{"id":39552,"date":"2008-07-21T00:00:00","date_gmt":"2008-07-21T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2008-07-21T00:00:00","modified_gmt":"2008-07-21T00:00:00","slug":"deus-biblico-pode-ser-fusao-de-varios-deuses-pagaos-dizem-especialistas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2008\/07\/21\/39552-deus-biblico-pode-ser-fusao-de-varios-deuses-pagaos-dizem-especialistas.html","title":{"rendered":"Deus b\u00edblico pode ser fus\u00e3o de v\u00e1rios deuses pag\u00e3os, dizem especialistas"},"content":{"rendered":"

A afirma\u00e7\u00e3o pode soar desrespeitosa para judeus ou crist\u00e3os, mas n\u00e3o est\u00e1 muito longe da verdade: Jav\u00e9, o Deus do Antigo Testamento, parece ter m\u00faltiplas personalidades. Para ser mais exato, especialistas que estudam os textos b\u00edblicos, l\u00eaem antigas inscri\u00e7\u00f5es encontradas nos arredores de Israel ou escavam s\u00edtios arque\u00f3logicos est\u00e3o reconhecendo a influ\u00eancia conjunta de diversos deuses pag\u00e3os antigos no retrato de Jav\u00e9 tra\u00e7ado pela B\u00edblia. <\/p>\n

A id\u00e9ia n\u00e3o \u00e9 demonstrar que o Deus b\u00edblico n\u00e3o passa de mais um personagem da mitologia. Os pesquisadores querem apenas entender como elementos comuns \u00e0 cultura do antigo Oriente Pr\u00f3ximo, e principalmente da regi\u00e3o onde hoje ficam o estado de Israel, os territ\u00f3rios palestinos, o L\u00edbano e a S\u00edria, contribu\u00edram para as id\u00e9ias que os antigos israelitas tinham sobre os seres divinos. As conclus\u00f5es ainda s\u00e3o preliminares, mas h\u00e1 bons ind\u00edcios de que Jav\u00e9 \u00e9 uma fus\u00e3o entre um deus idoso e paternal e um jovem deus guerreiro, com pitadas de outras divindades \u2013 uma delas do sexo feminino. <\/p>\n

O ponto de partida dessas an\u00e1lises \u00e9 o fundo cultural comum entre o antigo povo de Israel e seus vizinhos e advers\u00e1rios, os cananeus (moradores da terra de Cana\u00e3, como era chamada a regi\u00e3o entre o rio Jord\u00e3o e o mar Mediterr\u00e2neo em tempos antigos). A B\u00edblia retrata os israelitas como um povo quase totalmente distinto dos cananeus, mas os dados arque\u00f3logicos revelam profundas semelhan\u00e7as de l\u00edngua, costumes e cultura material \u2013 a l\u00edngua de Cana\u00e3, por exemplo, era s\u00f3 um dialeto um pouco diferente do hebraico b\u00edblico. <\/p>\n

Mem\u00f3rias de Ugarit<\/strong> <\/p>\n

Os cananeus n\u00e3o deixaram para tr\u00e1s uma heran\u00e7a liter\u00e1ria t\u00e3o rica quanto a B\u00edblia. No entanto, poucos quil\u00f4metros ao norte de Cana\u00e3, na atual S\u00edria, ficava a cidade-Estado de Ugarit, cuja l\u00edngua e cultura eram praticamente id\u00eanticas \u00e0s de seus primos do sul. Ugarit foi destru\u00edda por invasores b\u00e1rbaros em 1200 a.C., mas os arque\u00f3logos recuperaram numerosas inscri\u00e7\u00f5es da cidade, nas quais d\u00e1 para entrever uma mitologia que apresenta semelhan\u00e7as (e diferen\u00e7as) impressionantes com as narrativas da B\u00edblia. \u201cPor isso, Ugarit \u00e9 uma parte importante do fundo cultural que, mais tarde, daria origem \u00e0s tribos de Israel\u201d, resume Christine Hayes, professora de estudos cl\u00e1ssicos judaicos da Universidade Yale (EUA). <\/p>\n

Uma das figuras mais proeminentes nesses textos \u00e9 El \u2013 nome que quer dizer simplesmente \u201cdeus\u201d nas antigas l\u00ednguas da regi\u00e3o, mas que tamb\u00e9m se refere a uma divindade espec\u00edfica, o patriarca, ou chefe de fam\u00edlia, dos deuses. \u201cPatriarca\u201d \u00e9 a palavra-chave: o El de Ugarit tem paralelos muito espec\u00edficos com a figura de Deus durante o per\u00edodo patriarcal, retratado no livro do G\u00eanesis e personificado pelos ancestrais dos israelitas: Abra\u00e3o, Isaac e Jac\u00f3. <\/p>\n

