{"id":181421,"date":"2023-01-30T17:52:46","date_gmt":"2023-01-30T20:52:46","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181421"},"modified":"2023-01-30T17:52:48","modified_gmt":"2023-01-30T20:52:48","slug":"fome-pode-gerar-crise-humanitaria-na-coreia-do-norte","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2023\/01\/30\/181421-fome-pode-gerar-crise-humanitaria-na-coreia-do-norte.html","title":{"rendered":"Fome pode gerar crise humanit\u00e1ria na Coreia do Norte"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Pyongyang coloca ambi\u00e7\u00f5es militares e nucleares acima da produ\u00e7\u00e3o de alimentos. Com exterior diminuindo drasticamente a ajuda humanit\u00e1ria, pa\u00eds caminha para desastre semelhante \u00e0 fome de quatro anos da d\u00e9cada de 1990.<\/p>\n\n\n\n

A Coreia do Norte atravessa atualmente por uma terr\u00edvel crise alimentar. Analistas alertam que a situa\u00e7\u00e3o pode deteriorar e transformar-se num desastre humanit\u00e1rio semelhante ao visto durante a fome de quatro anos em meados da d\u00e9cada de 1990, que causou milh\u00f5es de mortes \u2013 epis\u00f3dio denominado pelo regime norte-coreano como “Marcha \u00c1rdua”.<\/p>\n\n\n\n

Os pre\u00e7os dos g\u00eaneros b\u00e1sicos est\u00e3o subindo na Coreia do Norte \u00e0 medida que se tornam cada vez mais escassos nos mercados do pa\u00eds, de acordo com a an\u00e1lise de uma s\u00e9rie de estat\u00edsticas por especialistas do The Stimson Center, um think tank de rela\u00e7\u00f5es exteriores com sede em Washington.<\/p>\n\n\n\n

Embora a Coreia do Norte j\u00e1 tenha sofrido escassez de alimentos no passado, desta vem a situa\u00e7\u00e3o possivelmente \u00e9 mais grave, devido \u00e0 resposta do governo de Pyongyang ao surto de coronav\u00edrus na vizinha China no in\u00edcio de 2020, que incluiu o fechamento de suas fronteiras e a suspens\u00e3o de praticamente todas as importa\u00e7\u00f5es, tamb\u00e9m de alimentos e medicamentos. <\/p>\n\n\n\n

Para tornar ainda mais aguda a situa\u00e7\u00e3o j\u00e1 cr\u00edtica, as na\u00e7\u00f5es que nos \u00faltimos anos haviam fornecido\u00a0ajudas milion\u00e1rias \u00e0 Coreia do Norte cortaram a assist\u00eancia em resposta ao aumento da\u00a0beliger\u00e2ncia do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Em 2022\u00a0Pyongyang intensificou a ret\u00f3rica contra seus supostos inimigos, continuou o desenvolvimento de ogivas nucleares e disparou cerca de 80 m\u00edsseis, incluindo v\u00e1rios de longo alcance, que\u00a0chegaram ao\u00a0territ\u00f3rio japon\u00eas.\u00a0\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Fam\u00edlias morrendo de fome<\/h2>\n\n\n\n

Apesar de n\u00e3o ser poss\u00edvel obter uma imagem clara da situa\u00e7\u00e3o na Coreia do Norte devido ao firme controle que o governo exerce sobre a imprensa e o povo, h\u00e1 relatos na m\u00eddia dissidente de fam\u00edlias morrendo de fome. <\/p>\n\n\n\n

Uma reportagem publicada pelo Daily NK,<\/em> com sede em Seul, em 9 de janeiro, afirma que uma m\u00e3e e o filho adolescente foram encontrados mortos em casa na cidade de Hyesan em meados de dezembro. N\u00e3o havia comida e nem combust\u00edvel para manter o lar aquecido nas temperaturas abaixo de zero grau cent\u00edgrado. O jornal usa telefones celulares para se comunicar com uma rede de contatos na Coreia do Norte.  <\/p>\n\n\n\n

De acordo com o site de an\u00e1lise da Coreia do Norte 38 Nort<\/em>h, administrado pelo Stimson Center, “os dados de quantidade e pre\u00e7o apontam para uma situa\u00e7\u00e3o de deteriora\u00e7\u00e3o, agravada pela escolha do regime de se autoisolar em rea\u00e7\u00e3o \u00e0 pandemia de covid-19 “. <\/p>\n\n\n\n

Marcus Noland, vice-presidente executivo do Peterson Institute for International Economics e colaborador do relat\u00f3rio, apontou que estimativas de ag\u00eancias como o Programa Mundial de Alimentos sugerem que a Coreia do Norte teve um d\u00e9ficit de 1,5 milh\u00e3o de toneladas m\u00e9tricas de alimentos no pico da \u00c1rdua Marcha, enquanto sua colheita mais recente ficou cerca de 500 mil toneladas aqu\u00e9m.  <\/p>\n\n\n\n

“Est\u00e1 claro que as coisas est\u00e3o ruins, mas neste momento n\u00e3o estamos falando de outra ‘grande fome'”, disse Noland \u00e0 DW. Por outro lado, ele admite: h\u00e1 poucos ind\u00edcios de que a situa\u00e7\u00e3o alimentar do pa\u00eds asi\u00e1tico v\u00e1 melhorar em breve.<\/p>\n\n\n\n

