{"id":34364,"date":"2007-10-29T00:00:00","date_gmt":"2007-10-29T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2007-10-29T00:00:00","modified_gmt":"2007-10-29T00:00:00","slug":"esgoto-e-calor-sufocam-o-velho-chico-em-minas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2007\/10\/29\/34364-esgoto-e-calor-sufocam-o-velho-chico-em-minas.html","title":{"rendered":"Esgoto e calor sufocam o Velho Chico em Minas"},"content":{"rendered":"

H\u00e1 pelo menos dois meses a popula\u00e7\u00e3o ribeirinha do m\u00e9dio S\u00e3o Francisco, no norte de Minas Gerais, tenta se acostumar com a estranha colora\u00e7\u00e3o verde das \u00e1guas e a prolifera\u00e7\u00e3o de peixes mortos no encontro do Rio S\u00e3o Francisco com um de seus principais afluentes, o Rio das Velhas. O cen\u00e1rio \u00e9 o reflexo mais vis\u00edvel da maior contamina\u00e7\u00e3o de que se tem not\u00edcia na bacia por cianobact\u00e9rias, tamb\u00e9m conhecidas como algas azuis. <\/p>\n

Resultado de uma combina\u00e7\u00e3o de polui\u00e7\u00e3o e estiagem prolongada, a concentra\u00e7\u00e3o em n\u00edveis elevados das algas obrigou o governo mineiro a determinar, no dia 18, a proibi\u00e7\u00e3o da atividade pesqueira num trecho de mais de 600 quil\u00f4metros dos rios, da regi\u00e3o metropolitana de Belo Horizonte at\u00e9 a divisa com a Bahia.<\/p>\n

As cianobact\u00e9rias liberam toxinas que podem causar danos \u00e0 sa\u00fade em caso de ingest\u00e3o ou contato com as \u00e1guas. Apesar do nome, quanto maior a contamina\u00e7\u00e3o, mais esverdeada fica a \u00e1gua, que tamb\u00e9m exala forte odor. O fen\u00f4meno \u00e9 monitorado desde 1996, mas, neste ano, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent\u00e1vel (Semad), atingiu n\u00edveis cr\u00edticos. <\/p>\n

As cianobact\u00e9rias s\u00e3o microorganismos fotossintetizantes unicelulares, cuja prolifera\u00e7\u00e3o est\u00e1 ligada ao excesso de luminosidade e aumento da mat\u00e9ria org\u00e2nica nos rios. O Rio das Velhas recebe boa parte do esgoto produzido na Grande Belo Horizonte e a seca no norte de Minas levou \u00e0 redu\u00e7\u00e3o da vaz\u00e3o dos rios.<\/p>\n

O epis\u00f3dio fez recrudescer entre ambientalistas e autoridades do Estado as cr\u00edticas ao projeto de transposi\u00e7\u00e3o das \u00e1guas do S\u00e3o Francisco – cujas obras foram iniciadas pelo governo federal – e a necessidade de enfrentamento do passivo ambiental acumulado no chamado rio “da uni\u00e3o nacional”. <\/p>\n

Para o secret\u00e1rio-executivo do Comit\u00ea Gestor de Fiscaliza\u00e7\u00e3o Ambiental Integrada da Semad, Paulo Teodoro Carvalho, a gravidade do problema depende da freq\u00fc\u00eancia de chuvas nas nascentes. “Estamos atravessando uma \u00e9poca em que tinha de estar chovendo e chovendo um bom volume de \u00e1gua. Com isso (a estiagem), a vaz\u00e3o dos rios atingiu n\u00edveis m\u00ednimos e propicia o aparecimento das algas.”<\/p>\n

OXIG\u00caNIO<\/strong><\/p>\n

Na comunidade de Barra do Guaicu\u00ed, distrito de V\u00e1rzea da Palma, pescadores apontam desolados para curumat\u00e1s, piaus e dourados boiando nas margens. “As cianobact\u00e9rias, em grande quantidade, disputam o oxig\u00eanio com os peixes”, explica o bi\u00f3logo Marcelo de Oliveira Lima, que desenvolve com a popula\u00e7\u00e3o local um projeto de piscicultura em tanques de redes no S\u00e3o Francisco. “Temos agora de rezar, torcer para chover o quanto antes.”<\/p>\n

A conflu\u00eancia dos rios \u00e9 a mais afetada. Antes mesmo da proibi\u00e7\u00e3o da pesca, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) j\u00e1 havia recomendado a suspens\u00e3o do uso da \u00e1gua dos rios e o consumo de peixes.<\/p>\n

Na unidade de sa\u00fade local foram registrados quadros de diarr\u00e9ia, v\u00f4mito e dor de cabe\u00e7a. A ingest\u00e3o de peixe contaminado pode ainda trazer complica\u00e7\u00f5es para o f\u00edgado, como hepatite t\u00f3xica. A \u00e1gua contaminada pode causar irrita\u00e7\u00e3o na pele.<\/p>\n

A proibi\u00e7\u00e3o da pesca atinge 428 quil\u00f4metros do S\u00e3o Francisco e 200 quil\u00f4metros do Rio das Velhas, at\u00e9 1\u00ba de novembro, quando come\u00e7a a piracema (\u00e9poca de reprodu\u00e7\u00e3o dos peixes). Amostras foram encaminhadas para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, para avaliar a presen\u00e7a de toxinas. O resultado ser\u00e1 divulgado nos pr\u00f3ximos dias. <\/p>\n

An\u00e1lise recente da Companhia de Saneamento de Minas (Copasa) indica que a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 de alerta, com oscila\u00e7\u00e3o na contagem de c\u00e9lulas das algas e altern\u00e2ncia de esp\u00e9cies de cianobact\u00e9rias nos dois rios.<\/p>\n

O ponto mais cr\u00edtico foi constatado no Rio das Velhas, entre os munic\u00edpios de Jequitib\u00e1, Lassance e V\u00e1rzea da Palma, ao norte de Belo Horizonte. Ali, a ocorr\u00eancia das cianobact\u00e9rias \u00e9 superior ao limite m\u00e1ximo estipulado pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, de 10 mil c\u00e9lulas por mililitro de \u00e1gua.<\/p>\n

Resultado semelhante foi identificado no Rio S\u00e3o Francisco, nas cidades de Ponto Chique, S\u00e3o Francisco, Janu\u00e1ria e Manga, tamb\u00e9m no norte mineiro. H\u00e1 alta concentra\u00e7\u00e3o de cianobact\u00e9rias, mas o n\u00edvel de toxicidade \u00e9 dez vezes menor. Ind\u00edcios de contamina\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m foram detectados na regi\u00e3o de Bom Jesus da Lapa, na Bahia. <\/p>\n

O governo mineiro afirma que tem feito investimentos significativos nos sistemas de esgotamento sanit\u00e1rio da regi\u00e3o, incluindo a constru\u00e7\u00e3o de uma Esta\u00e7\u00f5es de Tratamento de Esgoto (ETE). Uma das metas \u00e9 concluir, at\u00e9 2010, a despolui\u00e7\u00e3o total do Rio das Velhas.
\n(Fonte: Eduardo Kattah \/ O Estado de S. Paulo)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Lan\u00e7amento de material org\u00e2nico no rio provoca prolifera\u00e7\u00e3o de algas e amea\u00e7a munic\u00edpios do Estado. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[91],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34364"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=34364"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34364\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=34364"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=34364"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=34364"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}