{"id":35019,"date":"2007-11-30T01:00:00","date_gmt":"2007-11-30T01:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2007-11-30T01:00:00","modified_gmt":"2007-11-30T01:00:00","slug":"exclusivo-brasil-da-pessimo-exemplo-em-consumo-racional-de-agua-diz-especialista","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/exclusivas\/2007\/11\/30\/35019-exclusivo-brasil-da-pessimo-exemplo-em-consumo-racional-de-agua-diz-especialista.html","title":{"rendered":"EXCLUSIVO – Brasil d\u00e1 p\u00e9ssimo exemplo em consumo racional de \u00e1gua, diz especialista"},"content":{"rendered":"
M\u00f4nica Pinto \/ AmbienteBrasil<\/strong><\/p>\n

Os maus exemplos da capital do Brasil n\u00e3o se restringem aos epis\u00f3dios de corrup\u00e7\u00e3o, nepotismo e malversa\u00e7\u00e3o do er\u00e1rio vindos de parte da classe pol\u00edtica que freq\u00fcentemente chegam ao conhecimento p\u00fablico. Bairros de Bras\u00edlia em que se concentra a popula\u00e7\u00e3o com maior poder aquisitivo s\u00e3o os locais no mundo onde se registra o maior consumo per capita<\/em> de \u00e1gua, com mil litros escorrendo diariamente pelos ralos. Dessa forma, ultrapassou o recorde mundial, at\u00e9 ent\u00e3o do Canad\u00e1, com a marca de 800 litros\/dia\/per capita<\/em>. <\/p>\n

Essas informa\u00e7\u00f5es s\u00e3o do consultor e especialista em programas de uso racional da \u00e1gua, Paulo Costa, radicado em S\u00e3o Paulo (SP), para quem tamanho desperd\u00edcio transcende as paredes das mans\u00f5es brasilienses e instala-se confortavelmente no Pal\u00e1cio do Planalto. <\/p>\n

“O Brasil caminha errado no controle do desperd\u00edcio e em novas pol\u00edticas p\u00fablicas que possam ser aplicadas a fim de que o usu\u00e1rio economize de maneira consciente”, disse ele a AmbienteBrasil<\/strong>. <\/p>\n

“A \u00e1gua \u00e9 essencial para nossa matriz energ\u00e9tica. Se n\u00f3s economizarmos 20% do que se tem atualmente gasto, com certeza n\u00e3o teremos o apag\u00e3o previsto para 2011 e t\u00e3o alardeado”, completa o especialista, para quem o poder p\u00fablico \u00e9 “m\u00edope” porque n\u00e3o enxerga o consumo insensato como um problema. <\/p>\n

Ele corrobora essa tese perguntando quais s\u00e3o os \u00f3rg\u00e3os p\u00fablicos a terem programas permanentes de racionaliza\u00e7\u00e3o e controle do uso de \u00e1gua e por que as concession\u00e1rias da distribui\u00e7\u00e3o s\u00f3 se ocupam de falar em economia \u00e0s v\u00e9speras de uma estiagem ou quando ela j\u00e1 est\u00e1 acontecendo. <\/p>\n

Ao mesmo tempo, as recupera\u00e7\u00f5es das redes de abastecimento s\u00f3 s\u00e3o feitas quando existem grandes vazamentos. “H\u00e1 uma perda estimada entre 36% a 40% pela Sabesp (a companhia distribuidora de S\u00e3o Paulo<\/em>), antes da \u00e1gua chegar \u00e0 torneira do consumidor”, diz Paulo Costa. <\/p>\n

Metr\u00f3poles como T\u00f3quio, no Jap\u00e3o, reduziram as perdas f\u00edsicas a cerca de 3% do total de \u00e1gua tratada, simplesmente “ca\u00e7ando” vazamentos. <\/p>\n

