{"id":181489,"date":"2023-02-09T21:31:14","date_gmt":"2023-02-10T00:31:14","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181489"},"modified":"2023-02-09T21:31:20","modified_gmt":"2023-02-10T00:31:20","slug":"por-que-voce-provavelmente-esta-comendo-plastico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2023\/02\/09\/181489-por-que-voce-provavelmente-esta-comendo-plastico.html","title":{"rendered":"Por que voc\u00ea provavelmente est\u00e1 comendo pl\u00e1stico"},"content":{"rendered":"\n
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Os tub\u00e9rculos aparentemente absorvem mais micropl\u00e1sticos do que frutas, legumes e verduras – NAILIA SCHWARZ\/ALAMY<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A polui\u00e7\u00e3o causada pelo pl\u00e1stico \u00e9 uma das consequ\u00eancias do nosso modo de vida moderno \u2013 mas, agora, ela j\u00e1 est\u00e1 afetando as frutas, legumes e verduras que fazem parte da nossa alimenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O micropl\u00e1stico j\u00e1 se infiltrou em todas as partes do planeta.<\/p>\n\n\n\n

Ele j\u00e1 foi encontrado no gelo mar\u00edtimo da Ant\u00e1rtida, nos intestinos de animais marinhos que habitam as fossas mais profundas dos oceanos e na \u00e1gua pot\u00e1vel em todo o mundo.<\/p>\n\n\n\n

A polui\u00e7\u00e3o causada pelo pl\u00e1stico tamb\u00e9m foi encontrada em praias de ilhas remotas e desabitadas e aparece em amostras de \u00e1gua do mar de todo o planeta.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo estimou que existem cerca de 24,4 trilh\u00f5es de fragmentos de micropl\u00e1stico nas camadas superiores de \u00e1gua dos oceanos da Terra.<\/p>\n\n\n\n

Mas eles n\u00e3o s\u00e3o onipresentes apenas na \u00e1gua. Eles se espalharam totalmente pelo solo e podem at\u00e9 acabar nos alimentos que ingerimos. Ou seja, a cada garfada das nossas refei\u00e7\u00f5es, podemos estar inadvertidamente consumindo min\u00fasculos fragmentos de pl\u00e1stico.<\/p>\n\n\n\n

Em 2022, uma an\u00e1lise do Environmental Working Group \u2013 uma organiza\u00e7\u00e3o ambiental sem fins lucrativos \u2013 concluiu que o lodo de esgoto contaminou cerca de 81 mil km\u00b2 de terras agr\u00edcolas nos Estados Unidos com subst\u00e2ncias per e polifluoroalquila (PFAS), tamb\u00e9m conhecidas como “poluentes org\u00e2nicos persistentes”.<\/p>\n\n\n\n

Estes poluentes s\u00e3o frequentemente encontrados em produtos pl\u00e1sticos e n\u00e3o se decomp\u00f5em sob condi\u00e7\u00f5es ambientais normais.<\/p>\n\n\n\n

O lodo de esgoto \u00e9 o subproduto da limpeza da \u00e1gua servida dos munic\u00edpios. Como seu descarte \u00e9 caro e ele \u00e9 rico em nutrientes, o lodo normalmente \u00e9 utilizado como fertilizante org\u00e2nico nos Estados Unidos e na Europa.<\/p>\n\n\n\n

No continente europeu, isso se deve, em parte, \u00e0s normas da Uni\u00e3o Europeia para promover a economia circular na gest\u00e3o de res\u00edduos. Estima-se que 8-10 milh\u00f5es de toneladas de lodo de esgoto sejam produzidas na Europa anualmente e cerca de 40% dessa quantidade \u00e9 aplicada em terras agr\u00edcolas.<\/p>\n\n\n\n

