{"id":181532,"date":"2023-02-23T16:35:51","date_gmt":"2023-02-23T19:35:51","guid":{"rendered":"https:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=181532"},"modified":"2023-02-23T16:35:54","modified_gmt":"2023-02-23T19:35:54","slug":"chuvas-em-sp-como-se-preparar-para-eventos-climaticos-extremos-cada-vez-mais-frequentes","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2023\/02\/23\/181532-chuvas-em-sp-como-se-preparar-para-eventos-climaticos-extremos-cada-vez-mais-frequentes.html","title":{"rendered":"Chuvas em SP: como se preparar para eventos clim\u00e1ticos extremos cada vez mais frequentes?"},"content":{"rendered":"\n
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Frequ\u00eancia de eventos extremos aumenta com as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas – REUTERS<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O munic\u00edpio de S\u00e3o Sebasti\u00e3o, o mais afetado pelos temporais que atingiram o litoral norte de S\u00e3o Paulo, tem um plano municipal de redu\u00e7\u00e3o de riscos elaborado em 2018 pelo Instituto de Pesquisas Tecnol\u00f3gicas (IPT) que considerava os piores cen\u00e1rios com base nas chuvas mais intensas registradas na cidade.<\/p>\n\n\n\n

A quantidade de chuva que a regi\u00e3o recebeu no \u00faltimo fim de semana, no entanto, foi\u00a0muito acima do evento mais extremo\u00a0da hist\u00f3ria recente.<\/p>\n\n\n\n

Em 24h, a regi\u00e3o recebeu 640 mm de chuva, n\u00famero tr\u00eas vezes maior que os 179 mm precipitados em 2014, durante a chuva mais intensa registrada nas \u00faltimas d\u00e9cadas.<\/p>\n\n\n\n

O tamanho da trag\u00e9dia no litoral – o total de mortos j\u00e1 chegou a 49 e equipes ainda buscam pessoas soterradas – tem sido apontado por especialistas como resultado de desigualdade, da falta de investimentos em habita\u00e7\u00e3o e de falhas no sistema de avisos de emerg\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n

Enquanto a popula\u00e7\u00e3o e os \u00f3rg\u00e3os de fiscaliza\u00e7\u00e3o cobram as prefeituras e o governo do Estado de S\u00e3o Paulo por sua atua\u00e7\u00e3o – ou falta dela -, o volume de chuva acende um alerta para pesquisadores: como estudar e se preparar para o aumento dos eventos clim\u00e1ticos extremos e cen\u00e1rios cada vez mais imprevis\u00edveis?<\/p>\n\n\n\n

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Trag\u00e9dia deixou pelo menos 49 mortos – EPA-EFE\/REX\/SHUTTERSTOCK<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Alerta<\/h2>\n\n\n\n

Embora sejam necess\u00e1rios estudos para determinar se o evento espec\u00edfico do \u00faltimo fim de semana teve rela\u00e7\u00e3o direta com as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, j\u00e1 \u00e9 um consenso cient\u00edfico que o aquecimento global tem aumentado a frequ\u00eancia e a intensidade de eventos clim\u00e1ticos extremos – como mostram os relat\u00f3rios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas).<\/p>\n\n\n\n

Em entrevista \u00e0 BBC News Brasil, o meteorologista Marcelo Sluchi afirmou que acredita que possa haver rela\u00e7\u00e3o entre as chuvas do fim de semana e o aquecimento do planeta.<\/p>\n\n\n\n

“Um aumento da temperatura traz um aumento de vapor. Ou seja, para pa\u00edses tropicais como o Brasil, uma mudan\u00e7a de 1\u00baC significa muito mais vapor do que aumentar 1\u00baC na Ant\u00e1rtida ou na Patag\u00f4nia”, afirmou.<\/p>\n\n\n\n

“Voc\u00ea torna o clima tropical mais \u00famido, mais quente e mais inst\u00e1vel. Uma mesma frente fria consegue provocar hoje mais chuva do que h\u00e1 100, 200 anos. E para piorar, as frentes frias est\u00e3o ficando mais intensas em algumas circunst\u00e2ncias”, disse ele. “N\u00e3o \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o normal, e justamente as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas determinam um novo normal, n\u00e9?”<\/p>\n\n\n\n

