{"id":35100,"date":"2007-12-05T00:00:00","date_gmt":"2007-12-05T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2007-12-05T00:00:00","modified_gmt":"2007-12-05T00:00:00","slug":"usinas-no-madeira-sao-inicio-de-grande-projeto-amazonico","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2007\/12\/05\/35100-usinas-no-madeira-sao-inicio-de-grande-projeto-amazonico.html","title":{"rendered":"Usinas no Madeira s\u00e3o in\u00edcio de grande projeto amaz\u00f4nico"},"content":{"rendered":"
Al\u00e9m das duas usinas que devem ser licitadas – no dia 10 de dezembro ser\u00e1 a vez da hidrel\u00e9trica de Santo Ant\u00f4nio -, o plano prev\u00ea duas outras hidrel\u00e9tricas e a cria\u00e7\u00e3o de uma hidrovia que ligar\u00e1 Brasil, Peru e Bol\u00edvia e facilitar\u00e1 o escoamento de produtos brasileiros para os principais mercados mundiais.<\/p>\n
“\u00c9 uma barragem de gera\u00e7\u00e3o, com possibilidade para aproveitamento de hidrovia. \u00c9 uma tend\u00eancia dos novos projetos, \u00e9 o caso de Tucuru\u00ed (PA)”, diz Afonso Goulart, gerente regional de Furnas em Rond\u00f4nia, referindo-se \u00e0 hidrel\u00e9trica de Santo Ant\u00f3nio. “Aqui tem tamb\u00e9m essa possibilidade desde que seja poss\u00edvel viabilizar isso tecnicamente e ambientalmente.”<\/p>\n
Com a constru\u00e7\u00e3o dos empreendimentos de Santo Ant\u00f4nio e Jirau, ficariam faltando apenas as usinas de Cachoeira de Ribeir\u00e3o, que seria obrigatoriamente binacional pela proximidade com a Bol\u00edvia, e Cachuela Esperanza, em territ\u00f3rio boliviano, para que fosse poss\u00edvel navegar ao longo de 4,2 mil quil\u00f4metros pelos rios Madeira, Mamor\u00e9 e Beni (Bol\u00edvia).<\/p>\n
As obras cobririam de \u00e1gua as corredeiras do Rio Madeira e outros obst\u00e1culos naturais que hoje impedem a navega\u00e7\u00e3o. Seria ainda necess\u00e1rio construir eclusas, elevadores para as embarca\u00e7\u00f5es superarem os desn\u00edveis dos rios. Para o Brasil, a hidrovia significaria o escoamento mais barato da soja e da madeira, entre outros produtos.<\/p>\n
O Complexo Madeira est\u00e1 inserido nos projetos da Iniciativa de Integra\u00e7\u00e3o de Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), mecanismo firmado em 2000 pelos presidentes dos 12 pa\u00edses da Am\u00e9rica do Sul, para incentivar a integra\u00e7\u00e3o f\u00edsica e econ\u00f4mica da regi\u00e3o.<\/p>\n
Para a Federa\u00e7\u00e3o das Ind\u00fastrias de Rond\u00f4nia (Fiero), a aproxima\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o amaz\u00f4nica com os pa\u00edses andinos faz mais sentido do que uma tentativa de integra\u00e7\u00e3o com os mercados mais industrializados do sul do pa\u00eds.<\/p>\n
“Para a economia de Rond\u00f4nia, para o est\u00e1gio em que se encontra, \u00e9 muito mais razo\u00e1vel pensar em uma integra\u00e7\u00e3o com esses pa\u00edses que t\u00eam uma economia mais parecida com a nossa. Sob certos aspectos, s\u00e3o complementares. Se conseguirmos essa integra\u00e7\u00e3o, ela ser\u00e1 mais f\u00e1cil e (ter\u00e1) resultados mais vis\u00edveis do que a gente pensar em produzir e levar para o mercado de Rio, S\u00e3o Paulo, Minas”, afirma Antonio Marrocos, um dos diretores da Fiero.<\/p>\n
Mas os cr\u00edticos da iniciativa condenam o fato de que um projeto dessa magnitude esteja avan\u00e7ando sem o que acreditam ser um processo de discuss\u00e3o amplo com a sociedade dos pa\u00edses envolvidos.<\/p>\n
