{"id":29770,"date":"2007-02-28T00:00:00","date_gmt":"2007-02-28T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2007-02-28T00:00:00","modified_gmt":"2007-02-28T00:00:00","slug":"picadas-inofensivas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2007\/02\/28\/29770-picadas-inofensivas.html","title":{"rendered":"Picadas inofensivas"},"content":{"rendered":"

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Experimentos que t\u00eam como objetivo levar ao desenvolvimento de uma vacina contra a picada do escorpi\u00e3o amarelo (Tityus serrulatus<\/em>) est\u00e3o sendo realizados em Belo Horizonte por pesquisadores da Funed – Funda\u00e7\u00e3o Ezequiel Dias e da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. <\/p>\n

Carlos Ch\u00e1vez-Ol\u00f3rtegui, professor da UFMG e coordenador dos trabalhos, destaca que n\u00e3o existe no mundo uma vacina contra picadas de escorpi\u00e3o. No caso brasileiro, o alvo foi o amarelo. <\/p>\n

\u201cO Tityus serrulatus<\/em> \u00e9 a esp\u00e9cie respons\u00e1vel pela maioria dos envenenamentos por picadas do animal no Brasil, sobretudo em S\u00e3o Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais, este \u00faltimo respons\u00e1vel por mais de 50% dos casos notificados. No total, s\u00e3o mais de 20 mil casos por ano em todo o pa\u00eds, sendo que a mortalidade atinge cerca de 1,5% desse total\u201d, disse \u00e0 Ag\u00eancia Fapesp. <\/p>\n

Atualmente, a Funed e o Instituto Butantan, em S\u00e3o Paulo, produzem soros para tratar pessoas picadas pelo animal. O objetivo dos estudos feitos em Minas Gerais \u00e9 desenvolver anticorpos protetores in vivo (vacinas) com potencial de uso terap\u00eautico, visando a aplica\u00e7\u00f5es preventivas. \u201cO indiv\u00edduo teria anticorpos no organismo antes de ser picado, que neutralizariam os efeitos das toxinas\u201d, explicou Ch\u00e1vez-Ol\u00f3rtegui. <\/p>\n

No estudo, o veneno do escorpi\u00e3o amarelo foi dividido em componentes letais, t\u00f3xicos e n\u00e3o-t\u00f3xicos. Apesar de apresentar caracter\u00edsticas que a assemelham dos componentes t\u00f3xicos, os pesquisadores se concentraram na prote\u00edna TsNTxP (Tityus serrulatus<\/em> non-toxic protein), ap\u00f3s a comprova\u00e7\u00e3o, por meio de an\u00e1lises farmacol\u00f3gicas, de que ela n\u00e3o \u00e9 t\u00f3xica. <\/p>\n

\u201cA TsNTxP \u00e9 muito parecida com toxinas do veneno do escorpi\u00e3o, mas alguns amino\u00e1cidos, que n\u00e3o est\u00e3o presentes na prote\u00edna, fazem com que ela perca seu grau de toxicidade\u201d, disse Ch\u00e1vez-Ol\u00f3rtegui. Os pesquisadores injetaram doses da TsNTxP em camundongos, que n\u00e3o morreram ap\u00f3s receberem uma quantidade da prote\u00edna equivalente a duas picadas do escorpi\u00e3o amarelo. <\/p>\n

\u201cQuando purificamos a TsNTxP na mistura do veneno e a injetamos em camundongos, os camundongos produziram anticorpos que neutralizaram as toxinas do veneno\u201d, explicou o pesquisador. O veneno do escorpi\u00e3o tem cerca de 100 prote\u00ednas que podem ser t\u00f3xicas. <\/p>\n

Caminhos alternativos<\/strong> – Como a TsNTxP nativa (purificada do veneno) representa cerca de apenas 1% do veneno do escorpi\u00e3o, para se ter uma carateriza\u00e7\u00e3o imunol\u00f3gica mais eficiente seria preciso uma grande quantidade do veneno total do escorpi\u00e3o, o que \u00e9 muito dif\u00edcil conseguir. A solu\u00e7\u00e3o foi partir para a produ\u00e7\u00e3o dessa prote\u00edna em bact\u00e9rias, usando t\u00e9cnicas de engenharia gen\u00e9tica. <\/p>\n

Ch\u00e1vez-Ol\u00f3rtegui explica que, depois de produzida, a \u00fanica quest\u00e3o era ter certeza de que a prote\u00edna recombinante tamb\u00e9m seria capaz de induzir anticorpos com a mesma efici\u00eancia da prote\u00edna nativa. \u201cComprovamos que as duas t\u00eam caracter\u00edstica molecular e grau de imunogenicidade semelhantes\u201d, disse <\/p>\n

Com um litro da subst\u00e2ncia proveniente da cultura de bact\u00e9rias foi poss\u00edvel produzir de 5 a 15 miligramas da prote\u00edna. Em seguida, os pesquisadores identificaram partes das mol\u00e9culas da TsNTxP respons\u00e1veis pela indu\u00e7\u00e3o de anticorpos. <\/p>\n

\u201cAp\u00f3s a conclus\u00e3o dessa fase, que chamamos de mapeamento de ep\u00edtopos, conseguimos construir quimicamente a prote\u00edna sint\u00e9tica em laborat\u00f3rio, a partir da estrutura prim\u00e1ria da mol\u00e9cula de interesse. O grande avan\u00e7o \u00e9 que agora temos tr\u00eas maneiras de obter ant\u00edgenos da prote\u00edna TsNTxP em quantidade satisfat\u00f3ria, o que torna mais pr\u00f3xima a possibilidade de termos uma vacina contra o veneno do Tityus serrulatus\u201d, afirma Ch\u00e1vez-Ol\u00f3rtegui. <\/p>\n

Atualmente, os pesquisadores fazem testes com diferentes esquemas de imuniza\u00e7\u00e3o em camundongos com a TsNTxP em sua formas nativa, recombinante e tamb\u00e9m com pept\u00eddeos sint\u00e9ticos identificados na estrutura molecular da prot\u00e9ina. <\/p>\n

\u201cOs resultados t\u00eam sido extremamente promissores. O pr\u00f3ximo passo ser\u00e1 fazer testes em animais intermedi\u00e1rios entre humanos e camundongos, seguindo as recomenda\u00e7\u00f5es dos organismos competentes brasileiros e da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade\u201d, contou Ch\u00e1vez-Ol\u00f3rtegui. <\/p>\n

O trabalho tem apoio do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient\u00edfico e Tecnol\u00f3gico e da Fapemig – Funda\u00e7\u00e3o de Amparo \u00e0 Pesquisa do Estado de Minas Gerais. (Thiago Romero\/ Ag\u00eancia Fapesp)<\/p>\n

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Ap\u00f3s caracterizarem imunol\u00f3gica e molecularmente uma prote\u00edna n\u00e3o-t\u00f3xica presente no veneno do escorpi\u00e3o, pesquisadores mineiros tentam produzir vacina capaz de neutralizar efeitos das picadas do animal. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[75],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29770"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=29770"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29770\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=29770"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=29770"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=29770"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}