Esta pr\u00e1tica pode ter feito com que as terras agr\u00edcolas europeias se tornassem o maior reservat\u00f3rio global de micropl\u00e1sticos, segundo um estudo de pesquisadores da Universidade de Cardiff, no Reino Unido. Cerca de 31 a 42 mil toneladas de micropl\u00e1sticos \u2013 correspondentes a 86 a 710 trilh\u00f5es de part\u00edculas de micropl\u00e1sticos \u2013 contaminam as terras agr\u00edcolas da Europa todos os anos.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores conclu\u00edram que at\u00e9 650 milh\u00f5es de part\u00edculas de micropl\u00e1sticos, medindo de 1 a 5 mm, entram em uma instala\u00e7\u00e3o de tratamento de esgoto no sul do Pa\u00eds de Gales todos os anos.<\/p>\n\n\n\n

Essas part\u00edculas acabam no lodo de esgoto, compondo cerca de 1% do seu peso total, em vez de serem liberadas com a \u00e1gua limpa.<\/p>\n\n\n\n

A quantidade de micropl\u00e1sticos que acaba em terras agr\u00edcolas \u201cprovavelmente \u00e9 subestimada\u201d, segundo Catherine Wilson, uma das autoras do estudo e vice-diretora do Centro de Pesquisas Hidroambientais da Universidade de Cardiff.<\/p>\n\n\n\n

Ela afirma que “os micropl\u00e1sticos est\u00e3o em toda parte e [muitas vezes] s\u00e3o t\u00e3o min\u00fasculos que n\u00e3o conseguimos v\u00ea-los”.<\/p>\n\n\n\n

E os micropl\u00e1sticos tamb\u00e9m podem permanecer ali por muito tempo.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo recente de cientistas do solo da Universidade Philipps de Marburgo, na Alemanha, encontrou micropl\u00e1sticos at\u00e9 90 cm abaixo da superf\u00edcie em dois campos de produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola onde lodo de esgoto havia sido aplicado 34 anos antes.<\/p>\n\n\n\n

E o uso de arado tamb\u00e9m fez com que o pl\u00e1stico se espalhasse para \u00e1reas onde o lodo n\u00e3o havia sido aplicado.<\/p>\n\n\n\n

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A aplica\u00e7\u00e3o de lodo de esgoto ou bioss\u00f3lidos aos campos agr\u00edcolas \u00e9 uma pr\u00e1tica comum em muitas partes do mundo – RJ SANGOSTI\/THE DENVER POST\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A concentra\u00e7\u00e3o de micropl\u00e1sticos no solo de \u00e1reas agr\u00edcolas na Europa \u00e9 similar \u00e0 quantidade encontrada nas \u00e1guas da superf\u00edcie dos oceanos, segundo James Lofty, o principal autor do estudo de Cardiff e estudante de pesquisa em PhD do Centro de Pesquisas Hidroambientais.<\/p>\n\n\n\n

O Reino Unido det\u00e9m algumas das maiores concentra\u00e7\u00f5es de micropl\u00e1sticos da Europa, com 500 a 1 mil part\u00edculas de micropl\u00e1stico sendo espalhadas em terras agr\u00edcolas todos os anos, segundo a pesquisa de Wilson e Lofty.<\/p>\n\n\n\n

Lofty acrescenta que, al\u00e9m de criar um grande reservat\u00f3rio de micropl\u00e1sticos em terra, a pr\u00e1tica do uso de lodo de esgoto como fertilizante tamb\u00e9m exacerba a crise do pl\u00e1stico nos nossos oceanos.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 medida que a chuva carrega a camada superior do solo para os rios ou causa sua infiltra\u00e7\u00e3o no len\u00e7ol fre\u00e1tico, os micropl\u00e1sticos, em algum momento, acabam atingindo os cursos d\u2019\u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

“A principal fonte de contamina\u00e7\u00e3o [de pl\u00e1stico] nos nossos rios e oceanos vem do escoamento [da \u00e1gua]”, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

Outro estudo, de pesquisadores de Ont\u00e1rio, no Canad\u00e1, concluiu que 99% dos micropl\u00e1sticos foram transportados do local onde o lodo foi depositado inicialmente para ambientes aqu\u00e1ticos.<\/p>\n\n\n\n

Contamina\u00e7\u00e3o ambiental<\/h2>\n\n\n\n

Antes de serem levados pela \u00e1gua, os micropl\u00e1sticos podem deixar subst\u00e2ncias t\u00f3xicas no solo.<\/p>\n\n\n\n

