{"id":181525,"date":"2023-02-17T18:15:10","date_gmt":"2023-02-17T21:15:10","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181525"},"modified":"2023-02-17T18:15:18","modified_gmt":"2023-02-17T21:15:18","slug":"mercurio-contamina-a-natureza-por-tempo-indeterminado","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2023\/02\/17\/181525-mercurio-contamina-a-natureza-por-tempo-indeterminado.html","title":{"rendered":"“Merc\u00fario contamina a natureza por tempo indeterminado”"},"content":{"rendered":"\n
\"\"<\/a><\/figure>\n\n\n\n

Especialista aponta que yanomami s\u00e3o duplamente vulner\u00e1veis \u00e0 intoxica\u00e7\u00e3o pelo metal e que a \u00fanica maneira de combater a contamina\u00e7\u00e3o do meio ambiente e dos ind\u00edgenas \u00e9 agir contra o garimpo ilegal.<\/p>\n\n\n\n

A atual\u00a0crise vivida pelos yanomami\u00a0evidenciou os\u00a0impactos do garimpo ilegal\u00a0sobre o povo ind\u00edgena. Estima-se que mais de 20 mil invasores tenham se acumulado no territ\u00f3rio yanomamii nos \u00faltimos anos, trazendo consigo viol\u00eancia, doen\u00e7as\u00a0e mortes.<\/p>\n\n\n\n

Os garimpeiros utilizam\u00a0merc\u00fario l\u00edquido\u00a0para encontrar ouro no sedimento escavado dos rios da Amaz\u00f4nia. O dep\u00f3sito\u00a0desse merc\u00fario no ambiente natural polui\u00a0as \u00e1reas normalmente utilizadas pelos yanomami para ca\u00e7ar, pescar e colher, al\u00e9m de resultar na devasta\u00e7\u00e3o de amplas regi\u00f5es de floresta.<\/p>\n\n\n\n

A DW ouviu Rodrigo Castro, doutor em ecologia e recursos naturais, sobre o impacto do derramamento de merc\u00fario no meio ambiente e em popula\u00e7\u00f5es ind\u00edgenas. Membro da Coaliz\u00e3o Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor da Funda\u00e7\u00e3o Solidaridad no Brasil, ele explica que o metal fica na natureza por tempo indeterminado.<\/p>\n\n\n\n

“Para combater a contamina\u00e7\u00e3o, se n\u00e3o for ‘direto na fonte’ \u2014 os garimpos ilegais \u2014, n\u00e3o se consegue tirar o merc\u00fario da cadeia alimentar”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

O especialista aponta que o efeito do metal no corpo humano \u00e9 “devastador”. “O corpo n\u00e3o consegue lidar com o ac\u00famulo nem expelir o merc\u00fario. Em casos extremos, tem levado \u00e0 morte.”<\/p>\n\n\n\n

DW: Qu\u00e3o prejudicial \u00e9 a polui\u00e7\u00e3o de merc\u00fario nos rios?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Rodrigo Castro:<\/strong> O merc\u00fario \u00e9 altamente t\u00f3xico e afeta o metabolismo humano de forma severa. Ele ataca o sistema nervoso, afeta o sistema motor e todos os \u00f3rg\u00e3os internos. Nos rins e pulm\u00f5es, seu impacto \u00e9 devastador.<\/p>\n\n\n\n

No caso dos ind\u00edgenas yanomami, ogarimpo clandestino\u00a0fez com que a contamina\u00e7\u00e3o aumentasse nos \u00faltimos anos. O processo para encontrar ouro ocorre nas margens de rios, e o merc\u00fario usado na extra\u00e7\u00e3o \u00e9 despejado nelas.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 onde essa contamina\u00e7\u00e3o pode chegar?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Esses rios onde garimpeiros despejam merc\u00fario s\u00e3o afluentes de outros rios maiores, e em algum momento isso tamb\u00e9m pode chegar ao mar. Esse merc\u00fario vai para rios maiores, caudalosos, e deixa um rastro de polui\u00e7\u00e3o pelo caminho. O resultado \u00e9 devastador, e o grau de contamina\u00e7\u00e3o, grav\u00edssimo.<\/p>\n\n\n\n

