{"id":181469,"date":"2023-02-08T21:08:04","date_gmt":"2023-02-09T00:08:04","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181469"},"modified":"2023-02-08T21:08:07","modified_gmt":"2023-02-09T00:08:07","slug":"os-riscos-a-saude-causados-pelo-uso-de-mercurio-no-garimpo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2023\/02\/08\/181469-os-riscos-a-saude-causados-pelo-uso-de-mercurio-no-garimpo.html","title":{"rendered":"Os riscos \u00e0 sa\u00fade causados pelo uso de merc\u00fario no garimpo"},"content":{"rendered":"\n
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No garimpo, merc\u00fario geralmente \u00e9 utilizado para separa\u00e7\u00e3o do ouro – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os garimpos ilegais, que usam merc\u00fario em excesso para viabilizar a separa\u00e7\u00e3o do ouro dos demais sedimentos, causam a contamina\u00e7\u00e3o dos peixes, a morte dos rios, a remo\u00e7\u00e3o da cobertura vegetal e, consequentemente, a fuga dos animais.<\/p>\n\n\n\n

Tudo isso \u00e9 refletido, segundo especialistas, em mis\u00e9ria e diversas doen\u00e7as que assolam popula\u00e7\u00f5es das regi\u00f5es afetadas.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 o que tem ocorrido com os\u00a0habitantes da Terra Ind\u00edgena Yanomami, que fica entre os estados de Roraima e do Amazonas.<\/p>\n\n\n\n

A situa\u00e7\u00e3o de calamidade p\u00fablica e descaso que aflige esse povo ganhou destaque mundial no in\u00edcio deste ano ao ser revelada ap\u00f3s uma viagem de autoridades do governo federal.<\/p>\n\n\n\n

Imagens de mulheres e crian\u00e7as em\u00a0extrema desnutri\u00e7\u00e3o\u00a0e assoladas por doen\u00e7as como mal\u00e1ria e\u00a0tung\u00edase\u00a0(conhecida popularmente como ‘bicho de p\u00e9’) ganharam destaque.<\/p>\n\n\n\n

Quando o metilmerc\u00fario e o vapor do merc\u00fario entram no corpo, por meio do consumo de peixes contaminados ou respirando o vapor do merc\u00fario, afeta o funcionamento do sistema nervoso e do c\u00e9rebro,\u00a0segundo especialistas.\u00a0Efeitos podem incluir fraqueza, dificuldade para estudar, cansa\u00e7o, dificuldade para se locomover, problemas na vis\u00e3o e na audi\u00e7\u00e3o. Entenda a seguir.<\/p>\n\n\n\n

O merc\u00fario em terras ind\u00edgenas<\/h2>\n\n\n\n

O merc\u00fario \u00e9 um metal que faz parte da constitui\u00e7\u00e3o da Terra \u2014 um elemento natural encontrado nos rios, solo, \u00e1gua e at\u00e9 no ar.<\/p>\n\n\n\n

Seu uso na ind\u00fastria \u00e9 permitido \u2014 e at\u00e9 nos garimpos de ouro, desde que seja autorizado pela Ag\u00eancia Nacional de Minera\u00e7\u00e3o (ANM).<\/p>\n\n\n\n

\u201cEle \u00e9 um composto legalizado, regulamentado e monitorado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov\u00e1veis (Ibama) e pelos demais \u00f3rg\u00e3os competentes\u201d, explica Ana Claudia Santiago de Vasconcellos, doutora em sa\u00fade p\u00fablica e pesquisadora da Escola Polit\u00e9cnica de Sa\u00fade Joaquim Ven\u00e2ncio, da Funda\u00e7\u00e3o Oswaldo Cruz (EPSJV\/Fiocruz).<\/p>\n\n\n\n

