{"id":21633,"date":"2005-11-09T01:00:00","date_gmt":"2005-11-09T01:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2005-11-09T01:00:00","modified_gmt":"2005-11-09T01:00:00","slug":"exclusivo-perigo-a-mesa-uso-indevido-de-agrotoxicos-pode-representar-riscos-a-saude","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/exclusivas\/2005\/11\/09\/21633-exclusivo-perigo-a-mesa-uso-indevido-de-agrotoxicos-pode-representar-riscos-a-saude.html","title":{"rendered":"EXCLUSIVO: Perigo \u00e0 mesa \u2013 uso indevido de agrot\u00f3xicos pode representar riscos \u00e0 sa\u00fade"},"content":{"rendered":"
Reda\u00e7\u00e3o – Danielle Jordan \/ AmbienteBrasil <\/i><\/p>\n
Os agrot\u00f3xicos s\u00e3o largamente utilizados na agricultura, para defender as planta\u00e7\u00f5es de pragas. Estes produtos qu\u00edmicos est\u00e3o no Brasil desde a d\u00e9cada de 60, quando utilizados para combater vetores agr\u00edcolas. Anos ap\u00f3s, os agrot\u00f3xicos foram liberados para a compra e uso pelos agricultores, que os importavam de outros pa\u00edses. <\/p>\n
A boa utiliza\u00e7\u00e3o dos agroqu\u00edmicos traz benef\u00edcios para o desenvolvimento das lavouras, j\u00e1 que impede a a\u00e7\u00e3o de seres nocivos. Contudo, o uso inadequado do recurso causa contamina\u00e7\u00e3o ambiental e da sa\u00fade de quem o manipula. Al\u00e9m disso, estuda-se que os alimentos tratados \u00e0 base de agrot\u00f3xicos podem intoxicar pessoas que fazem seu uso com freq\u00fc\u00eancia. <\/p>\n
De acordo com a Pesquisadora do laborat\u00f3rio de Ecotoxicologia e Biosseguran\u00e7a da Embrapa Meio Ambiente, Vera L\u00facia de Castro, \u201cconsidera-se que h\u00e1 contamina\u00e7\u00e3o quando o agroqu\u00edmico est\u00e1 acima dos limites m\u00e1ximos permitidos pela legisla\u00e7\u00e3o no ar, solo, \u00e1gua, alimento, trabalhador, e assim por diante\u201d.<\/p>\n
Pesquisas apontam que a sensibilidade a poss\u00edveis efeitos dos agroqu\u00edmicos pode ser maior em crian\u00e7as do que em adultos, sendo o feto especialmente vulner\u00e1vel \u00e0 contamina\u00e7\u00e3o por produtos que podem atravessar a placenta. Neste caso, \u201cos efeitos dependem do produto, da dose, da dura\u00e7\u00e3o da exposi\u00e7\u00e3o materna, da fase da gesta\u00e7\u00e3o na qual ocorreu a exposi\u00e7\u00e3o entre outras vari\u00e1veis\u201d, explica. Segundo Vera, apesar de estar atenta, a sa\u00fade p\u00fablica ainda tem um caminho a percorrer para aprimorar pesquisas na \u00e1rea e determinar quais s\u00e3o os riscos reais, sendo necess\u00e1ria a an\u00e1lise da realidade econ\u00f4mica, social e pol\u00edtica. <\/p>\n
Ela sugere que sejam feitas estimativas relacionadas \u00e0 exposi\u00e7\u00e3o de diferentes produtos, como levantamento das diferen\u00e7as cin\u00e9ticas de um agroqu\u00edmico entre as diferentes faixas et\u00e1rias; realizar uma investiga\u00e7\u00e3o do comportamento de consumo alimentar infantil; aprimorar a avalia\u00e7\u00e3o de par\u00e2metros de desenvolvimento pr\u00e9 e p\u00f3s-natal; promover o estudo de bioindicadores mais espec\u00edficos; e promover avan\u00e7os na ecogen\u00e9tica atrav\u00e9s do estudo da intera\u00e7\u00e3o gene-ambiente-sa\u00fade.<\/p>\n
\u00c9 poss\u00edvel mensurar os impactos causados pela ingest\u00e3o de alimentos com agrot\u00f3xicos, com o \u201cmonitoramento biol\u00f3gico\u201d – uma avalia\u00e7\u00e3o indireta, que pode ser tanto qualitativa quanto quantitativa da exposi\u00e7\u00e3o aos agroqu\u00edmicos – de acordo com Vera. Para tornar poss\u00edvel esse monitoramento, \u00e9 necess\u00e1rio o conhecimento de um indicador biol\u00f3gico ou biomarcador. \u201cAssim, teriamos que quantificar o produto em estudo no alimento, quantificar a sua ingest\u00e3o em um determinado per\u00edodo pela dieta da popula\u00e7\u00e3o, determinar a absor\u00e7\u00e3o do agroqu\u00edmico pelo organismo e determinar o biomarcador a ser avaliado em uma amostra biol\u00f3gica (geralmente sangue, fezes ou urina)\u201d, explica.<\/p>\n
