{"id":25990,"date":"2006-07-30T00:00:00","date_gmt":"2006-07-30T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2006-07-30T00:00:00","modified_gmt":"2006-07-30T00:00:00","slug":"situacao-de-assentamentos-na-bacia-do-xingu-no-mato-grosso-e-dramatica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2006\/07\/30\/25990-situacao-de-assentamentos-na-bacia-do-xingu-no-mato-grosso-e-dramatica.html","title":{"rendered":"Situa\u00e7\u00e3o de assentamentos na Bacia do Xingu no Mato Grosso \u00e9 dram\u00e1tica"},"content":{"rendered":"
A situa\u00e7\u00e3o dos assentamentos de reforma agr\u00e1ria na Bacia do rio Xingu no Mato Grosso \u00e9 dram\u00e1tica. Pelo menos \u00e9 o que atesta o relat\u00f3rio de um estudo realizado em 22 \u00e1reas patrocinado pelo Instituto Nacional de Coloniza\u00e7\u00e3o e Reforma Agr\u00e1ria (Incra) a partir de articula\u00e7\u00f5es feitas pela campanha ´Y Ikatu Xingu, que pretende proteger e recuperar as nascentes e as matas ciliares do rio Xingu no Mato Grosso. No total, existem 27 assentamentos na regi\u00e3o. O trabalho est\u00e1 dispon\u00edvel na p\u00e1gina da mobiliza\u00e7\u00e3o na internet (clique aqui<\/a>).<\/div>\n

Entre outras conclus\u00f5es, a pesquisa executada por consultores contratados pelo Instituto Interamericano de Coopera\u00e7\u00e3o para a Agricultura (IICA) aponta que a maior parte dos moradores dos assentamentos n\u00e3o t\u00eam acesso a redes de \u00e1gua e energia e a servi\u00e7os de sa\u00fade e transporte (apenas 4 assentamentos t\u00eam eletricidade). Grande parte deles tamb\u00e9m n\u00e3o consegue obter cr\u00e9dito rural devido a situa\u00e7\u00e3o fundi\u00e1ria irregular. Os assentados tamb\u00e9m n\u00e3o conseguem escoar a sua produ\u00e7\u00e3o, carecem de assist\u00eancia t\u00e9cnica e n\u00e3o s\u00e3o atendidos pelos \u00f3rg\u00e3os governamentais respons\u00e1veis por eles: o pr\u00f3prio Incra e a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assist\u00eancia e Extens\u00e3o Rural (Empaer).<\/p>\n

O estudo indica ainda que, em v\u00e1rios locais, as \u00c1reas de Preserva\u00e7\u00e3o Permanente (APPs) e as Reservas Legais est\u00e3o bastante degradadas (em apenas dois assentamentos as RLs s\u00e3o coletivas e est\u00e3o bem preservadas). A atividade econ\u00f4mica predominante \u00e9 a pecu\u00e1ria de baixa qualidade e produtividade. Muitas vezes, o gado bebe \u00e1gua diretamente nas nascentes e cursos de \u00e1gua, pisoteando suas margens e contaminando a \u00e1gua. O documento afirma que a situa\u00e7\u00e3o de \u201cirregularidade quanto a posse dos lotes \u00e9 generalizada\u201d, existindo v\u00e1rios casos de venda, divis\u00e3o ou agrupamento ilegais de \u00e1reas e beneficiados que n\u00e3o se enquadram no perfil de clientes da reforma agr\u00e1ria. Al\u00e9m disso, das 5,3 mil fam\u00edlias existentes nas \u00e1reas estudadas, apenas 2,4 mil residem efetivamente em seus lotes, ou seja, 45,5 % do total.<\/p>\n

De acordo com o relat\u00f3rio, mesmo em alguns casos onde houve apoio financeiro do governo para a constru\u00e7\u00e3o de moradias, elas est\u00e3o em condi\u00e7\u00f5es prec\u00e1rias. Em aproximadamente 68% das habita\u00e7\u00f5es n\u00e3o h\u00e1 sanit\u00e1rios ou banheiros. Em nove assentamentos n\u00e3o h\u00e1 escolas e, nos restantes, elas oferecem um ensino que vai apenas at\u00e9 a 8\u00ba s\u00e9rie e \u00e9 de baixa qualidade. Isso acontece por causa da falta de material did\u00e1tico, dos baixos sal\u00e1rios e pouca capacita\u00e7\u00e3o dos professores. Al\u00e9m disso, o transporte escolar \u00e9 tamb\u00e9m muito prec\u00e1rio, muitas escolas n\u00e3o t\u00eam sanit\u00e1rios e, \u00e1s vezes, falta \u00e1gua, luz e merenda escolar. A conseq\u00fc\u00eancia \u00e9 que a maior parte dos adolescentes est\u00e1 indo embora para as cidades atr\u00e1s de melhores condi\u00e7\u00f5es de vida. Praticamente n\u00e3o h\u00e1 cursos de alfabetiza\u00e7\u00e3o para adultos. <\/p>\n