Nesses textos da B\u00edblia h\u00e1, por exemplo, refer\u00eancias a El Shadday (literalmente \u201cEl da Montanha\u201d, embora a express\u00e3o normalmente seja traduzida como \u201cDeus Todo-Poderoso\u201d), El Elyon (\u201cDeus Alt\u00edssimo\u201d) e El Olam (\u201cDeus Eterno\u201d). O curioso \u00e9 que, na mitologia ugar\u00edtica, El tamb\u00e9m \u00e9 imaginado vivendo no alto de uma montanha e visto como um anci\u00e3o s\u00e1bio, de vida eterna. <\/p>\n

Tal como os patriarcas b\u00edblicos, El \u00e9 uma esp\u00e9cie de n\u00f4made, vivendo numa vers\u00e3o divina da tenda dos bedu\u00ednos; e, mais importante ainda, El tem uma rela\u00e7\u00e3o especial com os chefes dos cl\u00e3s, tal como Abra\u00e3o, Isaac e Jac\u00f3: eles os protege e lhes promete uma descend\u00eancia numerosa. Ora, a maior parte do livro do G\u00eanesis \u00e9 o relato da amizade de Deus com os patriarcas israelitas, guiando suas migra\u00e7\u00f5es e fazendo a promessa solene de transformar a descend\u00eancia deles num povo \u201cmais numeroso que as estrelas do c\u00e9u\u201d. <\/p>\n

Israel ou \u201cIsra\u00edas\u201d?<\/strong><\/p>\n

Outros dados, mais circunstanciais, tra\u00e7am outros elos entre o Deus do G\u00eanesis e El: num dos trechos aparentemente mais antigos do livro b\u00edblico, Deus \u00e9 chamado pelo ep\u00edteto po\u00e9tico de \u201cTouro de Jac\u00f3\u201d (frase \u00e0s vezes traduzida como \u201cPoderoso de Jac\u00f3\u201d), enquanto a mitologia ugar\u00edtica compara El freq\u00fcentemente a um touro. Finalmente, o pr\u00f3prio nome do povo escolhido \u2013 Israel, originalmente dado como alcunha ao patriarca Jac\u00f3 \u2013 carrega o elemento \u201c-el\u201d, lembra Airton Jos\u00e9 da Silva, professor de Antigo Testamento do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeir\u00e3o Preto (SP). <\/p>\n

\u201c\u00c9 o nome do deus cananeu, mais um ind\u00edcio de que Israel surge dentro de Cana\u00e3, por um processo gradual\u201d, diz Silva. Ele argumenta que, se Jav\u00e9 fosse desde sempre a divindade dos israelitas, o nome desse povo seria \u201cIsra\u00edas\u201d. Isso porque o elemento adaptado como \u201c-\u00edas\u201d em portugu\u00eas (algo como -yahu) era, em hebraico, uma forma contrata do nome \u201cJav\u00e9\u201d. Curiosamente, o elemento se torna dominante nos chamados nomes teof\u00f3ricos (ligados a uma divindade) dados a israelitas no per\u00edodo da monarquia, a partir dos s\u00e9culos 10 a.C. e 9 a.C. <\/p>\n

E esse nome (provavelmente Yahweh em hebraico; a sonoridade original foi obscurecida pelo costume de n\u00e3o pronunciar a palavra por respeito) \u00e9 um enigma e tanto. As tradi\u00e7\u00f5es b\u00edblicas s\u00e3o um tanto contradit\u00f3rias, mas pelo menos uma fonte das Escrituras afirma que Jav\u00e9 s\u00f3 deu a conhecer seu verdadeiro nome aos israelitas quando convocou Mois\u00e9s para ser seu profeta e arrancar os descendentes de Jac\u00f3 da escravid\u00e3o no Egito. (A Mois\u00e9s, Deus diz que apareceu a Abra\u00e3o, Isaac e Jac\u00f3 como \u201cEl Shadday\u201d.) O problema \u00e9 que ningu\u00e9m sabe qual a origem de Jav\u00e9, o qual nunca parece ter sido uma divindade canan\u00e9ia, exatamente como diz o autor b\u00edblico. <\/p>\n

