{"id":181528,"date":"2023-02-17T18:21:48","date_gmt":"2023-02-17T21:21:48","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181528"},"modified":"2023-02-17T18:21:51","modified_gmt":"2023-02-17T21:21:51","slug":"qual-sera-o-impacto-se-a-russia-usar-o-petroleo-como-arma","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2023\/02\/17\/181528-qual-sera-o-impacto-se-a-russia-usar-o-petroleo-como-arma.html","title":{"rendered":"Qual ser\u00e1 o impacto se a R\u00fassia usar o petr\u00f3leo como arma?"},"content":{"rendered":"\n
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Moscou anunciou cortes na produ\u00e7\u00e3o da mat\u00e9ria-prima em resposta \u00e0s san\u00e7\u00f5es ocidentais e ao teto de pre\u00e7os. Medida n\u00e3o surpreende analistas, mas pode ter segundas inten\u00e7\u00f5es. E sair pela culatra.<\/p>\n\n\n\n

Em retalia\u00e7\u00e3o ao\u00a0teto de pre\u00e7os\u00a0imposto\u00a0pelo Ocidente e ao embargo \u00e0s exporta\u00e7\u00f5es de petr\u00f3leo bruto e derivados, a R\u00fassia planeja, a partir de mar\u00e7o, cortar sua produ\u00e7\u00e3o em 500 mil barris por dia, ou seja, 5% da produ\u00e7\u00e3o atual total.<\/p>\n\n\n\n

Embora seja improv\u00e1vel que a medida tenha impacto global de longo prazo no pre\u00e7o da mat\u00e9ria-prima, cortes de produ\u00e7\u00e3o adicionais podem elevar os pre\u00e7os, num momento em que a reabertura da China, ap\u00f3s o fim da pol\u00edtica de covid zero, dever\u00e1 aumentar a demanda pelo combust\u00edvel.<\/p>\n\n\n\n

Isso poderia minar o\u00a0teto de pre\u00e7os\u00a0apoiado\u00a0pelos pa\u00edses do G7, que visam garantir que o petr\u00f3leo russo continue fluindo no mercado global e evitar picos de pre\u00e7o,\u00a0enquanto as economias do grupo das maiores economias lutam contra a infla\u00e7\u00e3o alta.<\/p>\n\n\n\n

“A R\u00fassia pode estar tentando usar o petr\u00f3leo como arma, assim como fez com o g\u00e1s natural no ano passado”, avalia Simone Tagliapietra, especialista em pol\u00edtica energ\u00e9tica da think tank Bruegel, de Bruxelas.<\/p>\n\n\n\n

Importante fonte de receita para a R\u00fassia, a produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo se manteve resistente diante das in\u00e9ditas san\u00e7\u00f5es impostas pelo Ocidente ap\u00f3s a invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia. Na verdade, em 2022 a produ\u00e7\u00e3o m\u00e9dia de petr\u00f3leo russo aumentou 1,5%, em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior, para 10,7 milh\u00f5es de barris por dia, com Moscou redirecionando o combust\u00edvel banido pelo Ocidente a outros pa\u00edses, principalmente \u00cdndia e China.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, o teto de pre\u00e7os para as exporta\u00e7\u00f5es dificultou a manuten\u00e7\u00e3o dos embarques nos n\u00edveis atuais. Essas restri\u00e7\u00f5es n\u00e3o somente for\u00e7aram produtores russos a vender seu petr\u00f3leo com grandes descontos para poucos compradores, mas tamb\u00e9m os expuseram a altas nos custos de seguro e frete, devido \u00e0 escassez de navios-tanques.<\/p>\n\n\n\n

“Ao reduzir o volume de produ\u00e7\u00e3o, a R\u00fassia tornar\u00e1 o mercado favor\u00e1vel ao vendedor, em vez de ao comprador. Pelo menos, isso \u00e9 uma das coisas que Moscou espera”, diz Bjarne Schieldrop, diretor-analista de commodities no banco sueco SEB.<\/p>\n\n\n\n

Escassez de instala\u00e7\u00f5es para armazenamento<\/h2>\n\n\n\n

A R\u00fassia apresentou o corte como sendo um movimento “volunt\u00e1rio”, mas muitos especialistas avaliam que Moscou foi for\u00e7ada a tomar essa decis\u00e3o devido \u00e0s san\u00e7\u00f5es. Algumas perdas de produ\u00e7\u00e3o j\u00e1 eram esperadas, por\u00e9m at\u00e9 agora Moscou conseguiu contorn\u00e1-las.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, enquanto buscam novos compradores, os produtores russos de petr\u00f3leo tamb\u00e9m enfrentam a falta de espa\u00e7o para armazenamento da produ\u00e7\u00e3o, pois os navios-tanques levam muito mais tempo para fazer as entregas em destinos mais distantes na \u00c1sia.<\/p>\n\n\n\n

A R\u00fassia n\u00e3o possui instala\u00e7\u00f5es de armazenamento suficientes, e estocar petr\u00f3leo no exterior, em lugares como Fujeira, nos Emirados \u00c1rabes Unidos, \u00e9 caro.<\/p>\n\n\n\n

“Parece que se avaliou\u00a0a quantidade de petr\u00f3leo e derivados que poderia ser\u00a0vendida para esses pa\u00edses\u00a0[que aderiram ao limite de pre\u00e7os] e se decidiu reduzir a produ\u00e7\u00e3o \u00e0 quantidade correspondente, para garantir que as exporta\u00e7\u00f5es russas sejam dirigidas apenas a \u00cdndia, China, Turquia e outras na\u00e7\u00f5es que n\u00e3o aderiram ao limite”, deduz Tatiana Orlova, economista-chefe na Oxford Economics.<\/p>\n\n\n\n