\u201cNessas condi\u00e7\u00f5es, os assentados n\u00e3o conseguem produzir e quando chega a hora de pagar os financiamentos, eles n\u00e3o t\u00eam dinheiro e ficam inadimplentes. A \u00fanica solu\u00e7\u00e3o \u00e9 vender o lote a pre\u00e7o de banana e ir embora para a cidade\u201d, explica Nilfo Wandsheer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde (MT). Ele lembra tamb\u00e9m que os assentamentos est\u00e3o tendo problemas s\u00e9rios com doen\u00e7as como a dengue, a mal\u00e1ria e a leishmaniose. \u201cEnquanto n\u00e3o se fizer uma vistoria s\u00e9ria nesses locais, n\u00e3o se refinanciar a d\u00edvida dos parceleiros e a assist\u00eancia t\u00e9cnica n\u00e3o chegar at\u00e9 eles, enfim, enquanto n\u00e3o existir uma pol\u00edtica p\u00fablica efetiva para a reforma agr\u00e1ria no Estado, a situa\u00e7\u00e3o vai continuar a mesma.\u201d<\/p>\n

V\u00eddeo de apoio \u00e0 campanha com modelo Gisele B\u00fcndchen est\u00e1 dispon\u00edvel na internet<\/strong><\/div>\n

O videotape sobre a visita da modelo Gisele B\u00fcndchen a uma comunidades do Parque Ind\u00edgena do Xingu j\u00e1 est\u00e1 dispon\u00edvel no site da campanha \u2018Y Ikatu Xingu (confira<\/a>). A top model resolveu aderir \u00e0 mobiliza\u00e7\u00e3o e tem defendido a causa da prote\u00e7\u00e3o das nascentes do rio Xingu em entrevistas e eventos que participa no Brasil e no exterior.<\/p>\n

Gisele esteve em uma aldeia da etnia Kis\u00eadj\u00ea, em maio passado, para conhecer seu dia-a-dia. Ela conversou e conviveu com crian\u00e7as, adultos e idosos da comunidade. O filme agora dispon\u00edvel (inclusive para dowload) registra a viagem e entrevistas feitas pela pr\u00f3pria celebridade a lideran\u00e7as ind\u00edgenas, pol\u00edticos da regi\u00e3o e \u00e0 coordenadora do Programa de Pol\u00edtica e Direito Socioambiental do ISA, Adriana Ramos, sobre o problema do desmatamento das matas de beira de rio do Xingu. H\u00e1 quase dois anos, a modelo e seu ent\u00e3o namorado, o ator Leonardo di Caprio, j\u00e1 haviam participado do Kuarup, a principal comemora\u00e7\u00e3o religiosa dos povos do Alto Xingu. O ISA \u00e9 uma das organiza\u00e7\u00f5es que integram a campanha.<\/p>\n

\u201cH\u00e1 in\u00fameras quest\u00f5es com as quais devemos nos preocupar em rela\u00e7\u00e3o ao meio ambiente, mas acredito que a quest\u00e3o das \u00e1guas \u00e9 fundamental. N\u00e3o podemos viver sem \u00e1gua e \u00e9 aqui, no Brasil, que est\u00e1 a maior concentra\u00e7\u00e3o de \u00e1gua doce do mundo, mais de 10% das reservas do planeta\u201d, explica Gisele. Ela lembra que o desmatamento nas cabeceiras dos rios formadores do Xingu j\u00e1 secou v\u00e1rias nascentes e que o problema est\u00e1 se acentuando. \u201cA quest\u00e3o n\u00e3o atinge apenas os povos ind\u00edgenas, mas tamb\u00e9m mais de 250 mil habitantes n\u00e3o ind\u00edgenas que vivem na regi\u00e3o.\u201d<\/p>\n

A mata ciliar \u00e9 a vegeta\u00e7\u00e3o que margeia e protege os corpos de \u00e1gua. Com o desmatamento dessas \u00e1reas, muitos nascentes desaparecem e os rios come\u00e7am a assorear, com a perda de seu volume, piora na qualidade da \u00e1gua e diminui\u00e7\u00e3o do n\u00famero de peixes. At\u00e9 2005, mais de 270 mil hectares de matas de beira de rio j\u00e1 haviam sido destru\u00eddos na Bacia do Xingu no Mato Grosso. A regi\u00e3o abrange, no total, 17,7 milh\u00f5es de hectares e, at\u00e9 o ano passado, mais de 5,5 milh\u00f5es de hectares deles j\u00e1 haviam sido desmatados. De 1994 a 2003, o desmatamento dobrou, passando de cerca de 2 milh\u00f5es de hectares para 4 milh\u00f5es.<\/p>\n

(Fonte: Instituo S\u00f3cio Ambiental)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"