Senhor do deserto<\/strong><\/p>\n

A esmagadora maioria dos arque\u00f3logos e historiadores modernos n\u00e3o coloca suas fichas no \u00caxodo maci\u00e7o de 600 mil israelitas (sem contar mulheres e crian\u00e7as) do Egito, por dois motivos: a semelhan\u00e7a entre Israel e os cananeus e a falta de qualquer ind\u00edcio direto da fuga. Mas muitos sup\u00f5em que um pequeno componente dos grupos que se juntaram para formar a na\u00e7\u00e3o israelita tenha sido formado por adoradores de Jav\u00e9, que acabaram popularizando o culto. Quem seriam esses primeiros javistas? Uma pista pode vir de alguns documentos eg\u00edpcios, que os chamam de Shasu \u2013 algo como \u201cn\u00f4mades\u201d ou \u201cbedu\u00ednos\u201d. <\/p>\n

\u201cDuas ou tr\u00eas inscri\u00e7\u00f5es eg\u00edpcias mencionam um lugar chamado ‘Yhwh dos Shasu’, o que, para alguns especialistas, parece ser ‘Jav\u00e9 dos Shasu’. Talvez sim, talvez n\u00e3o. N\u00e3o temos como saber ao certo\u201d, diz Mark S. Smith, pesquisador da Universidade de Nova York e autor do livro \u201cThe Early History of God\u201d (\u201cA Hist\u00f3ria Antiga de Deus\u201d, ainda sem tradu\u00e7\u00e3o para o portugu\u00eas). <\/p>\n

\u201c\u00c9 menos prov\u00e1vel que o culto a Jav\u00e9 venha de dentro da Palestina e da S\u00edria, e um pouco mais plaus\u00edvel que ele tenha se originado em certas regi\u00f5es da Ar\u00e1bia\u201d, diz Airton da Silva. Mark Smith lembra que algumas das passagens po\u00e9ticas consideradas as mais antigas da B\u00edblia \u2013 nos livros dos Ju\u00edzes e nos Salmos, por exemplo \u2013 referem-se ao \u201clar\u201d de Jav\u00e9 em locais denominados \u201cTeiman\u201d ou \u201cParan\u201d. Aparentemente, s\u00e3o \u00e1reas des\u00e9rticas, apropriadas para a vida de nomadismo. \u201cMuitos especialistas localizam essa regi\u00e3o no que seria o noroeste da atual Ar\u00e1bia Saudita, ao sul da antiga Jud\u00e1 [parte mais meridional dos territ\u00f3rios israelitas]\u201d, diz Smith. <\/p>\n

Guerreiro divino<\/strong> <\/p>\n

Seja como for, quando Jav\u00e9 entra em cena com seu \u201cnome oficial\u201d durante o \u00caxodo b\u00edblico, a impress\u00e3o que se tem \u00e9 que ele j\u00e1 absorveu boa parte das caracter\u00edsticas de um outro deus cananeu: Baal (literalmente \u201csenhor\u201d, \u201cmestre\u201d e, em certos contextos, at\u00e9 \u201cmarido\u201d), um guerreiro jovem e impetuoso que acabou assumindo, na mitologia de Ugarit e da Fen\u00edcia (atual L\u00edbano), o papel de comando que era de El. <\/p>\n

Ind\u00edcios dessa nova \u201cpersonalidade\u201d de Deus surgem no fato de que, pela primeira vez na narrativa b\u00edblica, Jav\u00e9 \u00e9 visto como um guerreiro, destruindo os \u201ccarros de guerra e cavaleiros\u201d do Fara\u00f3 e, mais tarde, guiando as tribos de Israel \u00e0 vit\u00f3ria durante a conquista da terra de Cana\u00e3. Tal como Baal, Jav\u00e9 \u00e9 descrita como \u201ccavalgando as nuvens\u201d e \u201ctrovejando\u201d. E, mais importante ainda, uma s\u00e9rie de textos b\u00edblicos falam de Deus impondo sua vontade contra os mares impetuosos (como no caso do Mar Vermelho, em que as \u00e1guas engolem o ex\u00e9rcito eg\u00edpcio por ordem divina) ou derrotando monstros marinhos. <\/p>\n

