{"id":21307,"date":"2005-10-18T01:00:00","date_gmt":"2005-10-18T01:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2005-10-18T01:00:00","modified_gmt":"2005-10-18T01:00:00","slug":"exclusivo-a-beleza-de-recursos-naturais-ao-alcance-das-maos-dedos-pescocos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/exclusivas\/2005\/10\/18\/21307-exclusivo-a-beleza-de-recursos-naturais-ao-alcance-das-maos-dedos-pescocos.html","title":{"rendered":"EXCLUSIVO: A beleza de recursos naturais ao alcance das m\u00e3os, dedos, pesco\u00e7os…"},"content":{"rendered":"

Danielle Jordan \/ AmbienteBrasil<\/i><\/p>\n


\nAs tend\u00eancias da moda muitas vezes acompanham o momento vivido. O movimento da Tropic\u00e1lia, no final da d\u00e9cada de 60 e in\u00edcio da de 70, influenciou a cultura, os costumes, a pol\u00edtica e at\u00e9 a moda. Neste in\u00edcio de s\u00e9culo, quando a natureza mostra o impacto sofrido durante anos de explora\u00e7\u00e3o, numa \u00e9poca em que a palavra da hora \u00e9 preservar, o meio ambiente ganha espa\u00e7o at\u00e9 mesmo nos acess\u00f3rios. As bioj\u00f3ias \u2013 como s\u00e3o chamadas as pe\u00e7as que utilizam ou se inspiram em produtos retirados do meio ambiente \u2013 est\u00e3o em alta e colocam em desfile a biodiversidade e a natureza. <\/p>\n

Para Sandra Sinicco, promotora dos eventos \u201cJ\u00f3ias da Cor do Brasil\u201d e \u201cJ\u00f3ias do Artesanato Paulista\u201d, \u00e9 preciso que se fa\u00e7a a distin\u00e7\u00e3o: \u201cas pessoas chamam qualquer pe\u00e7a de bioj\u00f3ia\u201d, diz, explicando que, para receber essa classifica\u00e7\u00e3o, deveriam ser utilizados crit\u00e9rios internacionais que categorizam como j\u00f3ias pe\u00e7as que utilizem ouro e\/ou pedras preciosas de alto valor. Dentro dessa linha, o evento trabalha com dois segmentos. Um deles posssui diversos artistas que produzem pe\u00e7as aliando \u00e0 produ\u00e7\u00e3o o uso de materias naturais como couro, palha e pedras. <\/p>\n

Outro segmento n\u00e3o faz, necessariamente, uso desses materiais, mas se inspira nos motivos da natureza para a produ\u00e7\u00e3o. \u00c9 o caso da exposi\u00e7\u00e3o Biomas, onde os ecossistemas do Cerrado, Caatinga, Mata Atl\u00e2ntica etc. s\u00e3o retratados. Essas pe\u00e7as, chamadas de j\u00f3ias de autor, s\u00e3o exclusivas. <\/p>\n

Independente da categoriza\u00e7\u00e3o correta, uma coisa \u00e9 certa: as bioj\u00f3ias brasileiras \u2013 em todos os seus sentidos \u2013 possuem beleza \u00edmpar e conquistaram f\u00e3s n\u00e3o s\u00f3 no pa\u00eds, mas tamb\u00e9m no exterior. <\/p>\n

A empres\u00e1ria Rita Prossi trabalha na \u00e1rea h\u00e1 doze anos, mas foi quando viajou ao Rio de Janeiro, para um curso de design de j\u00f3ias, que teve a inspira\u00e7\u00e3o de criar pe\u00e7as usando produtos naturais. \u201cQuando retornei fiz minha primeira pe\u00e7a, para uma cliente levar para os Estados Unidos\u201d, conta, dando o primeiro passo rumo \u00e0 exporta\u00e7\u00e3o. Ela usou palha de arum\u00e3 tecida pelas \u00edndias da aldeia Waimiri-atroari – etnia presente no sul de Roraima e no norte do Amazonas -, com semente de a\u00e7a\u00ed e pingentes em ouro imitando os artefatos ind\u00edgenas e animais do cotidiano deles. <\/p>\n