Em geral, as concentra\u00e7\u00f5es do merc\u00fario na natureza s\u00e3o baixas.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, em algumas atividades, a utiliza\u00e7\u00e3o de quantidades mais elevadas da subst\u00e2ncia pode representar problemas.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, o merc\u00fario \u00e9 utilizado, h\u00e1 d\u00e9cadas, por garimpeiros para extra\u00e7\u00e3o de ouro em terras ind\u00edgenas.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO que estamos vendo nas terras ind\u00edgenas Yanomami \u00e9 ilegal, porque a Constitui\u00e7\u00e3o Federal diz que n\u00e3o pode ter garimpo de ouro, com merc\u00fario ou sem merc\u00fario, em terra ind\u00edgena e nem em nenhuma unidade de conserva\u00e7\u00e3o ambiental\u201d, diz Vasconcellos, que tamb\u00e9m \u00e9 coordenadora de projetos de pesquisa na \u00e1rea da sa\u00fade ind\u00edgena, especialista em exposi\u00e7\u00e3o humana a contaminantes qu\u00edmicos e impacto do garimpo de ouro na Amaz\u00f4nia.<\/p>\n\n\n\n

Na pr\u00e1tica, segundo ela, esses garimpos s\u00e3o instalados sem regulamenta\u00e7\u00e3o e n\u00e3o existe \u00f3rg\u00e3o ambiental que monitore ativamente o uso do merc\u00fario \u2014 respons\u00e1vel por uma s\u00e9rie de impactos sanit\u00e1rios, ambientais, socioculturais e econ\u00f4micos sobre as comunidades.<\/p>\n\n\n\n

Como o merc\u00fario atinge a popula\u00e7\u00e3o?<\/h2>\n\n\n\n

No caso da extra\u00e7\u00e3o nos rios da Amaz\u00f4nia, por exemplo, o ouro est\u00e1 no ambiente em forma de part\u00edculas muito pequenas.<\/p>\n\n\n\n

O merc\u00fario met\u00e1lico, nesse caso, \u00e9 usado para uni-las, formando um am\u00e1lgama (liga met\u00e1lica) com o ouro, viabilizando a sua separa\u00e7\u00e3o de outros componentes. Mas, para que isso ocorra, h\u00e1 uma altera\u00e7\u00e3o qu\u00edmica.<\/p>\n\n\n\n

Quando o merc\u00fario atinge os rios, ele se transforma em metilmerc\u00fario, um contaminante altamente t\u00f3xico, cujos poluentes acabam disseminados em altas quantidades, que se espalham rapidamente atrav\u00e9s da correnteza.<\/p>\n\n\n\n

No garimpo ilegal, o merc\u00fario tamb\u00e9m contamina a atmosfera, j\u00e1 que para separar o ouro, \u00e9 comum que o am\u00e1lgama seja queimado sem utilizar um sistema de controle ambiental. Com o calor, o metal se torna vapor e se alastra pelo ar. Por isso, o merc\u00fario \u00e9 um poluente global.<\/p>\n\n\n\n

Todas essas atividades que utilizam o merc\u00fario como subproduto se transformam em um perigo para os seres vivos, principalmente para os peixes, que incorporam essa subst\u00e2ncia t\u00f3xica e transmitem aos humanos, como j\u00e1\u00a0apontaram alguns estudos.<\/p>\n\n\n\n

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O chamado merc\u00fario met\u00e1lico usado nos garimpos ilegais, em contato com a \u00e1gua, por exemplo, passa por transforma\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas e se transforma em metilmerc\u00fario, uma subst\u00e2ncia altamente t\u00f3xica – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Muitos animais selvagens tamb\u00e9m fogem da regi\u00e3o para escapar da atividade garimpeira. Outros morrem ou s\u00e3o ca\u00e7ados pelos garimpeiros, deixando a popula\u00e7\u00e3o ind\u00edgena sem ter o que colocar na mesa.<\/p>\n\n\n\n

Para se ter ideia do problema,\u00a0um estudo realizado pela Fiocruz, em 2019, na popula\u00e7\u00e3o ind\u00edgena Yanomami, constatou a presen\u00e7a de merc\u00fario em 56% das mulheres e crian\u00e7as da regi\u00e3o de Maturac\u00e1, no Amazonas.<\/p>\n\n\n\n