“A sociedade est\u00e1 ficando a reboque desse processo. N\u00e3o est\u00e1 discutindo os processos, est\u00e1 sendo levada a apoiar”, diz o historiador Iremar Ferreira, da Campanha Rio Madeira Vivo, rede de organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais contra as usinas do Madeira.<\/p>\n
A organiza\u00e7\u00e3o Amigos da Terra, por exemplo, afirma que, ao baratear o custo da soja, a hidrovia favoreceria ainda a substitui\u00e7\u00e3o de ecossistemas amaz\u00f4nicos por lavouras – que hoje j\u00e1 representa uma das principais press\u00f5es pelo desmatamento.<\/p>\n
A remo\u00e7\u00e3o de obst\u00e1culos naturais tamb\u00e9m \u00e9 vista com preocupa\u00e7\u00e3o por cientistas que trabalham na Amaz\u00f4nia, como o bi\u00f3logo holand\u00eas Marc van Roosmalen, autor da descoberta de diversas esp\u00e9cies na regi\u00e3o do rio Madeira.<\/p>\n
“O Madeira \u00e9 o mais importante rio ap\u00f3s o Amazonas na hist\u00f3ria da Amaz\u00f4nia como barreira geol\u00f3gica para explicar todas as descobertas. Se eles mexerem l\u00e1, o rio \u00e9 t\u00e3o importante que mexe com tudo. Eles (os defensores do projeto) n\u00e3o entendem nada de sistemas geomorfol\u00f3gicos, \u00e9 altamente perigoso mexer com isso”, diz Roosmalen.<\/p>\n
Os ambientalistas criticam ainda o fato de os estudos de impacto ambiental n\u00e3o terem abrangido todo o projeto, mas apenas as duas usinas do Madeira. Um exemplo, dizem eles, \u00e9 o fato de que nem mesmo os 2.450 quil\u00f4metros de linhas de transmiss\u00e3o, indispens\u00e1veis para levar a energia produzida aos mercados do sudeste, foram inclu\u00eddas nos estudos nos quais foi baseada a emiss\u00e3o da licen\u00e7a pr\u00e9via, pelo Ibama.<\/p>\n
Para os cr\u00edticos, trata-se de uma estrat\u00e9gia de aprovar o projeto em etapas para que n\u00e3o seja discutido com a devida clareza os impactos que todo o complexo teria.<\/p>\n
O presidente da Empresa de Pesquisa Energ\u00e9tica (EPE), Maur\u00edcio Tolmasquim, diz que o debate ser\u00e1 feito quando for proposta a constru\u00e7\u00e3o das eclusas que viabilizariam a hidrovia.<\/p>\n
“A eclusa n\u00e3o est\u00e1 prevista, a base, sim. \u00c9 uma quest\u00e3o \u00e0 parte, ter\u00e1 que haver um debate caso se considere oportuno, no momento que for, mas n\u00e3o existe uma decis\u00e3o sobre as eclusas”, afirma Tolmasquim.<\/p>\n
Para Marrocos, da Fiero, por\u00e9m, se n\u00e3o fossem as hidrel\u00e9tricas e o Complexo do Madeira, seria preciso pensar numa forma alternativa de desenvolver a regi\u00e3o.<\/p>\n
“Esse \u00e9 o caminho natural do avan\u00e7o do homem no Brasil, a n\u00e3o ser que n\u00f3s pud\u00e9ssemos imaginar cercar a Amaz\u00f4nia. ‘Ningu\u00e9m entra, ningu\u00e9m derruba, ningu\u00e9m abre caminho’, mas para isso n\u00f3s vamos ter que encontrar solu\u00e7\u00e3o para toda essa popula\u00e7\u00e3o no restante do Brasil.”<\/p>\n
Como projeto apoiado pela IIRSA, as usinas do Madeira dever\u00e3o receber financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimenro), do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ\u00f4mico e Social) e da Corpora\u00e7\u00e3o Andina de Fomento (CAF). (Estad\u00e3o Online<\/em>)\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"