No pr\u00f3prio estado de S\u00e3o Paulo, h\u00e1 pelo menos um caso de sucesso: a cidade de S\u00e3o Caetano do Sul, que, na avalia\u00e7\u00e3o do especialista, executa um controle de perda de \u00e1gua exemplar. <\/p>\n

“Eles foram buscar tecnologia em Israel, o acompanhamento \u00e9 feito por radiofreq\u00fc\u00eancia, que permite um monitoramento por segundo, por minuto e por hora, de modo a que se possa observar as varia\u00e7\u00f5es suspeitas”, explica. <\/p>\n

Na China, est\u00e1 sendo fabricado hoje um vaso sanit\u00e1rio que consome apenas 3,5 litros de \u00e1gua por descarga. Seu uso foi inclu\u00eddo no c\u00f3digo de obras editado naquele pa\u00eds em mar\u00e7o deste ano. Enquanto isso, no Brasil, ainda existem resid\u00eancias com v\u00e1lvulas de descarga antigas, que gastam de 12 a 20 litros de \u00e1gua a cada acionamento. <\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 a toa que muitos pa\u00edses e cidades do exterior t\u00eam investido em tecnologias mais racionais (veja no final da mat\u00e9ria<\/em>), a exemplo dos vasos sanit\u00e1rios economizadores, j\u00e1 dispon\u00edveis no Brasil, mas por ora sem despertar maiores interesses no p\u00fablico consumidor. <\/p>\n

“Essa \u00e9 uma boa \u00e1rea para come\u00e7ar a investir recursos, com ganhos para todos: contribuintes, governo e o meio ambiente, prejudicado pela sempre crescente necessidade de novos reservat\u00f3rios de \u00e1gua, que acabam promovendo o desmatamento de florestas”, diz Paulo Costa.<\/p>\n

Confira alguns exemplos de programas bem sucedidos internacionalmente apontados por ele: <\/p>\n

M\u00e9xico – Em 1991, o governo mexicano criou o “reposition cost”, substituindo tr\u00eas milh\u00f5es e meio de v\u00e1lvulas por vasos sanit\u00e1rios com caixa acoplada, de 6 litros de descarga, obtendo uma redu\u00e7\u00e3o de consumo de 5 mil litros de \u00e1gua por segundo.”Reposition cost” era o pre\u00e7o que cada propriet\u00e1rio de edifica\u00e7\u00e3o, dos mais variados usos, havia pago para reposi\u00e7\u00e3o das bacias, trocadas em locais autorizados para tanto, e que era devolvido pelo governo. <\/p>\n

Nova York (EUA) – Conseguiu instalar mais de um milh\u00e3o de bacias sanit\u00e1rias economizadoras, entre 1994 e 1996. A prefeitura reembolsava as despesas dos moradores e empres\u00e1rios locais com a troca de bacias. A iniciativa poupou 216 milh\u00f5es de litros de \u00e1gua por dia e o investimento se pagou em quatro meses. <\/p>\n

Los Angeles (EUA) – O governo da Calif\u00f3rnia ofereceu redu\u00e7\u00e3o de impostos para toda a troca de bacias com consumo superior a 6 litros. Tamb\u00e9m utilizou uma intensiva campanha publicit\u00e1ria nos meios de comunica\u00e7\u00e3o, mostrando as vantagens e a economia provenientes da troca de bacias. <\/p>\n

Jap\u00e3o – L\u00e1 foram mudadas as regras da constru\u00e7\u00e3o civil e os condom\u00ednios, hot\u00e9is e hospitais passaram a ser constru\u00eddos com sistemas particulares de reaproveitamento de \u00e1guas servidas. Neles, a \u00e1gua sai pelo ralo do box ou da banheira, segue por canos independentes at\u00e9 um pequeno reservat\u00f3rio que abastece os vasos sanit\u00e1rios da edifica\u00e7\u00e3o. S\u00f3 ent\u00e3o vira esgoto que, em algumas cidades \u00e9 tratado e reutilizado em processos industriais.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"