Eles s\u00e3o feitos de subst\u00e2ncias potencialmente prejudiciais que podem ser liberadas para o meio ambiente \u00e0 medida que se decomp\u00f5em e tamb\u00e9m podem absorver outras subst\u00e2ncias t\u00f3xicas, essencialmente permitindo que elas peguem carona para as terras agr\u00edcolas, onde podem ser absorvidas pelo solo, segundo Lofty.<\/p>\n\n\n\n

Um relat\u00f3rio da Ag\u00eancia Ambiental do Reino Unido, revelado pelo grupo ativista ambiental Greenpeace, concluiu que o lodo de esgoto destinado \u00e0s terras agr\u00edcolas inglesas estava contaminado com poluentes, incluindo dioxinas e hidrocarbonetos arom\u00e1ticos polic\u00edclicos, em “n\u00edveis que podem apresentar risco para a sa\u00fade humana”.<\/p>\n\n\n\n

Em 2020, outro experimento, realizado pela agr\u00f4noma Mary Beth Kirkham, da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, concluiu que o pl\u00e1stico serve de vetor para a absor\u00e7\u00e3o de subst\u00e2ncias t\u00f3xicas pelas plantas, como o c\u00e1dmio.<\/p>\n\n\n\n

“Nas plantas onde havia c\u00e1dmio no solo com o pl\u00e1stico, as folhas de trigo apresentaram muito, muito mais c\u00e1dmio do que as plantas que cresceram sem pl\u00e1stico no solo”, afirmou Kirkham na \u00e9poca.<\/p>\n\n\n\n

Outras pesquisas tamb\u00e9m demonstram que os micropl\u00e1sticos podem prejudicar o crescimento das minhocas e fazer com que elas percam peso.<\/p>\n\n\n\n

Os motivos dessa perda de peso n\u00e3o s\u00e3o totalmente conhecidos, mas uma teoria \u00e9 que os micropl\u00e1sticos podem obstruir o trato digestivo das minhocas, limitando sua capacidade de absorver nutrientes e, com isso, reduzindo seu crescimento.<\/p>\n\n\n\n

Isso tamb\u00e9m causa impactos negativos ao meio ambiente, segundo os pesquisadores, j\u00e1 que as minhocas desempenham um papel fundamental na manuten\u00e7\u00e3o da sa\u00fade do solo.<\/p>\n\n\n\n

Os t\u00faneis cavados por elas permitem a aera\u00e7\u00e3o do solo, evitam a eros\u00e3o, aumentam a drenagem da \u00e1gua e reciclam nutrientes.<\/p>\n\n\n\n

Part\u00edculas de pl\u00e1stico tamb\u00e9m podem contaminar diretamente os produtos aliment\u00edcios. Um estudo de 2020 encontrou micropl\u00e1sticos e nanopl\u00e1sticos em frutas, legumes e verduras vendidas em supermercados e por vendedores locais em Catania, na It\u00e1lia.<\/p>\n\n\n\n

Entre as frutas, as ma\u00e7\u00e3s foram as mais contaminadas, enquanto as cenouras apresentaram o maior n\u00edvel de micropl\u00e1sticos entre os outros vegetais da amostra.<\/p>\n\n\n\n

Segundo as pesquisas de Willie Peijnenburg, professor de toxicologia ambiental e biodiversidade da Universidade de Leiden, na Holanda, os produtos agr\u00edcolas absorvem part\u00edculas de nanopl\u00e1sticos \u2013 fragmentos min\u00fasculos que medem de 1 a 100 nm e s\u00e3o cerca de cem a mil vezes menores que um gl\u00f3bulo sangu\u00edneo humano \u2013 da \u00e1gua e do solo ao seu redor, atrav\u00e9s de rachaduras min\u00fasculas nas suas ra\u00edzes.<\/p>\n\n\n\n

An\u00e1lises revelaram que a maioria dos pl\u00e1sticos acumula-se nas ra\u00edzes das plantas e apenas uma quantidade muito pequena viaja at\u00e9 os brotos. “A concentra\u00e7\u00e3o nas folhas est\u00e1 bem abaixo de 1%”, segundo Peijnenburg.<\/p>\n\n\n\n