H\u00e1 a\u00ed uma s\u00e9rie de semelhan\u00e7as com a mitologia canan\u00e9ia sobre Baal, o qual derrotou em combate o deus-monstro marinho Yamm (o nome quer dizer simplesmente \u201cmar\u201d em hebraico) ou \u201co Rio\u201d personificado. Na mitologia do Oriente Pr\u00f3ximo, as \u00e1guas marinhas eram vistas como s\u00edmbolos do caos primitivo, e por isso tinham de ser derrotadas e domadas pelos deuses. <\/p>\n

Jav\u00e9 tamb\u00e9m \u00e9 associado \u00e0 chuva e \u00e0 fertilidade da terra pelos antigos autores b\u00edblicos \u2013 atributos que aparecem entre as fun\u00e7\u00f5es de Baal. H\u00e1, por\u00e9m, uma diferen\u00e7a importante entre os dois deuses: outra narrativa de Ugarit fala do assassinato de Baal pelas m\u00e3os de Mot, o deus da morte, e da ressurrei\u00e7\u00e3o do jovem guerreiro \u2013 provavelmente uma representa\u00e7\u00e3o m\u00edtica do ciclo das esta\u00e7\u00f5es do ano, essencial para a agricultura, j\u00e1 que Baal era um deus que aben\u00e7oava a lavoura. <\/p>\n

O lado guerreiro de Jav\u00e9 \u00e9 talvez o mais dif\u00edcil de aceitar para a sensibilidade moderna: quando os israelitas realizam a conquista da terra de Cana\u00e3, a ordem dada por Deus \u00e9 de simplesmente exterminar todos os habitantes, e \u00e0s vezes at\u00e9 os animais (embora, em alguns casos, os homens de Israel recebam permiss\u00e3o para transformar as mulheres do inimigo em concubinas). <\/p>\n

Textos de outra na\u00e7\u00e3o da \u00e1rea, os moabitas (habitantes de Moab, a leste do Jord\u00e3o) ajudam a lan\u00e7ar luz sobre esse costume aparentemente b\u00e1rbaro. Um monumento de pedra conhecido como a estela de Mesa (nome de um rei de Moab em meados do s\u00e9culo 9 a.C.) fala, ironicamente, de uma guerra de Mesa com Israel na qual o rei moabita, por ordem de seu deus, Chemosh, decreta o herem, ou \u201cinterdito\u201d. E o herem nada mais \u00e9 que a execu\u00e7\u00e3o de todos os prisioneiros inimigos como um ato sagrado. Tratava-se, portanto, de um elemento cultural de toda a regi\u00e3o. <\/p>\n

Lado feminino<\/strong><\/p>\n

Se a \u201cm\u00faltipla personalidade\u201d de Jav\u00e9 pode ser basicamente descrita como uma combina\u00e7\u00e3o de El e Baal, h\u00e1 uma influ\u00eancia mais sutil, mas tamb\u00e9m percept\u00edvel, de um elemento feminino: a deusa da fertilidade Asherah, originalmente a esposa de Baal na mitologia canan\u00e9ia. Normalmente, Deus se comporta de forma masculina na B\u00edblia, e a linguagem utilizada para falar de sua rela\u00e7\u00e3o com os israelitas \u00e9, muitas vezes, a de um marido (Deus) e a esposa (o povo de Israel). Mas o livro b\u00edblico dos Prov\u00e9rbios, bem como alguns outras fontes israelitas, apresenta a figura da Sabedoria personificada, uma esp\u00e9cie de \u201cauxiliar\u201d ou \u201cprimeira criatura\u201d de Deus que o teria auxiliado na obra da cria\u00e7\u00e3o do mundo. <\/p>\n

Segundo o texto dos Prov\u00e9rbios, Deus \u201cse deleita\u201d com a Sabedoria e a usa para inspirar atos s\u00e1bios nos seres humanos. Para muitos pesquisadores, a figura da Sabedoria incorpora aspectos da antiga Asherah na maneira como os antigos israelitas viam Deus, criando uma esp\u00e9cie de tens\u00e3o: embora o pr\u00f3prio Deus n\u00e3o seja descrito como feminino, haveria uma complementaridade entre ele e sua principal auxiliar.
\n(Fonte: Reinaldo Jos\u00e9 Lopes \/ G1)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Personalidade e atributos de Jav\u00e9 s\u00e3o compartilhados com outras divindades do Oriente. Pai celestial El, jovem guerreiro Baal e at\u00e9 ‘senhora’ Asherah teriam sido influ\u00eancias. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[80],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/39552"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=39552"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/39552\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=39552"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=39552"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=39552"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}