As 272 amostras de cabelo analisadas superaram o limite de 2 microgramas de merc\u00fario por grama de cabelo tolerado pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS).<\/p>\n\n\n\n

Outro trabalho coordenado pela Fiocruz\u00a0em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), tamb\u00e9m realizado na reserva Yanomami (RR), mostrou que, em algumas aldeias ind\u00edgenas, 92% das pessoas estavam contaminadas por merc\u00fario.<\/p>\n\n\n\n

O \u00edndice, considerado alt\u00edssimo por especialistas, \u00e9 resultado direto da contamina\u00e7\u00e3o ambiental causada por milhares de garimpos ilegais que exploram o solo \u00e0 procura de ouro naquela regi\u00e3o, utilizando como base o merc\u00fario. Outros povos tamb\u00e9m s\u00e3o afetados, segundo os especialistas.<\/p>\n\n\n\n

A Fiocruz fez uma nova pesquisa no \u00faltimo trimestre de 2022 a ser publicada em mar\u00e7o, e os resultados apontam que, na regi\u00e3o onde vive um subgrupo dos Yanomami o problema continua: rios comprometidos com o excesso de merc\u00fario, \u00e1guas altamente turvas e baixa disponibilidade de peixe, alimento essencial para o povo.<\/p>\n\n\n\n

Ap\u00f3s v\u00e1rios alertas feitos ao governo brasileiro sobre a grave situa\u00e7\u00e3o humanit\u00e1ria enfrentada pelos ind\u00edgenas yanomami que vivem em comunidades no norte do Brasil,\u00a0“as medidas tomadas foram claramente insuficientes”, segundo o representante na Am\u00e9rica do Sul do Escrit\u00f3rio do Alto Comissariado das Na\u00e7\u00f5es Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Jan Jarab.<\/p>\n\n\n\n

Quais os riscos do merc\u00fario para a sa\u00fade?<\/h2>\n\n\n\n

As ag\u00eancias de sa\u00fade divergem um pouco em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 recomenda\u00e7\u00e3o de doses mercuriais consideradas \u201caceit\u00e1veis\u201d para n\u00e3o provocar riscos para a sa\u00fade. A EPA, ag\u00eancia de prote\u00e7\u00e3o ambiental norte-americana, por exemplo, preconiza uma dose m\u00e1xima de ingest\u00e3o de 0,1 micrograma de merc\u00fario por quilo corporal\/dia.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) indica que o limite de ingest\u00e3o de alimentos que tenham esse componente \u00e9 de no m\u00e1ximo 0,23 micrograma por peso corporal\/dia, para mulheres e crian\u00e7as, e 0,45 para homens adultos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cOs povos da Amaz\u00f4nia ingerem dez vezes mais que esse limite\u201d, afirma Vasconcellos, da Fiocruz.<\/p>\n\n\n\n

Em geral, quando ocorre a ingest\u00e3o considerada excessiva do metal, os riscos para a sa\u00fade s\u00e3o v\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n

\u201cO metilmerc\u00fario tem um alvo espec\u00edfico, que \u00e9 o sistema nervoso central. Ent\u00e3o, quando a gente come um peixe contaminado, o merc\u00fario \u00e9 absorvido, cai na corrente sangu\u00ednea e chega at\u00e9 o c\u00e9rebro, onde pode prejudicar a audi\u00e7\u00e3o, coordena\u00e7\u00e3o motora, intelig\u00eancia, al\u00e9m de causar o desenvolvimento de problemas como depress\u00e3o e ins\u00f4nia\u201d, alerta Vasconcellos.<\/p>\n\n\n\n

Segundo os especialistas, essas les\u00f5es no c\u00e9rebro causadas pela contamina\u00e7\u00e3o s\u00e3o irrevers\u00edveis. No entanto, quando um adulto \u00e9 exposto ao metilmerc\u00fario, os danos costumam ser menores e mais espa\u00e7ados. Isso significa que, em um c\u00e9rebro adulto, os sintomas podem ser mais sutis ao longo da vida.<\/p>\n\n\n\n