“Esta chuva de 2023 e outras dos \u00faltimos anos t\u00eam mostrado que diminuiu muito o intervalo de recorr\u00eancia de eventos extremos, que antes era de 100, de 200 anos”, afirma Alessandra Corsi, pesquisadora da se\u00e7\u00e3o de investiga\u00e7\u00f5es, riscos e gerenciamento ambiental do IPT.<\/p>\n\n\n\n

Corsi diz acreditar que, mesmo que S\u00e3o Sebasti\u00e3o tivesse implementado todas as recomenda\u00e7\u00f5es feitas no plano municipal de redu\u00e7\u00e3o de riscos de 2018, a cidade ainda assim teria tido um desafio em lidar com o volume de chuvas registrado no \u00faltimo fim de semana.<\/p>\n\n\n\n

“Minha opini\u00e3o \u00e9 que, mesmo que a cidade tivesse colocado tudo em pr\u00e1tica, alguma coisa ainda assim iria acontecer”, diz ela.<\/p>\n\n\n\n

Corsi explica que os deslizamentos chegaram a atingir \u00e1reas al\u00e9m das que haviam sido mapeadas na regi\u00e3o da Vila Sahy.<\/p>\n\n\n\n

“A \u00e1rea atingida depende de uma s\u00e9rie de fatores como altura da encosta, volume pluviom\u00e9trico. Se voc\u00ea tem um acumulado de chuvas de 80 mm, 100 mm (que j\u00e1 eram cen\u00e1rios extremos) o porte do deslizamento vai ser diferente”, explica.<\/p>\n\n\n\n

O evento clim\u00e1tico do \u00faltimo fim de semana foi mais um dos que acenderam o alerta para os pesquisadores de que \u00e9 preciso atualizar os par\u00e2metros para as an\u00e1lises e recomenda\u00e7\u00f5es de longo prazo.<\/p>\n\n\n\n

“J\u00e1 estamos pensando nisso, estamos tentando elaborar algum m\u00e9todo para que os mapas para eventos extremos sirvam para a defesa civil, sirvam para os munic\u00edpios repensarem sua forma de ocupa\u00e7\u00e3o, mas ao mesmo tempo n\u00e3o sejam alarmistas”, afirma a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

“Ainda n\u00e3o chegamos a uma resposta”, diz Corsi. “Estamos analisando mais de um evento, para conseguir consolidar um m\u00e9todo.”<\/p>\n\n\n\n

Os pesquisadores tamb\u00e9m est\u00e3o fazendo buscas de artigos cient\u00edficos com protocolos internacionais que levem em considera\u00e7\u00e3o esse novo cen\u00e1rio causado pelas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e adaptando esses protocolos para a realidade brasileira.<\/p>\n\n\n\n

Apesar desse desafio, as cartas de riscos e planos de redu\u00e7\u00e3o de riscos existentes continuam relevantes – e t\u00eam recomenda\u00e7\u00f5es que diminuiriam muito o n\u00famero de v\u00edtimas se fossem seguidas, afirma o ge\u00f3logo \u00c1lvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor do IPT.<\/p>\n\n\n\n

“Chuvas de muito menor intensidade do que a que ocorreu j\u00e1 mataram muita gente nos munic\u00edpios afetados. Caso as medidas preventivas, corretivas e emergenciais tivessem sido implementadas o n\u00famero de v\u00edtimas seria muito menor”, diz.<\/p>\n\n\n\n

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Equipes de resgate procuram sobreviventes – EPA-EFE\/REX\/SHUTTERSTOCK<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

O futuro e o presente<\/h2>\n\n\n\n

De acordo com Corsi, o que esse novo cen\u00e1rio que maior frequ\u00eancia de eventos extremos aponta \u00e9 a necessidade de come\u00e7ar desde j\u00e1 uma ampla adapta\u00e7\u00e3o das cidades – especialmente as do litoral, que, al\u00e9m de tudo, ter\u00e3o que lidar com o aumento do n\u00edvel do mar no longo prazo.<\/p>\n\n\n\n