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Min\u00fasculos fragmentos de pl\u00e1sticos das roupas, cosm\u00e9ticos ou de pl\u00e1sticos maiores que se decomp\u00f5em podem chegar facilmente ao solo e aos cursos d’\u00e1gua – ARIS MESSINIS\/AFP\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Nas verduras, como alface e repolho, a concentra\u00e7\u00e3o de pl\u00e1stico provavelmente ser\u00e1 relativamente baixa, mas o professor alerta que, para ra\u00edzes, como cenouras, nabos e rabanetes, o risco de consumir micropl\u00e1sticos ser\u00e1 maior.<\/p>\n\n\n\n

Outro estudo de Peijnenburg e seus colegas concluiu que, na alface e no trigo, a concentra\u00e7\u00e3o de micropl\u00e1sticos era 10 vezes menor do que no solo \u00e0 sua volta.<\/p>\n\n\n\n

“Descobrimos que somente as part\u00edculas menores s\u00e3o absorvidas pelas plantas e as grandes, n\u00e3o”, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

Para Peijnenburg, isso \u00e9 tranquilizador. Mas ele acrescenta que muitos micropl\u00e1sticos ir\u00e3o se degradar, decompondo-se em nanopart\u00edculas que ser\u00e3o uma “boa fonte para absor\u00e7\u00e3o pela planta”.<\/p>\n\n\n\n

A absor\u00e7\u00e3o das part\u00edculas de pl\u00e1stico n\u00e3o parece prejudicar o crescimento das plantas, segundo as pesquisas de Peijnenburg. Mas o efeito desse ac\u00famulo de pl\u00e1stico na nossa alimenta\u00e7\u00e3o sobre a sa\u00fade humana n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o claro.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 preciso ter mais pesquisas para compreender este ponto, segundo Peijnenburg, especialmente porque o problema s\u00f3 ir\u00e1 aumentar.<\/p>\n\n\n\n

“Levar\u00e1 d\u00e9cadas para que os pl\u00e1sticos sejam totalmente removidos do meio ambiente”, afirma ele.<\/p>\n\n\n\n

“Mesmo se o risco atual n\u00e3o for muito alto, n\u00e3o \u00e9 uma boa ideia ter subst\u00e2ncias persistentes [em terras agr\u00edcolas]. Elas ir\u00e3o se acumular e podem representar risco no futuro.”<\/p>\n\n\n\n

Impactos \u00e0 sa\u00fade<\/h2>\n\n\n\n

O impacto da ingest\u00e3o de pl\u00e1stico sobre a sa\u00fade humana ainda n\u00e3o \u00e9 totalmente compreendido, mas j\u00e1 existem algumas pesquisas indicando que ela pode ser prejudicial.<\/p>\n\n\n\n

Estudos demonstram que as subst\u00e2ncias acrescentadas durante a produ\u00e7\u00e3o de pl\u00e1stico podem prejudicar o sistema end\u00f3crino e os horm\u00f4nios que regulam o nosso crescimento e desenvolvimento.<\/p>\n\n\n\n

As subst\u00e2ncias encontradas no pl\u00e1stico est\u00e3o relacionadas a uma s\u00e9rie de outros problemas de sa\u00fade, que incluem c\u00e2ncer, doen\u00e7as card\u00edacas e falhas no desenvolvimento fetal.<\/p>\n\n\n\n

Altos n\u00edveis de ingest\u00e3o de micropl\u00e1sticos podem tamb\u00e9m causar les\u00f5es celulares, que poder\u00e3o gerar inflama\u00e7\u00f5es e rea\u00e7\u00f5es al\u00e9rgicas, segundo an\u00e1lise dos pesquisadores da Universidade de Hull, no Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores analisaram 17 estudos anteriores, que observaram o impacto toxicol\u00f3gico do micropl\u00e1stico sobre as c\u00e9lulas humanas.<\/p>\n\n\n\n

A an\u00e1lise comparou a quantidade de micropl\u00e1sticos que causam les\u00f5es celulares em exames de laborat\u00f3rio com os n\u00edveis ingeridos pelas pessoas na \u00e1gua pot\u00e1vel, sal e frutos do mar.<\/p>\n\n\n\n