Impacto na economia russa<\/h2>\n\n\n\n

Com as san\u00e7\u00f5es ocidentais sobre o petr\u00f3leo pesando nas finan\u00e7as, o d\u00e9ficit do or\u00e7amento russo subiu para 25 bilh\u00f5es de d\u00f3lares em janeiro \u2013 o maior d\u00e9ficit para janeiro em anos. As receitas de petr\u00f3leo e g\u00e1s ca\u00edram quase pela metade, 46%, segundo dados do Minist\u00e9rio de Finan\u00e7as de Moscou.<\/p>\n\n\n\n

Neste cen\u00e1rio, especialistas avaliam que o pa\u00eds tem interesse que os pre\u00e7os do petr\u00f3leo subam significativamente. Isso n\u00e3o apenas aumentaria suas receitas, compensando a redu\u00e7\u00e3o das exporta\u00e7\u00f5es, mas tamb\u00e9m pressionaria ainda mais as economias ocidentais atingidas pela infla\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Para piorar as coisas para o Ocidente, a R\u00fassia tem espa\u00e7o para cortar ainda mais sua produ\u00e7\u00e3o. No in\u00edcio de fevereiro, ela ficou em 10,9 milh\u00f5es de barris por dia, mas o or\u00e7amento foi baseado em cerca de 9,8 milh\u00f5es de barris, segundo Alexander Isakov, da Bloomberg Economics.<\/p>\n\n\n\n

“Essa a\u00e7\u00e3o [corte na produ\u00e7\u00e3o de mar\u00e7o] pode ser o primeiro sinal de uma tentativa de pressionar o mercado. Em geral, n\u00e3o me surpreenderia de v\u00ea-los usando o mercado de petr\u00f3leo, como tentaram fazer com o g\u00e1s”, opina Tagliapietra.<\/p>\n\n\n\n

Tentativa fracassada<\/h2>\n\n\n\n

A R\u00fassia j\u00e1 foi acusada pelo Ocidente de usar o g\u00e1s natural como arma, quando o exportador russo Gazprom cortou a maior parte do fornecimento para Europa alegando motivos, muitas vezes, pouco convincentes, como dificuldades t\u00e9cnicas e de pagamento.<\/p>\n\n\n\n

Autoridades ocidentais viram os cortes como uma tentativa de Moscou para alavancar sua posi\u00e7\u00e3o como maior fornecedor de g\u00e1s natural para a Uni\u00e3o Europeia (UE) \u2013 em 2021, a R\u00fassia forneceu cerca de 45% do g\u00e1s importado pelo bloco \u2013 e como uma retalia\u00e7\u00e3o contra a UE pelo apoio \u00e0 Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

O movimento disparou o pre\u00e7o do g\u00e1s natural na UE, alcan\u00e7ando n\u00edveis sem precedentes e impulsionado a infla\u00e7\u00e3o, e atrapalhou a recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica do p\u00f3s-pandemia. Mas a dor diminuiu bastante desde ent\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A Europa conseguiu substituir a demanda antes suprida pela R\u00fassia buscando outras fontes, como os Estados Unidos, Noruega e Catar, e controlou a demanda com apag\u00f5es e racionamento de energia. Os pre\u00e7os de g\u00e1s ca\u00edram drasticamente, com ajuda do clima ameno e do consumo menor, apesar de permanecerem bem acima do valor registrado no in\u00edcio de 2021.<\/p>\n\n\n\n

“A principal li\u00e7\u00e3o desta situa\u00e7\u00e3o foi que o uso do g\u00e1s como arma foi um sucesso, mas apenas por um breve per\u00edodo”, avalia Schieldrop. “Assim, basicamente o saber hist\u00f3rico sobre usar o fornecimento de energia como arma \u00e9 que isso n\u00e3o funciona. A R\u00fassia tem muito medo do uso do petr\u00f3leo como arma porque o efeito pode ser muito passgeiro.”<\/p>\n\n\n\n

Jogando um jogo arriscado<\/h2>\n\n\n\n

Moscou pode ter ainda mais dificuldades de colher os frutos dessa manobra com o petr\u00f3leo, por este ser mais fung\u00edvel e dispon\u00edvel globalmente \u2013 o que torna mais f\u00e1cil a busca por fornecedores alternativos, como j\u00e1 foi o caso em 2022.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m disso, h\u00e1 a Organiza\u00e7\u00e3o dos Pa\u00edses Exportadores de Petr\u00f3leo (Opep), que inclui R\u00fassia e Ar\u00e1bia Saudita. A alian\u00e7a j\u00e1 decidiu n\u00e3o repor os barris de petr\u00f3leo perdidos devido \u00e0 decis\u00e3o unilateral russa, que elevou os pre\u00e7os de refer\u00eancia do petr\u00f3leo Brent para mais de 85 d\u00f3lares por barril.<\/p>\n\n\n\n

Mas a postura da alian\u00e7a pode mudar, se a R\u00fassia fizer novos cortes unilaterais, elevando os pre\u00e7os a um n\u00edvel que comece\u00a0a amea\u00e7ar a demanda. “Potencialmente haver\u00e1 uma resposta da Opep para compensar, e isso resultar\u00e1 numa perda para a R\u00fassia”, avalia Schieldrop.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"