{"id":31478,"date":"2007-05-31T00:00:00","date_gmt":"2007-05-31T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2007-05-31T00:00:00","modified_gmt":"2007-05-31T00:00:00","slug":"grupo-acha-novo-roedor-na-mata-atlantica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2007\/05\/31\/31478-grupo-acha-novo-roedor-na-mata-atlantica.html","title":{"rendered":"Grupo acha novo roedor na mata atl\u00e2ntica"},"content":{"rendered":"
O bicho foi descrito por uma equipe coordenada pela pesquisadora Leonora Pires Costa e, por enquanto, parece estar presente nos estados de S\u00e3o Paulo, Minas Gerais e Esp\u00edrito Santo, em locais com altitude acima de 800 m. Em m\u00e9dia, ele n\u00e3o passa de uns 20 cm de comprimento (incluindo a cauda) e provavelmente se alimenta de frutas \u2013 os estudos ainda s\u00e3o preliminares demais para afirmar isso com certeza.<\/p>\n
\u201cIsso mostra como ainda sabemos pouco sobre a biodiversidade da mata atl\u00e2ntica e sul-americana, em especial em rela\u00e7\u00e3o aos pequenos mam\u00edferos\u201d, afirma Costa. \u201cOs novos dados est\u00e3o aparecendo de forma exponencial.\u201d Ela cita o exemplo dos didelf\u00eddeos, a fam\u00edlia dos gamb\u00e1s e cu\u00edcas: de 1993 para c\u00e1, o n\u00famero de esp\u00e9cies conhecidas do grupo subiu quase 70%.<\/p>\n
A primeira pista de que poderia se tratar de um bicho at\u00e9 ent\u00e3o desconhecido veio durante os estudos de doutorado de Costa, que foram realizados na Universidade da Calif\u00f3rnia em Berkeley (Estados Unidos). Com a ajuda de seu orientador, James L. Patton, ela estava analisando o DNA do que parecia ser um roedor j\u00e1 conhecido, o Juliomys pictipes, quando deu de cara com algumas seq\u00fc\u00eancias suspeitas, aparentemente bem distintas do padr\u00e3o dessa esp\u00e9cie.<\/p>\n
\u201cA partir da\u00ed n\u00f3s intensificamos a coleta de esp\u00e9cimes e passamos a examinar tamb\u00e9m detalhes morfol\u00f3gicos desses indiv\u00edduos geneticamente diferentes\u201d, conta ela. Um dos tra\u00e7os t\u00edpicos do Juliomys ossitenuis \u00e9 o tamanho, mais modesto do que o dos demais membros de seu g\u00eanero. Seu cr\u00e2nio e seus ossos tamb\u00e9m s\u00e3o mais delicados \u2013 da\u00ed o latim ossitenuis, \u201cossos delgados\u201d. (A primeira parte do nome homenageia o zo\u00f3logo argentino Julio Contreras.)<\/p>\n
Teste de DNA – <\/strong>Mas a grande diferen\u00e7a entre o bichinho e seus parentes evolutivos est\u00e1 realmente no DNA. No estudo, publicado na revista cient\u00edfica \u201cZootaxa\u201d, os pesquisadores usaram um gene das mitoc\u00f4ndrias, as usinas de energia das c\u00e9lulas, muito \u00fatil para medir a variabilidade dentro e fora de uma esp\u00e9cie.<\/p>\n Ao comparar a vers\u00e3o desse gene presente no novo roedor com o de seus primos do g\u00eanero Juliomys, os pesquisadores constataram uma diferen\u00e7a em torno de 14%. \u00c9 bastante significativo, j\u00e1 que o gene, dentro de membros da mesma esp\u00e9cie, n\u00e3o costuma variar mais do que 2,5%. Outros dados gen\u00e9ticos corroboram a an\u00e1lise.<\/p>\n O curioso \u00e9 que, apesar da diferen\u00e7a gen\u00e9tica, o novo roedor parece conviver com seu primo J. pictipes. \u00c9 dif\u00edcil dizer como as duas esp\u00e9cies acabaram se diferenciando apesar da proximidade. \u201c\u00c9 uma pergunta interessante, mas n\u00f3s ainda n\u00e3o temos muitos dados a esse respeito. Pode ser que seja um contato secund\u00e1rio, ou seja, primeiro as popula\u00e7\u00f5es se separaram geograficamente e divergiram e s\u00f3 depois voltaram a conviver\u201d, diz a pesquisadora da Ufes.<\/p>\n Embora a exist\u00eancia do bicho num ecossistema t\u00e3o amea\u00e7ado quanto a mata atl\u00e2ntica s\u00f3 tenha sido constatada agora, isso n\u00e3o significa automaticamente que ele esteja sob risco de extin\u00e7\u00e3o. Um sinal encorajador \u00e9 sua presen\u00e7a em matas espalhadas por v\u00e1rios estados do Sudeste. Outro, mais preocupante, \u00e9 o fato de ele habitar regi\u00f5es montanhosas \u2013 com o aquecimento global a galope, a tend\u00eancia \u00e9 que os ambientes mais elevados acabem se modificando, encolhendo o espa\u00e7o para os bichos que vivem neles, lembra Costa.<\/p>\n O trabalho recebeu apoio financeiro das ONGs Funda\u00e7\u00e3o Biodiversitas e WWF-Brasil, da National Geographic Society e do CEPF – Critical Ecosystem Partnership Fund. (Reinaldo Jos\u00e9 Lopes\/ Globo Online)\n<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"