{"id":40685,"date":"2008-09-15T00:00:00","date_gmt":"2008-09-15T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2008-09-15T00:00:00","modified_gmt":"2008-09-15T00:00:00","slug":"belo-e-assassino-coral-sol-invade-costoes-em-ilhabela","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2008\/09\/15\/40685-belo-e-assassino-coral-sol-invade-costoes-em-ilhabela.html","title":{"rendered":"Belo e assassino, coral-sol invade cost\u00f5es em Ilhabela"},"content":{"rendered":"
Aos olhos do mergulhador visitante, a beleza do coral-sol, com seus tent\u00e1culos amarelos que parecem iluminados, some antes mesmo da segunda sugada de ar no regulador.<\/p>\n

Basta lembrar o que os cientistas haviam dito sobre o animal antes de a explora\u00e7\u00e3o submarina come\u00e7ar: “Vamos observar uma esp\u00e9cie invasora, que mata os corais que s\u00f3 vivem na costa do Brasil”.<\/p>\n

Membros da ONG Terra e Mar – Gilberto Mour\u00e3o foi quem encontrou o invasor em S\u00e3o Paulo- e pesquisadores do Centro de Biologia Marinha da USP est\u00e3o desde janeiro convivendo com essa esp\u00e9cie assassina, que pela primeira vez \u00e9 detectada no pa\u00eds fora do Estado do Rio de Janeiro. Agora \u00e9 oficial: os invasores est\u00e3o migrando rumo ao sul.<\/p>\n

O coral-sol n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico estrangeiro em a\u00e7\u00e3o em \u00e1guas nacionais. Levantamento in\u00e9dito feito pela USP, que ser\u00e1 divulgado em outubro, mostra a invas\u00e3o de pelo menos outras 35 esp\u00e9cies marinhas.<\/p>\n

Para ver o belo e assassino coral-sol, a reportagem da Folha, a bordo do barquinho Shark – com o professor aposentado da USP Jos\u00e9 Carlos de Freitas no comando -, mergulhou no litoral norte (o local exato \u00e9 segredo para que curiosos n\u00e3o atrapalhem as pesquisas) na quinta-feira.<\/p>\n

O inimigo estava l\u00e1, no cost\u00e3o rochoso, a profundidades que variam de 50 cent\u00edmetros a 15 metros. O maior tapete coralino estava sob uma rocha grande, em uma zona que costuma ficar boa parte do tempo na sombra. Sem luz, os tent\u00e1culos dos p\u00f3lipos (os indiv\u00edduos das col\u00f4nias) ficam mais abertos.<\/p>\n

O diagn\u00f3stico inicial confirma que, s\u00f3 em \u00e1guas paulistas, essa esp\u00e9cie de coral origin\u00e1ria do Indo-Pac\u00edfico ocorre em um tri\u00e2ngulo de aproximadamente 25 mil metros quadrados.<\/p>\n

No Rio, no canal de Ilha Grande, onde o coral \u00e9 mais abundante, a invas\u00e3o ocorre ao longo de 25 quil\u00f4metros.<\/p>\n

Segundo Alberto Lindner, pesquisador do Cebimar e organizador da expedi\u00e7\u00e3o, o coral-sol (g\u00eanero Tubastrea) \u00e9 uma amea\u00e7a “porque ele mata o coral-c\u00e9rebro” (Mussismilia hispida), uma das esp\u00e9cie que s\u00f3 existe no Brasil.<\/p>\n

Registros dessa agress\u00e3o, que ocorre porque o coral invasor cresce sobre o end\u00eamico e promove a necrose dos indiv\u00edduos, foram feitos pela equipe de Joel Creed, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). O grupo estuda a invas\u00e3o do coral-sol desde 2000.<\/p>\n

Outro risco potencial que pode ocorrer, segundo os cientistas, \u00e9 tamb\u00e9m altamente impactante para a biodiversidade marinha brasileira. O coral-sol, segundo Lindner, ao ocupar o seu espa\u00e7o de forma agressiva –ele se reproduz entre 12 e 18 meses, o que \u00e9 bem r\u00e1pido para um coral– afugenta os invertebrados marinhos e peixes que j\u00e1 viviam naquele local. ‘Isso pode ter at\u00e9 conseq\u00fc\u00eancias econ\u00f4micas, dependendo dos animais que s\u00e3o deslocados’, disse o pesquisador da USP.<\/p>\n

A chegada do coral-sol, primeiro ao litoral do Rio de Janeiro, provavelmente h\u00e1 quase 20 anos, e agora h\u00e1 menos tempo em S\u00e3o Paulo, n\u00e3o \u00e9 fruto de uma distribui\u00e7\u00e3o aleat\u00f3ria causada pelas correntes marinhas. A culpa, aqui, \u00e9 dos navios que carregam petr\u00f3leo.<\/p>\n

“\u00c9 praticamente certo que o transporte desses corais [ao longo do Sudeste] ocorra tanto por plataformas quanto pelos cascos dos petroleiros, que trazem \u00f3leo da bacia de Campos para os terminais de Ilha Grande e para o Terminal Mar\u00edtimo Almirante Barroso, em S\u00e3o Sebasti\u00e3o”, diz Linder.<\/p>\n

Relatos cient\u00edficos, tamb\u00e9m feitos pela Uerj, mostram que as plataformas “off-shore” da Bacia de Campos, no final dos anos 1980, foram os primeiros pontos de desembarque do coral-sol no Brasil. Essa esp\u00e9cie emigrou do Caribe, onde chegou desde o Oriente nos anos 1940, e se alastrou pela regi\u00e3o.<\/p>\n

Pela raiz<\/strong><\/p>\n

Migra\u00e7\u00e3o confirmada, o levantamento cient\u00edfico que teve in\u00edcio no m\u00eas passado vai aumentar. Segundo Lindner, expedi\u00e7\u00f5es ser\u00e3o feitas nas pr\u00f3ximas semanas desde a regi\u00e3o da ilha Anchieta (Ubatuba) at\u00e9 a Laje de Santos, ao sul.<\/p>\n

Lindner defende a cria\u00e7\u00e3o de uma estrat\u00e9gia de erradica\u00e7\u00e3o dos invasores t\u00e3o logo o mapeamento esteja conclu\u00eddo, para evitar que o coral-sol continue a se espalhar pelo pa\u00eds. No Rio, a Uerj j\u00e1 se prepara para executar um plano radical de exterm\u00ednio: com o apoio de pescadores de Ilha Grande, os pesquisadores tentar\u00e3o raspar as col\u00f4nias das rochas.
\n(Fonte: Eduardo Geraque \/ Folha de S.Paulo)<\/em><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Levantamento in\u00e9dito feito pela USP, que ser\u00e1 divulgado em outubro, mostra a invas\u00e3o de pelo menos outras 35 esp\u00e9cies marinhas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[100],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/40685"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=40685"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/40685\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=40685"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=40685"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=40685"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}