Ana Maria Vekic, gerente de an\u00e1lise toxicol\u00f3gica da Ag\u00eancia Nacional de Vigil\u00e2ncia Sanit\u00e1ria – Anvisa -, explica que a legisla\u00e7\u00e3o brasileira, datada de 1989, trabalha a quest\u00e3o levando em conta o potencial de periculosidade dos produtos, dividindo-o em duas categorias – uma que abrange a popula\u00e7\u00e3o em geral, consumidora, e a outra relacionada \u00e0 exposi\u00e7\u00e3o ocupacional, relativa aos aplicadores de produtos. Segundo ela, estes est\u00e3o muito mais propensos a riscos, devido ao contato direto. \u201cMuito ocorre pela falta de prote\u00e7\u00e3o\u201d, diz, seja pelo calor nas lavouras, pela falta de vontade de fazer uso dos equipamentos de prote\u00e7\u00e3o ou at\u00e9 mesmo pela falta de acesso a informa\u00e7\u00f5es. <\/p>\n
Os valores m\u00e1ximos permitidos para ingest\u00e3o di\u00e1ria podem variar de acordo com o produto da agricultura e o agroqu\u00edmico utilizado. Segundo Ana Maria, s\u00e3o realizados estudos que incluem an\u00e1lise laboratorial de amostras para levantar os valores permitidos. Segundo ela, os testes realizados permitem uma margem de seguran\u00e7a muito grande, o que diminui os riscos para a popula\u00e7\u00e3o em geral. Caso sejam detectadas irregularidades, o \u00f3rg\u00e3o cancela o registro do produto, de acordo com ela.<\/p>\n
A Anvisa trabalha na an\u00e1lise de res\u00edduos nos produtos, avaliando e certificando-os, atrav\u00e9s de registro, para consumo. S\u00e3o realizadas tamb\u00e9m revis\u00f5es de registros j\u00e1 concedidos, a fim de verificar se os produtos est\u00e3o mantendo os n\u00edveis autorizados. Existem ainda programas que visam a capacita\u00e7\u00e3o em todos os estados para que sejam identificados produtos intoxicados. <\/p>\n
A legisla\u00e7\u00e3o brasileira est\u00e1 sendo cumprida, na avalia\u00e7\u00e3o de Ana Maria. \u201cAt\u00e9 mesmo as empresas produtoras de agrot\u00f3xicos est\u00e3o sendo mais cobradas e foram se habituando \u00e0 entrega dos dados solicitados\u201d, diz. Uma das dificuldades encontradas, segundo ela, s\u00e3o disputas que tentam tirar da Anvisa e do Minist\u00e9rio do Meio Ambiente a compet\u00eancia na quest\u00e3o, deixando-a apenas a cargo do Minist\u00e9rio da Agricultura. Ela contesta, \u201cn\u00e3o podemos retroceder e deixar de pensar em sa\u00fade e meio ambiente nessa \u00e9poca de evolu\u00e7\u00e3o da lei\u201d. <\/p>\n
Sobre o custo-benef\u00edcio do uso de agrot\u00f3xicos, envolvendo-se nesse custo, n\u00e3o s\u00f3 os financeiros, mas os eventuais riscos de contamina\u00e7\u00e3o, Ana Maria avalia: \u201c\u00e9 claro que o ideal seria n\u00e3o usar, tendo possibilidades de agricultura org\u00e2nica, mas pensando na alimenta\u00e7\u00e3o de toda a popula\u00e7\u00e3o, \u00e9 muito dif\u00edcil essa pr\u00e1tica. Por tudo isso, o governo federal conta com todas essas a\u00e7\u00f5es de regulamenta\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n
Legisla\u00e7\u00e3o relacionada: <\/b><\/p>\n
Lei N\u00ba: 7.802\/89 – Disp\u00f5e sobre a pesquisa, a experimenta\u00e7\u00e3o, a produ\u00e7\u00e3o, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a utiliza\u00e7\u00e3o, a importa\u00e7\u00e3o, a exporta\u00e7\u00e3o, o destino final dos res\u00edduos de agrot\u00f3xicos.<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Usados com o argumento de que defendem as lavouras e, em consequ\u00eancia, a produ\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, os agrot\u00f3xicos apresentam riscos \u00e0 sa\u00fade e ao meio ambiente, principalmente \u00e0s crian\u00e7as e fetos. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[103],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21633"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=21633"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21633\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=21633"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=21633"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=21633"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}