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica nesses pa\u00edses possam parecer elevados, \u00e9 prov\u00e1vel que, na realidade, eles n\u00e3o sejam suficientes.<\/p>\n\n\n\n

Segundo o Plano de Investimentos para a Transi\u00e7\u00e3o Energ\u00e9tica apresentado em novembro passado pela \u00c1frica do Sul, o pa\u00eds precisar\u00e1 de cerca de US$ 98,7 bilh\u00f5es (cerca de R$ 506 bilh\u00f5es) para descarbonizar sua economia entre 2023 e 2027.<\/p>\n\n\n\n

Outra limita\u00e7\u00e3o da iniciativa \u00e9 que, aparentemente, ela s\u00f3 contempla o fornecimento de uma parte muito pequena dos fundos na forma de subven\u00e7\u00f5es. Pelo menos no caso da \u00c1frica do Sul, apenas 4% do pacote financeiro total s\u00e3o formados por subven\u00e7\u00f5es, enquanto os recursos restantes procedem de empr\u00e9stimos soberanos ou multilaterais, segundo o jornal Financial Times.<\/p>\n\n\n\n

Isso levou o governo do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa a alertar, em novembro de 2022, que a estrutura do pacote dependia muito de empr\u00e9stimos que passariam a integrar a d\u00edvida externa do pa\u00eds. De qualquer forma, vale destacar que o desembolso previsto no ATEJ tem fins espec\u00edficos e serviria mais como primeiro impulso financeiro.<\/p>\n\n\n\n

Segundo um relat\u00f3rio do think tank (centro de pesquisa e debates) Atlantic Council, com sede na capital americana, Washington, “embora o ATEJ represente uma contribui\u00e7\u00e3o financeira significativa para os objetivos clim\u00e1ticos da \u00c1frica do Sul, seu benef\u00edcio real reside nas reformas transformadoras do setor energ\u00e9tico que o governo deve promulgar para ampliar seu financiamento”.<\/p>\n\n\n\n

Retirando o carv\u00e3o da equa\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica<\/h2>\n\n\n\n

Estes acordos s\u00e3o claramente orientados \u00e0 redu\u00e7\u00e3o do consumo de carv\u00e3o pelos pa\u00edses envolvidos, especialmente para a gera\u00e7\u00e3o de eletricidade.<\/p>\n\n\n\n

“Estas associa\u00e7\u00f5es s\u00e3o uma ferramenta fundamental para desbloquear as redu\u00e7\u00f5es de emiss\u00f5es de que o mundo precisa na d\u00e9cada de 2020”, destacou o secret\u00e1rio-geral da ONU, Ant\u00f4nio Guterres. Para ele, “precisamos de todas as for\u00e7as para levar a cabo uma transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica que seja global, sustent\u00e1vel, justa, inclusiva e equitativa”.<\/p>\n\n\n\n

A \u00c1frica do Sul \u00e9 o 14\u00ba pa\u00eds que mais emite gases do efeito estufa, devido principalmente \u00e0 sua depend\u00eancia do uso de carv\u00e3o para gerar 77% da sua eletricidade, segundo a revista brit\u00e2nica The Economist.<\/p>\n\n\n\n

Espera-se que o ATEJ impe\u00e7a a emiss\u00e3o de 1 a 1,5 gigatoneladas de gases do efeito estufa pela \u00c1frica do Sul nos pr\u00f3ximos 20 anos.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 a Indon\u00e9sia \u00e9 o nono pa\u00eds que mais emite gases do efeito estufa. Ela tamb\u00e9m \u00e9 muito dependente do carv\u00e3o, que gera 66% da sua eletricidade, segundo dados do anu\u00e1rio estat\u00edstico da multinacional energ\u00e9tica BP, mencionados pela ag\u00eancia de not\u00edcias Reuters.<\/p>\n\n\n\n

No caso indon\u00e9sio, o ATEJ contempla que as emiss\u00f5es do seu setor energ\u00e9tico em 2030 n\u00e3o superem 290 milh\u00f5es de toneladas de CO2, o que representa uma redu\u00e7\u00e3o das metas anteriores, que fixavam o m\u00e1ximo de 357 milh\u00f5es de toneladas. A partir da\u00ed, as emiss\u00f5es devem continuar caindo, at\u00e9 atingir o objetivo de emiss\u00e3o zero em 2050.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, foi definido o objetivo de que, at\u00e9 2030, 34% da eletricidade da Indon\u00e9sia provenham de fontes renov\u00e1veis. \u00c9 um aumento sens\u00edvel, j\u00e1 que o n\u00edvel atual \u00e9 de apenas 6%.<\/p>\n\n\n\n

O Vietn\u00e3, por sua vez, n\u00e3o aparece na lista dos 10 pa\u00edses que mais emitem gases do efeito estufa, mas seu consumo de carv\u00e3o vem aumentando muito nos \u00faltimos anos, tendo se tornado a fonte de mais de 50% da eletricidade consumida no pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

O conv\u00eanio ATEJ assinado pelo Vietn\u00e3 estabelece uma redu\u00e7\u00e3o de 30% do n\u00edvel previsto para aumento das emiss\u00f5es do seu setor energ\u00e9tico – de 240 milh\u00f5es para 170 milh\u00f5es de toneladas de CO2 – que dever\u00e1 ocorrer em 2030, cinco anos antes do programado anteriormente.<\/p>\n\n\n\n

O pa\u00eds tamb\u00e9m dever\u00e1 reduzir sua capacidade de consumo de carv\u00e3o para 30,2 gigawatts, em rela\u00e7\u00e3o ao n\u00edvel previsto at\u00e9 aqui, de 37 gigawatts. Ao mesmo tempo, o Vietn\u00e3 dever\u00e1 tamb\u00e9m aumentar o uso de energias renov\u00e1veis para que, em 2030, elas representem 47% da sua produ\u00e7\u00e3o de eletricidade, em vez dos 36% previstos anteriormente.<\/p>\n\n\n\n

Os especialistas consideram que o Vietn\u00e3 tem um importante potencial de produ\u00e7\u00e3o de energia e\u00f3lica, gra\u00e7as ao seu litoral de mais de 3 mil quil\u00f4metros. Se o pa\u00eds cumprir com estes objetivos, estima-se que, at\u00e9 2035, ter\u00e3o sido evitados cerca de 500 milh\u00f5es de toneladas de emiss\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

A redu\u00e7\u00e3o do consumo de carv\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o central no combate ao aquecimento global. Trata-se da principal fonte de emiss\u00e3o de CO2 do mundo, segundo os n\u00fameros da Ag\u00eancia Internacional de Energia.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o surpreende, portanto, que os tr\u00eas primeiros acordos ATEJ tenham sido concretizados com pa\u00edses de alto consumo de carv\u00e3o. E, segundo anunciado, existem negocia\u00e7\u00f5es em andamento para celebrar um acordo similar com a \u00cdndia, que \u00e9 o terceiro pa\u00eds que mais emite gases do efeito estufa (atr\u00e1s apenas da China e dos Estados Unidos) e obt\u00e9m 74% da sua eletricidade a partir do carv\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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