Moradores das comunidades de S\u00e3o Raimundo do Pirativa e S\u00e3o Jo\u00e3o do Matapi, no Amap\u00e1, onde vinha sendo realizada a pesquisa sobre mal\u00e1ria, conviveram com produtos qu\u00edmicos inflam\u00e1veis e que causam danos \u00e0 sa\u00fade e ao meio ambiente.<\/p>\n
A constata\u00e7\u00e3o do perigo est\u00e1 no resultado do laudo de exame pericial da Pol\u00edcia T\u00e9cnico-Cient\u00edfica do Estado, assinado pelos peritos Odair Pereira Monteiro e Ulysses Teixeira. O material foi encontrado pela Pol\u00edcia Federal no sal\u00e3o comunit\u00e1rio de S\u00e3o Jo\u00e3o do Matapi, durante a visita do senador Crist\u00f3vam Buarque (PDT) \u00e0s comunidades em janeiro passado. O senador \u00e9 presidente da Comiss\u00e3o de Direitos Humanos do Senado.<\/p>\n
De acordo com o laudo, o armazenamento de solventes qu\u00edmicos como acetato de etila, acetona e \u00e1lcool met\u00edlico era deficiente e prec\u00e1rio. Segundo os peritos, o acetato de etila e a acetona s\u00e3o subst\u00e2ncias inflam\u00e1veis, vol\u00e1teis e quando em combust\u00e3o a \u00e1gua \u00e9 ineficaz para a conten\u00e7\u00e3o da chama, sendo necess\u00e1ria a utiliza\u00e7\u00e3o de p\u00f3 qu\u00edmico, que n\u00e3o \u00e9 encontrado em nenhuma das duas comunidades. Quanto ao \u00e1lcool met\u00edlico, quando ingerido, causa edema em placas e hemorragia nos tecidos pulmonares.<\/p>\n
Todos os produtos encontrados no sal\u00e3o comunit\u00e1rio estavam cobertos apenas por uma lona preta. O pr\u00e9dio sem paredes laterais fica ao lado de uma escola de 1\u00aa a 4\u00aa s\u00e9rie:
\n– O armazenamento de subst\u00e2ncias qu\u00edmicas requer sempre muita aten\u00e7\u00e3o, bom senso, treinamento e boas condi\u00e7\u00f5es de trabalho, seguindo normas como forma de promover a minimiza\u00e7\u00e3o dos riscos ao meio ambiente – defendem os peritos no laudo.<\/p>\n
Durante a visita de Crist\u00f3vam Buarque, moradores das duas comunidades disseram que os respons\u00e1veis pela pesquisa haviam retirado o material de um pr\u00e9dio em madeira que funcionava como laborat\u00f3rio em S\u00e3o Raimundo do Pirativa. Os produtos qu\u00edmicos junto com outros materiais haviam sido levados para o sal\u00e3o comunit\u00e1rio poucos dias antes da visita do senador. Em S\u00e3o Raimundo o laborat\u00f3rio funcionava ao lado do posto de sa\u00fade e a pouco mais de 50 metros da escola da comunidade.<\/p>\n
Suspeitas refor\u00e7adas – <\/b>A per\u00edcia foi feita a pedido do promotor Haroldo Jos\u00e9 de Arruda Franco, e contou com a participa\u00e7\u00e3o dos peritos criminais federais Andr\u00e9 Morum de Lima Sim\u00e3o e Osvaldo Messias Tavares Tupinamb\u00e1. A assessoria de Imprensa do Minist\u00e9rio P\u00fablico Estadual diz que o promotor Haroldo Franco entende que o resultado do laudo apenas refor\u00e7ou as suspeitas iniciais de que o material qu\u00edmico representava amea\u00e7a \u00e0 popula\u00e7\u00e3o e ao meio ambiente. O promotor enviou o laudo \u00e0 Comiss\u00e3o de Direitos Humanos do Senado Federal.<\/p>\n
A pesquisa sobre mal\u00e1ria vinha sendo realizada desde 2003, recebia financiamento do Instituto Nacional de Sa\u00fade dos Estados Unidos ao custo de US$ 1 milh\u00e3o e era coordenado pela Universidade da Fl\u00f3rida, em parceria com a Fiocruz – Funda\u00e7\u00e3o Instituto Oswaldo Cruz, a USP – Universidade de S\u00e3o Paulo e a Funasa – Funda\u00e7\u00e3o Nacional de Sa\u00fade.<\/p>\n
Em dezembro passado o promotor Haroldo Franco descobriu que moradores serviam de cobaias na pesquisa. Os ribeirinhos recebiam R$ 10 por m\u00eas para capturar mosquitos que transmitem mal\u00e1ria e tendo inclusive alimentado com o pr\u00f3prio sangue os insetos. (Domiciano Gomes\/ Folha do Amap\u00e1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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