Gr\u00e1vidas e beb\u00eas<\/h2>\n\n\n\n

O excesso desse composto no corpo tamb\u00e9m pode gerar problemas card\u00edacos e \u00e9 extremamente perigoso para gestantes, j\u00e1 que al\u00e9m de ela mesma ser contaminada, o feto tamb\u00e9m \u00e9 atingido.<\/p>\n\n\n\n

\u201cE ele \u00e9 muito mais vulner\u00e1vel aos efeitos do metilmerc\u00fario do que o c\u00e9rebro adulto. Por isso, acredita-se que algumas crian\u00e7as nas\u00e7am com graves problemas cognitivos\u201d, diz a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

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\u00c9 proibido a extra\u00e7\u00e3o de ouro em terras ind\u00edgenas e em reservas ambientais, portanto, nesses casos, toda forma de garimpo \u00e9 ilegal – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

\u201cS\u00e3o crian\u00e7as que t\u00eam dificuldade de aprendizado, demoram para aprender a falar, sentar\u201d, destaca a coordenadora de projetos de pesquisa na \u00e1rea da sa\u00fade ind\u00edgena, dizendo que j\u00e1 foram feitas den\u00fancias de crian\u00e7as que est\u00e3o nascendo com paralisia cerebral em algumas regi\u00f5es da Amaz\u00f4nia, justamente pela exposi\u00e7\u00e3o ao metilmerc\u00fario.<\/p>\n\n\n\n

\u201cIsso \u00e9 uma suspeita forte, mas a gente n\u00e3o tem certeza absoluta. O fato \u00e9 que a paralisia cerebral tem aumentado no mesmo ritmo que as expans\u00f5es de garimpos ilegais\u201d.<\/p>\n\n\n\n

\u201cPessoas que vivem na Amaz\u00f4nia s\u00e3o expostas cronicamente a baixas doses de merc\u00fario, mas, diariamente, por toda a vida. \u00c9 diferente de uma exposi\u00e7\u00e3o aguda, por exemplo, que atinge o trabalhador de uma f\u00e1brica\u201d, esclarece a pesquisadora da Fiocruz.<\/p>\n\n\n\n

Como diminuir a contamina\u00e7\u00e3o por merc\u00fario?<\/h2>\n\n\n\n

Vasconcellos diz que \u201ca solu\u00e7\u00e3o \u00e9 acabar com a atividade garimpeira, principalmente, em terras ind\u00edgenas e em unidades de conserva\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A estimativa \u00e9 de que demore 100 anos para que o metal disseminado no meio ambiente seja eliminado, levando em conta que s\u00e3o poluentes de alta persist\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Existe a possibilidade de garimpeiros, assim como grandes mineradores, usarem cianeto, em vez de merc\u00fario, mas ele tamb\u00e9m \u00e9 nocivo \u00e0 sa\u00fade. E a forma do ouro explorado pelas empresas legalizadas \u00e9 diferente dos garimpos legais e ilegais.<\/p>\n\n\n\n

Para Zuleica Castilhos, doutora em geoqu\u00edmica ambiental, p\u00f3s-doutora em sa\u00fade p\u00fablica pela Fiocruz, pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral, do Minist\u00e9rio de Ci\u00eancia Tecnologia e Inova\u00e7\u00e3o (CETEM\/MCTI), um garimpo \u201climpo\u201d vai muito al\u00e9m da substitui\u00e7\u00e3o do merc\u00fario nos processos.<\/p>\n\n\n\n

\u201cUm garimpo, para ser chamado de limpo, precisa observar muitas outras coisas, como o respeito aos direitos humanos, direitos trabalhistas, a quest\u00e3o de g\u00eanero. E estamos longe de chegar l\u00e1, mesmo na legalidade, quem dir\u00e1 na ilegalidade\u201d, opina a especialista, que tamb\u00e9m \u00e9 l\u00edder do grupo de pesquisas “Avalia\u00e7\u00e3o Ecossist\u00eamica de Riscos Ambiental e \u00e0 Sa\u00fade Humana em Territ\u00f3rios com Minera\u00e7\u00e3o”, al\u00e9m de respons\u00e1vel pelo Laborat\u00f3rio de Especia\u00e7\u00e3o de Merc\u00fario Ambiental.<\/p>\n\n\n\n