Por quanto tempo o merc\u00fario fica no leito do rio e em sua extens\u00e3o?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Quando o merc\u00fario entra na cadeia alimentar do rio, ele fica ali por tempo indeterminado. Ele segue na natureza e vai se acumulando nos organismos dos animais. Por exemplo, peixes menores acabam consumindo o elemento qu\u00edmico, que se acumula em seus organismos. Sucessivamente, peixes maiores, tamb\u00e9m se contaminam. O merc\u00fario fica no ambiente at\u00e9 que esses animais estejam l\u00e1. Por isso, para combater a contamina\u00e7\u00e3o, se n\u00e3o for “direto na fonte” \u2014 os garimpos ilegais \u2014, n\u00e3o se consegue tirar o merc\u00fario da cadeia alimentar.<\/p>\n\n\n\n

Como o merc\u00fario entra e age no corpo humano?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A partir de ingest\u00e3o de \u00e1gua ou peixe contaminado j\u00e1 h\u00e1 sintomas leves. A alimenta\u00e7\u00e3o dos ind\u00edgenas depende da pesca e da \u00e1gua dos rios. Por isso, essa popula\u00e7\u00e3o \u00e9 duplamente vulner\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n

O corpo n\u00e3o consegue lidar com o ac\u00famulo nem expelir o merc\u00fario. O metal causa tremores e, em casos extremos, tem levado \u00e0 morte.<\/p>\n\n\n\n

Quando o merc\u00fario entra no sangue das crian\u00e7as, o efeito \u00e9 avassalador, com a concentra\u00e7\u00e3o do metal gerando um impacto muito maior do que em adultos. Elas s\u00e3o menores, est\u00e3o em fase de desenvolvimento. Ap\u00f3s a contamina\u00e7\u00e3o, seu crescimento \u00f3sseo e f\u00edsico e seus \u00f3rg\u00e3os ficam comprometidos, e elas n\u00e3o se desenvolvem normalmente.<\/p>\n\n\n\n

Um estudo coordenado pela Funda\u00e7\u00e3o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Socioambiental (ISA) realizado na reserva yanomami, em Roraima, confirmou o alto grau de contamina\u00e7\u00e3o. O levantamento, feito em 2016, mostrou que em algumas aldeias mais de 92% da popula\u00e7\u00e3o estava contaminada por merc\u00fario.<\/p>\n\n\n\n

A atual crise yanomami evidencia como o povo foi tratado. O apoio de \u00f3rg\u00e3os de sa\u00fade foi reduzido ou descontinuado, e o resultado foi o agravamento do envenenamento da popula\u00e7\u00e3o ind\u00edgena.<\/p>\n\n\n\n

Existem a\u00e7\u00f5es que podem ser adotadas de imediato para conter a contamina\u00e7\u00e3o?<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Tem que proibir e combater de imediato os garimpos, com toda a for\u00e7a dispon\u00edvel. A omiss\u00e3o, o apoio e o incentivo \u00e0 ilegalidade levou a esse quadro que vivemos hoje.<\/p>\n\n\n\n

A grilagem de terra n\u00e3o foi combatida fortemente nos \u00faltimos quatro anos, e isso contribuiu para que os\u00a0garimpos crescessem no territ\u00f3rio\u00a0amaz\u00f4nico, numa situa\u00e7\u00e3o descontrolada e desorganizada. N\u00e3o s\u00f3 a grilagem e o garimpo, mas tamb\u00e9m\u00a0o com\u00e9rcio ilegal de madeira cresceu. Esse conjunto de atividades ilegais tem afetado e muito o meio ambiente, e o impacto social ficou muito vis\u00edvel [com a crise yanomami].<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 dif\u00edcil reverter a calamidade causada. S\u00f3 no caso da Terra Ind\u00edgena Yanomami, s\u00e3o mais de 90 mil\u00a0km\u00b2 de \u00e1rea. \u00c9 um territ\u00f3rio gigantesco, com 300 aldeias e 27 mil ind\u00edgenas, por isso \u00e9 essencial o acompanhamento remoto por sat\u00e9lite \u2014 que j\u00e1 est\u00e1 implantado. O governo federal tem as ferramentas necess\u00e1rias para o monitoramento.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 um desafio permanente. Tem que acabar com a ocupa\u00e7\u00e3o ilegal de todas as terras ind\u00edgenas, principalmente quando ela ocorre devido \u00e0\u00a0minera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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