{"id":41564,"date":"2008-10-27T00:00:00","date_gmt":"2008-10-27T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2008-10-27T00:00:00","modified_gmt":"2008-10-27T00:00:00","slug":"comunidades-na-amazonia-fazem-cartografia-com-gps-para-delimitar-suas-terras","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2008\/10\/27\/41564-comunidades-na-amazonia-fazem-cartografia-com-gps-para-delimitar-suas-terras.html","title":{"rendered":"Comunidades na Amaz\u00f4nia fazem cartografia com GPS para delimitar suas terras"},"content":{"rendered":"
Comunidades – muitas delas ind\u00edgenas – que vivem na Amaz\u00f4nia est\u00e3o elaborando uma cartografia pr\u00f3pria, na qual, gra\u00e7as a aparelhos de GPS, delimitam o que consideram suas terras.<\/p>\n

Trata-se de um projeto inovador que conta com o respaldo do Instituto Amaz\u00f4nico do Planejamento, Gest\u00e3o Urbana e Ambiental (Iagua).<\/p>\n

Um dos respons\u00e1veis pelo programa, o antrop\u00f3logo Alfredo Wagner Berno de Almeida, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), explicou \u00e0 Ag\u00eancia Efe que se trata de uma Nova Cartografia Social.<\/p>\n

Nela se pretende recolher a identidade tradicional de grupos ind\u00edgenas e outros coletivos, “invis\u00edveis socialmente” e que v\u00eaem seus territ\u00f3rios amea\u00e7ados diante do avan\u00e7o da agricultura n\u00e3o-aut\u00f3ctone, disse.<\/p>\n

Almeida, que participou em Barcelona do f\u00f3rum “Amaz\u00f4nia ferida – \u00e9 poss\u00edvel um desenvolvimento sustent\u00e1vel?”, disse que os membros dessas comunidades foram instru\u00eddos no uso dos sistemas de localiza\u00e7\u00e3o por sat\u00e9lite para que confeccionem seus mapas.<\/p>\n

S\u00e3o trabalhos cartogr\u00e1ficos muito minuciosos, feitos por eles mesmos com coordenadas e um grau de precis\u00e3o exato, onde marcam o que acham relevante em suas terras, de cultivos a lugares arqueol\u00f3gicos e sagrados, povoa\u00e7\u00f5es, cemit\u00e9rios ou pontos de venda de gasolina.<\/p>\n

Eles marcam elementos pr\u00e1ticos, mas tamb\u00e9m simb\u00f3licos que ajudam a refor\u00e7ar sua identidade coletiva.<\/p>\n

Por isso, os mapas s\u00e3o bil\u00edng\u00fces, tril\u00edng\u00fces ou escritos em quatro idiomas (o portugu\u00eas e as l\u00ednguas aut\u00f3ctones), j\u00e1 que, no territ\u00f3rio, s\u00e3o faladas mais de 180 l\u00ednguas que sobreviveram.<\/p>\n

Com esta cartografia social, h\u00e1 a tentativa de acabar com certo tipo de biologismo, alimentado durante s\u00e9culos apenas pelos conhecimentos de naturalistas viajantes, ge\u00f3grafos e bot\u00e2nicos que criaram uma “hegemonia de classifica\u00e7\u00e3o”.<\/p>\n

Essa hegemonia interpreta a Amaz\u00f4nia como um recurso natural e, s\u00f3 em um segundo plano, como um espa\u00e7o onde vivem comunidades humanas pr\u00f3prias.<\/p>\n

O projeto est\u00e1 gerando um conflito de interesses e tamb\u00e9m judicial entre as comunidades que vivem na regi\u00e3o – cerca de 35 milh\u00f5es de pessoas -, que pedem direito ancestral sobre as terras, e as grandes corpora\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas que as exploram e que apresentam “supostos documentos” de propriedade sobre elas.<\/p>\n

“N\u00e3o importa o tempo de ocupa\u00e7\u00e3o. Estas comunidades foram retiradas de suas terras originais”, afirmou Almeida sobre o aumento da “invas\u00e3o especulativa” devido \u00e0 alta do pre\u00e7o das mat\u00e9rias-primas (soja, cana-de-a\u00e7\u00facar, carv\u00e3o vegetal para siderurgia), al\u00e9m da exercida pelo setor de cria\u00e7\u00e3o de gado.<\/p>\n

Entre os grupos mais ativos est\u00e3o as comunidades ind\u00edgenas (aproximadamente 734 mil pessoas) que reivindicam 110 milh\u00f5es de hectares e os quilombolas (cerca de 2 milh\u00f5es) que exigem seus direitos sobre 30 milh\u00f5es de hectares.<\/p>\n

Al\u00e9m deles, as quebradeiras de coco (400 mil fam\u00edlias) exigem 20 milh\u00f5es e os seringueiros (163 mil) defendem “seus” 18 milh\u00f5es de hectares.<\/p>\n

H\u00e1 tamb\u00e9m antigas comunidades de europeus que vieram para o Brasil, como os pomeranos, que chegaram ao pa\u00eds no s\u00e9culo XIX procedentes da Pomer\u00e2nia – um territ\u00f3rio que agora \u00e9 dividido entre Alemanha e Pol\u00f4nia – e j\u00e1 se transformaram em um povo tradicional, com 150 mil pessoas que continuam falando sua l\u00edngua materna.<\/p>\n

Os que s\u00e3o contra este projeto social consideram que se trata de uma popula\u00e7\u00e3o muito reduzida para ocupar uma superf\u00edcie t\u00e3o extensa, mas, de acordo com Almeida, \u00e9 justamente essa baixa densidade que permite que as terras da regi\u00e3o sejam mais bem preservadas: “eles retiram pouco a pouco e a natureza rep\u00f5e”, concluiu.
\n(Fonte: Yahoo!)<\/em><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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