“A adapta\u00e7\u00e3o deve come\u00e7ar pelo plano diretor, determinando as \u00e1reas que n\u00e3o devem ser ocupadas. \u00c9 preciso tamb\u00e9m uma mudan\u00e7a no c\u00f3digo de obras, para que as constru\u00e7\u00f5es sejam mais resilientes”, diz Corsi. “E todo um trabalho com a comunidade para haver comunica\u00e7\u00e3o, treinamento, capacita\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 preciso treinar a popula\u00e7\u00e3o para que as pessoas se apropriem dessa percep\u00e7\u00e3o de risco e das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas”, afirma a pesquisadora.<\/p>\n\n\n\n

Isso sem contar os investimentos em habita\u00e7\u00e3o e diminui\u00e7\u00e3o das desigualdades sociais que hoje, como aponta o ge\u00f3logo \u00c1lvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor do IPT, est\u00e3o no cerne de trag\u00e9dias como a que afetou o litoral norte de S\u00e3o Paulo – j\u00e1 que as mortes em geral s\u00e3o resultado de ocupa\u00e7\u00e3o de \u00e1reas de alto risco natural por popula\u00e7\u00f5es sem acesso \u00e0 moradia adequada.<\/p>\n\n\n\n

“\u00c9 a parte social do problema, atender \u00e0 demanda habitacional da popula\u00e7\u00e3o de baixa renda, o que ter\u00e1 como decorr\u00eancia o al\u00edvio da press\u00e3o de ocupa\u00e7\u00e3o das \u00e1reas de risco por parte dessa popula\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n\n\n\n

“Mais do que nunca se coloca hoje a obriga\u00e7\u00e3o dos munic\u00edpios aplicarem as recomenda\u00e7\u00f5es do meio t\u00e9cnico expressas, especialmente, nas Cartas Geot\u00e9cnicas. A atitude preventiva sempre ter\u00e1 um car\u00e1ter muito mais efetivo do que as corretivas e emergenciais”, afirma Rodrigues dos Santos.<\/p>\n\n\n\n

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Ou seja, se os pesquisadores j\u00e1 est\u00e3o preocupados em como dar conta de eventos extremos mais frequentes nas an\u00e1lises, os munic\u00edpios ainda precisam correr atr\u00e1s de colocar em pr\u00e1tica as recomenda\u00e7\u00f5es j\u00e1 existentes.<\/p>\n\n\n\n

O pesquisador aponta as cidades de S\u00e3o Vicente e de Santos como bons exemplos de cidades que tomaram medidas para mitigar os riscos.<\/p>\n\n\n\n

“N\u00e3o mais foram ocupados terrenos em \u00e1reas de risco, \u00e1reas de alto risco foram desocupadas, obras de conten\u00e7\u00e3o e de drenagem foram executadas, cartilhas de orienta\u00e7\u00e3o para a popula\u00e7\u00e3o foram elaboradas e distribu\u00eddas, sendo que o pessoal local participou ativamente de todo o processo”, afirma.<\/p>\n\n\n\n

“Tamb\u00e9m foi implantado um Plano de Conting\u00eancia atrav\u00e9s do qual em momentos de alerta pluviom\u00e9trico v\u00e1rias a\u00e7\u00f5es s\u00e3o automaticamente e preventivamente tomadas.”<\/p>\n\n\n\n

O munic\u00edpio de S\u00e3o Sebasti\u00e3o n\u00e3o respondeu ao pedido de informa\u00e7\u00f5es da BBC News Brasil.<\/p>\n\n\n\n

A cidade, no entanto, chegou a tomar algumas medidas de preven\u00e7\u00e3o – ela ficou em 32\u00ba lugar na lista de cidades resilientes, um programa do governo do Estado que d\u00e1 uma pontua\u00e7\u00e3o para os munic\u00edpios que mais e melhor investiram em preven\u00e7\u00e3o de risco e em adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

O munic\u00edpio teve 79 pontos. Citada como exemplo de boas pr\u00e1ticas, Santos ficou em 8\u00ba lugar, com 89.5.<\/p>\n\n\n\n

Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O munic\u00edpio de S\u00e3o Sebasti\u00e3o, o mais afetado pelos temporais que atingiram o litoral norte de S\u00e3o Paulo, tem um plano municipal de redu\u00e7\u00e3o de riscos elaborado em 2018. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":181533,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[165,3625,5022],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/181532"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=181532"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/181532\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":181537,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/181532\/revisions\/181537"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/181533"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=181532"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=181532"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=181532"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}