Concluiu-se que as quantidades ingeridas aproximavam-se das que podem causar morte celular, mas podem tamb\u00e9m causar rea\u00e7\u00f5es imunol\u00f3gicas, incluindo rea\u00e7\u00f5es al\u00e9rgicas, les\u00f5es das paredes celulares e estresse oxidativo.<\/p>\n\n\n\n

“Nossas pesquisas demonstram que estamos ingerindo micropl\u00e1sticos em n\u00edveis consistentes com os efeitos prejudiciais \u00e0s c\u00e9lulas, que, em muitos casos, s\u00e3o o evento inicial de efeitos sobre a sa\u00fade”, segundo Evangelos Danopoulos, principal autor do estudo e pesquisador da Faculdade de Medicina Hull York, no Reino Unido.<\/p>\n\n\n\n

“Sabemos que os micropl\u00e1sticos podem romper as barreiras celulares e tamb\u00e9m decomp\u00f4-las. Sabemos que eles podem tamb\u00e9m causar estresse oxidativo das c\u00e9lulas, que \u00e9 o in\u00edcio das les\u00f5es dos tecidos”, afirma o pesquisador.<\/p>\n\n\n\n

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Fragmentos pl\u00e1sticos aparentemente se acumulam mais nas ra\u00edzes das plantas, o que \u00e9 particularmente problem\u00e1tico para os bulbos e tub\u00e9rculos – YUJI SAKAI\/GETTY IMAGES<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Existem duas teorias sobre como os micropl\u00e1sticos causam a decomposi\u00e7\u00e3o celular, segundo Danopoulos.<\/p>\n\n\n\n

Suas extremidades pontiagudas podem romper a parede celular ou as subst\u00e2ncias contidas nos micropl\u00e1sticos podem prejudicar as c\u00e9lulas.<\/p>\n\n\n\n

O estudo concluiu que os micropl\u00e1sticos com formato irregular s\u00e3o os mais propensos a causar a morte celular.<\/p>\n\n\n\n

“O que precisamos entender agora \u00e9 como muitos micropl\u00e1sticos permanecem no nosso corpo e qual tipo de tamanho e formato \u00e9 capaz de cruzar a barreira celular”, explica Danopoulos.<\/p>\n\n\n\n

Se os pl\u00e1sticos se acumularem at\u00e9 os n\u00edveis que podem se tornar prejudiciais ao longo de um per\u00edodo de tempo, eles podem representar um risco ainda maior \u00e0 sa\u00fade humana.<\/p>\n\n\n\n

Mas, mesmo sem essas respostas, Danopoulos questiona se \u00e9 preciso tomar mais cuidado para que os micropl\u00e1sticos n\u00e3o entrem na cadeia aliment\u00edcia.<\/p>\n\n\n\n

“Se soubermos que o lodo est\u00e1 contaminado com micropl\u00e1sticos e as plantas t\u00eam a capacidade de extra\u00ed-los do solo, devemos utiliz\u00e1-lo como fertilizante?”, pergunta ele.<\/p>\n\n\n\n

Devemos proibir o lodo de esgoto?<\/h2>\n\n\n\n

Espalhar lodo sobre terras agr\u00edcolas \u00e9 proibido na Holanda desde 1995. No princ\u00edpio, o pa\u00eds incinerava o material, mas passou a export\u00e1-lo para o Reino Unido, onde era usado como fertilizante na agricultura, depois de enfrentar problemas em um incinerador na capital holandesa, Amsterd\u00e3.<\/p>\n\n\n\n

A Su\u00ed\u00e7a proibiu o uso de lodo de esgoto como fertilizante em 2003, porque ele “compreende toda uma s\u00e9rie de subst\u00e2ncias prejudicais e organismos patog\u00eanicos produzidos pelas ind\u00fastrias e por resid\u00eancias particulares”.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 o Estado americano do Maine tamb\u00e9m proibiu a pr\u00e1tica em abril de 2022, depois que autoridades ambientais encontraram altos n\u00edveis de PFAS no solo usado para agricultura, em produtos agr\u00edcolas e na \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n