“O governo norte-coreano \u00e9 completamente irrespons\u00e1vel e prioriza outras coisas anres de seus cidad\u00e3os n\u00e3o pertencentes \u00e0 elite, come\u00e7ando pelos militares: s\u00e3o\u00a0armas nucleares, sistemas de m\u00edsseis e as For\u00e7as Armadas em geral. Ent\u00e3o as reformas necess\u00e1rias para alimentar o povo n\u00e3o s\u00e3o realizadas, porque a prioridade \u00e9 preservar a estabilidade.\u00a0E a posi\u00e7\u00e3o deles \u00e9 que, se o povo\u00a0passa\u00a0fome e morre, \u00e9 simples ‘pena’.”<\/p>\n\n\n\n

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Coreia do Norte \u00e9 incapaz de produzir alimentos suficientes para sustentar o pr\u00f3prio povo<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ressaca da crise dos anos 1990 <\/h2>\n\n\n\n

A situa\u00e7\u00e3o alimentar da Coreia do Norte nunca se recuperou completamente da fome de meados da d\u00e9cada de 1990, causada por uma combina\u00e7\u00e3o de m\u00e1 administra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica, colapso dos sistemas de distribui\u00e7\u00e3o de alimentos, uma s\u00e9rie de secas e inunda\u00e7\u00f5es e a crise econ\u00f4mica na R\u00fassia, que havia sido um apoiador-chave.<\/p>\n\n\n\n

Esses fatores subjacentes foram exacerbados pelo fracasso em aumentar a produtividade na agricultura dom\u00e9stica, agravada pelas novas san\u00e7\u00f5es das Na\u00e7\u00f5es Unidas impostas em 2018 ap\u00f3s uma s\u00e9rie de testes nucleares e lan\u00e7amentos de m\u00edsseis bal\u00edsticos intercontinentais, aponta Noland.  <\/p>\n\n\n\n

“Anteriormente, as san\u00e7\u00f5es do Conselho de Seguran\u00e7a da ONU se concentravam no sistema militar, mas foi extensamente ampliado para incluir as importa\u00e7\u00f5es de bens de luxo e a maioria das exporta\u00e7\u00f5es norte-coreanas, como t\u00eaxteis e vestu\u00e1rio”, relata Noland. “Foi uma mudan\u00e7a qualitativa no regime de san\u00e7\u00f5es.” <\/p>\n\n\n\n

A decis\u00e3o de Pyongyang de se isolar, com o in\u00edcio da pandemia, agravou ainda mais a situa\u00e7\u00e3o, interrompendo, por exemplo, o fornecimento de importa\u00e7\u00f5es de fertilizantes. Al\u00e9m disso a Coreia do Norte tampouco ficou imune ao aumento dos pre\u00e7os globais de energia. resultaante da invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia pela R\u00fassia.  <\/p>\n\n\n\n

Park Jung-won, professor de direito internacional da Universidade Dankook da Coreia do Sul, diz que h\u00e1 evid\u00eancias claras de “fadiga dos doadores” em pa\u00edses que j\u00e1 haviam intervindo anteriormente com assist\u00eancia humanit\u00e1ria.  <\/p>\n\n\n\n

“Esses governos veem as constantes provoca\u00e7\u00f5es do Norte no \u00faltimo ano e se questionam por que isso est\u00e1 acontecendo e por que deveriam continuar fornecendo assist\u00eancia. \u00c9 um pa\u00eds pobre que escolhe gastar dinheiro em mais m\u00edsseis e armas nucleares que p\u00f5em em risco a seguran\u00e7a internacional, e eles est\u00e3o gradualmente concluindo que n\u00e3o podem justificar seu apoio anterior.”  <\/p>\n\n\n\n

De acordo com o Escrit\u00f3rio da ONU para a Coordena\u00e7\u00e3o de Assuntos Humanit\u00e1rios, em 2022 os diversos governos nacionais entregaram \u00e0s ag\u00eancias de ajuda 2,3 milh\u00f5es de d\u00f3lares, uma queda dram\u00e1tica em rela\u00e7\u00e3o aos 14 milh\u00f5es do ano anterior. A Su\u00ed\u00e7a foi a maior doadora individual, fornecendo 1,6 milh\u00e3o de d\u00f3lares atrav\u00e9s do Fundo das Na\u00e7\u00f5es Unidas para a Inf\u00e2ncia (Unicef) e da organiza\u00e7\u00e3o Coopera\u00e7\u00e3o Su\u00ed\u00e7a para o Desenvolvimento.  <\/p>\n\n\n\n

V\u00e1rios pa\u00edses \u2013 incluindo\u00a0Alemanha, Fran\u00e7a, Finl\u00e2ndia e Canad\u00e1 \u2013 liberaram\u00a0em 2021 verbas para apoiar a assist\u00eancia humanit\u00e1ria na Coreia do Norte, mas n\u00e3o em 2022.\u00a0\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Noland ressalta que, embora a situa\u00e7\u00e3o pare\u00e7a est\u00e1vel no momento, isso \u00e9 algo que normalmente ocorre at\u00e9 que a colheita do ano anterior termine.  <\/p>\n\n\n\n

“No momento\u00a0as coisas parecem relativamente bem e os pre\u00e7os n\u00e3o est\u00e3o mais subindo, mas os problemas tendem a se manifestar no fim de abril e maio, quando os suprimentos diminuem. Ent\u00e3o a crise voltar\u00e1 nesses meses de escassez.”\u00a0E, questionado se outra “Marcha \u00c1rdua\u201d est\u00e1 despontando, Noland conclui: “\u00c9 definitivamente poss\u00edvel\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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