Mesmo assim, segundo Castilhos, seria poss\u00edvel melhorar os garimpos em termos de tecnologia que substituiriam o merc\u00fario.<\/p>\n\n\n\n

\u201cMas, nesse caso, n\u00e3o estamos falando de um garimpo adequado, mas sim de uma substitui\u00e7\u00e3o, esquecendo todos os outros aspectos\u201d, comenta a especialista, que coordenou, em 2018,\u00a0a pesquisa “Invent\u00e1rio Nacional de Emiss\u00f5es e Libera\u00e7\u00f5es de Merc\u00fario no \u00c2mbito da Minera\u00e7\u00e3o Artesanal e de Pequena Escala de Ouro no Brasil”, cujo objetivo geral foi estimar os quantitativos de merc\u00fario emitidos para a atmosfera e liberados para solos e \u00e1guas pela atividade de minera\u00e7\u00e3o artesanal e de pequena escala de ouro.<\/p>\n\n\n\n

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Especialistas defendem que a culpa da trag\u00e9dia que assola o povo Yanomami, entre outros, n\u00e3o \u00e9 do garimpeiro trabalhador, mas, sim, dos grandes empres\u00e1rios que est\u00e3o por tr\u00e1s do com\u00e9rcio de ouro obtido atrav\u00e9s dos garimpos ilegais – GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A pesquisadora acredita que, no Brasil, n\u00e3o h\u00e1 hoje no garimpo uma subst\u00e2ncia que substitua o merc\u00fario em termos de facilidade, agilidade e, principalmente, custo-benef\u00edcio.<\/p>\n\n\n\n

Segundo ela, em v\u00e1rios pa\u00edses, incluindo o Brasil, est\u00e3o sendo feitas pesquisas com vegetais (extratos de plantas, como a pau-de-balsa encontrada na Floresta Amaz\u00f4nica), mas o processo ainda est\u00e1 em fase experimental.<\/p>\n\n\n\n

Alguns garimpos trabalham de forma legalizada, fora das terras ind\u00edgenas, e tentam aprimorar o uso do merc\u00fario, mas, segundo a pesquisadora, em muitos casos falta treinamento adequado de profissionais.<\/p>\n\n\n\n

\u201cE, muitas vezes, nem as pessoas sabem que aqueles teores est\u00e3o aumentados. Quando fomos a campo e fizemos esses levantamentos em tempo real, ficamos admiradas com os valores altos do merc\u00fario na atmosfera, e as pessoas at\u00e9 estavam utilizando equipamentos de prote\u00e7\u00e3o ambiental, mas n\u00e3o adianta, se [os processos] n\u00e3o forem bem-feitos\u201d, argumenta Castilhos.<\/p>\n\n\n\n

Um dos obst\u00e1culos encontrados para resolver o problema \u00e9 a subnotifica\u00e7\u00e3o dos casos de intoxica\u00e7\u00e3o por merc\u00fario, segundo os especialistas, que defendem como prioridade um sistema eficaz de notifica\u00e7\u00e3o de intoxica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

\u201cEsses dados deveriam ser incorporados a um sistema de informa\u00e7\u00e3o. Mas isso n\u00e3o acontece, e \u00e9 ruim, porque tira a visibilidade do problema. Imagina se os casos de covid n\u00e3o fossem notificados. Ser\u00e1 que ter\u00edamos vacina?\u201d, questiona Vasconcellos.<\/p>\n\n\n\n

Para a especialista, \u00e9 preciso que seja elaborada uma pol\u00edtica p\u00fablica eficaz, cuja solu\u00e7\u00e3o est\u00e1 longe de ser imediata.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"