A empres\u00e1ria, hoje ganhando o territ\u00f3rio internacional, conta que nem sempre o mercado foi assim. \u201cEu tive que criar um kit de sementes e vender para outras designers<\/i>, para incentiv\u00e1-las a criar pe\u00e7as com esses materiais, ent\u00e3o surgiu a joalheria alternativa\u201d, diz, explicando que h\u00e1 12 anos ningu\u00e9m trabalhava com bioj\u00f3ias. <\/p>\n

Responsabilidade s\u00f3cioambiental<\/b><\/p>\n

Rita Prossi possui parcerias com tribos ind\u00edgenas que colaboram na confec\u00e7\u00e3o dos produtos. \u201cToda vez que uma pessoa compra uma pe\u00e7a nossa vai lembrar que est\u00e1 ajudando no sustento de uma grandiosa cadeia de produ\u00e7\u00e3o e tamb\u00e9m que existem animais que precisam ser preservados\u201d, comemora. <\/p>\n

Outro exemplo tamb\u00e9m mostra como a responsabilidade s\u00f3cioambiental est\u00e1 estreitamente relacionada a esses trabalhos. A designer Suzana Rodrigues h\u00e1 tr\u00eas anos desenvolve um projeto na Penitenci\u00e1ria Feminina de Bras\u00edlia e o que seria um simples curso volunt\u00e1rio de bijuterias tomou maiores propor\u00e7\u00f5es. Mais de 250 mulheres foram capacitadas, e 40 trabalham diariamente, recebendo remunera\u00e7\u00e3o por produtividade – a pre\u00e7o de mercado -, al\u00e9m de reduzirem as suas penas \u00e0 raz\u00e3o de um dia por cada tr\u00eas trabalhados. \u201cO que as motiva \u00e9 a certeza de emprego na minha empresa ao conquistarem a liberdade\u201d, avalia Suzana. <\/p>\n

Uma de suas funcion\u00e1rias, ocupante de um cargo de confian\u00e7a, \u00e9 uma ex-interna que trabalhou durante um ano enquanto detenta e que, h\u00e1 dois anos, gerencia o setor de produ\u00e7\u00e3o. Depois de lutar pela sobreviv\u00eancia no mundo do tr\u00e1fico de drogas, a funcion\u00e1ria virou o jogo. \u201c\u00c9 uma cidad\u00e3 respeitada e com sua auto-confian\u00e7a elevad\u00edssima, sendo um exemplo para as demais mulheres que ora aguardam a liberdade\u201d, diz a empres\u00e1ria. <\/p>\n

Sementes, pedras brasileiras, madeiras, fios naturais e prata servem como material para as pe\u00e7as produzidas no projeto. \u201cA f\u00e9, a intui\u00e7\u00e3o e a natureza\u201d s\u00e3o fontes inspiradoras, segundo Suzana, para quem, entre os benef\u00edcios ao meio ambiente, est\u00e1 \u201co cultivo das plantas para a preserva\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie\u201d. <\/p>\n

A Amaz\u00f4nia \u00e9 ber\u00e7o de mais iniciativas exemplares tamb\u00e9m nessa quest\u00e3o. A criatividade do artes\u00e3o Ant\u00f4nio Carlos Gomes do Nascimento chamou aten\u00e7\u00e3o do empres\u00e1rio Andr\u00e9 Luiz Carvalho Pinheiro e, em parceria, eles criaram uma rede de lojas e vendas em todo o Brasil. Materiais que seriam desperdi\u00e7ados tomam forma e ganham valor. A Ecoj\u00f3ias da Amaz\u00f4nia aproveita o material local, comprando sementes coletadas por comunidades carentes, assim como conchas de madre-p\u00e9rola, adquiridas em col\u00f4nias de pescadores do Par\u00e1. Insumos como a casca do coco; sementes de murici, tucum\u00e3 e a\u00e7a\u00ed; estirpe da pupunheira; assoalhos de madeiras diversas; ossos e chifres, tornam poss\u00edvel a cria\u00e7\u00e3o de pe\u00e7as originais, sem que o meio ambiente sofra com o ac\u00famulo de res\u00edduos. A empresa ainda permite que interessados participem da rede de revendas, como oportunidade de neg\u00f3cios mesmo em regi\u00f5es distantes da Amaz\u00f4nia. <\/p>\n

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* Fotos cedidas por Rita Prossi<\/i><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"