Altos n\u00edveis de PFAS tamb\u00e9m foram encontrados no sangue de agricultores e a contamina\u00e7\u00e3o disseminada levou diversas fazendas a encerrar suas atividades.<\/p>\n\n\n\n

A nova legisla\u00e7\u00e3o do Maine pro\u00edbe a aplica\u00e7\u00e3o, venda e distribui\u00e7\u00e3o de composto que contenha lodo de esgoto, mas permite sua exporta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A proibi\u00e7\u00e3o total do uso do lodo de esgoto como fertilizante n\u00e3o \u00e9 necessariamente a melhor solu\u00e7\u00e3o, segundo Catherine Wilson, da Universidade de Cardiff.<\/p>\n\n\n\n

Segundo ela, a proibi\u00e7\u00e3o poder\u00e1 incentivar os agricultores a usar mais fertilizantes de nitrog\u00eanio sint\u00e9ticos.<\/p>\n\n\n\n

“[Com lodo de esgoto], estamos usando um produto residual de forma eficiente, em vez de produzir fertilizantes de combust\u00edvel f\u00f3ssil infinitamente”, afirma Wilson.<\/p>\n\n\n\n

Ela tamb\u00e9m ressalta que o res\u00edduo org\u00e2nico no lodo tamb\u00e9m ajuda a devolver carbono para o solo e o enriquece com nutrientes, como f\u00f3sforo e nitrog\u00eanio, que evitam a degrada\u00e7\u00e3o do solo.<\/p>\n\n\n\n

Para Wilson, “precisamos quantificar os micropl\u00e1sticos no lodo de esgoto, de forma a poder [determinar] onde est\u00e3o os problemas e come\u00e7ar a administr\u00e1-los”.<\/p>\n\n\n\n

Ela sugere que, em lugares com alto n\u00edvel de micropl\u00e1sticos, o lodo de esgoto pode ser incinerado para gerar energia, em vez de ser usado como fertilizante.<\/p>\n\n\n\n

Uma forma de evitar a contamina\u00e7\u00e3o das terras agr\u00edcolas \u00e9 recuperar as gorduras, \u00f3leos e graxas (que cont\u00eam alto n\u00edvel de micropl\u00e1sticos) nas instala\u00e7\u00f5es de tratamento de esgoto e usar essa “espuma superficial” como biocombust\u00edvel, em vez de mistur\u00e1-la ao lodo, segundo afirmam Wilson e seus colegas.<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores indicam que alguns pa\u00edses europeus, como a It\u00e1lia e a Gr\u00e9cia, descartam o lodo de esgoto em aterros, mas eles advertem que existe o risco de que os micropl\u00e1sticos escapem desses locais para o meio ambiente, contaminando terrenos e corpos d\u2019\u00e1gua vizinhos.<\/p>\n\n\n\n

Wilson e Danopoulos concordam que \u00e9 preciso ter muito mais pesquisas para determinar a quantidade de micropl\u00e1sticos nas terras agr\u00edcolas e seus poss\u00edveis impactos \u00e0 sa\u00fade e ao meio ambiente.<\/p>\n\n\n\n

“O micropl\u00e1stico est\u00e1 agora a ponto de deixar de ser um contaminante para se tornar um poluente”, segundo Danopoulos.<\/p>\n\n\n\n

“Um contaminante \u00e9 algo que \u00e9 encontrado onde n\u00e3o deveria estar. Os micropl\u00e1sticos n\u00e3o deveriam estar na nossa \u00e1gua e no solo. Se comprovarmos que [eles t\u00eam] efeitos prejudiciais \u00e0 sa\u00fade, isso os tornaria um poluente e ter\u00edamos que criar legisla\u00e7\u00e3o e regulamentos.”<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A polui\u00e7\u00e3o causada pelo pl\u00e1stico \u00e9 uma das consequ\u00eancias do nosso modo de vida moderno \u2013 mas, agora, ela j\u00e1 est\u00e1 afetando as frutas, legumes e verduras que fazem parte da nossa alimenta\u00e7\u00e3o. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":181490,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1766,1298,4950],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/181489"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=181489"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/181489\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":181494,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/181489\/revisions\/181494"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/181490"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=181489"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=181489"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=181489"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}