{"id":42858,"date":"2008-12-31T00:00:00","date_gmt":"2008-12-31T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2008-12-31T00:00:00","modified_gmt":"2008-12-31T00:00:00","slug":"cientistas-criam-material-que-nao-molha-nunca","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2008\/12\/31\/42858-cientistas-criam-material-que-nao-molha-nunca.html","title":{"rendered":"Cientistas criam material que n\u00e3o molha nunca"},"content":{"rendered":"
Os pesquisadores conseguiram um feito raro, melhorar o que existe na natureza. H\u00e1 folhas de plantas com superf\u00edcies hidrof\u00f3bicas, isto \u00e9, repelem a \u00e1gua, que em vez de penetr\u00e1-las forma gotas na sua superf\u00edcie. As penas das aves tamb\u00e9m t\u00eam essa propriedade – mas podem ser maculadas por \u00f3leo, como os derramamentos de petr\u00f3leo demonstram tristemente.<\/p>\n
A equipe de Robert Cohen, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA, criou superf\u00edcies igualmente hidrof\u00f3bicas e oleof\u00f3bicas. As propriedades “anti-sociais” do material s\u00e3o t\u00e3o fortes que os pesquisadores criaram uma nova palavra para descrev\u00ea-lo: “omnif\u00f3bico”, o que repele tudo.<\/p>\n
Uma das maneiras de obter a propriedade envolveu produzir uma textura microsc\u00f3pica na superf\u00edcie capaz de repelir o l\u00edquido em contato gra\u00e7as a min\u00fasculos bols\u00f5es de ar. A textura tem estruturas que lembram a forma de um cogumelo.<\/p>\n
O conceito essencial \u00e9 o de “tens\u00e3o superficial”, o efeito que faz a superf\u00edcie de um l\u00edquido se comportar como uma membrana el\u00e1stica. Ela \u00e9 causada pela atra\u00e7\u00e3o entre as mol\u00e9culas no interior do l\u00edquido. Os l\u00edquidos procuram adotar uma forma que minimize a superf\u00edcie, o que explica por que as gotas tendem a ser esferas (a forma com a menor rela\u00e7\u00e3o entre superf\u00edcie e volume).<\/p>\n
A \u00e1gua tem uma tens\u00e3o superficial alta, o que explica sua facilidade em formar gotas sobre uma superf\u00edcie hidrof\u00f3bica. J\u00e1 os \u00f3leos t\u00eam tens\u00e3o baixa, por isso tendem a formar po\u00e7as rasas e a penetrar tecidos.<\/p>\n
Al\u00e9m da superf\u00edcie com a forma correta, Cohen e colegas tamb\u00e9m usaram uma camada de um composto qu\u00edmico hidrof\u00f3bico, o fluorodecil-POSS, para criar um material verdadeiramente omnif\u00f3bico, como descreveram em artigo publicado no peri\u00f3dico “PNAS”. O efeito p\u00f4de ser observado at\u00e9 em uma pena de pato, que passou a repelir \u00f3leo depois de mergulhada no composto.<\/p>\n
“Os efeitos sinerg\u00e9ticos da textura reentrante da pena de pato e a pequena energia de superf\u00edcie das mol\u00e9culas de fluorodecil-POSS permitem \u00e0 pena repelir facilmente diversos tipos de l\u00edquidos”, diz Anish Tuteja, primeiro autor do estudo.<\/p>\n
J\u00e1 a equipe de Stefan Seeger, da Universidade de Zurique, Su\u00ed\u00e7a, conseguiu um tecido com propriedades super-hidrof\u00f3bicas ao revestir fibras de poli\u00e9ster com microsc\u00f3picos filamentos de silicone.<\/p>\n
O tecido impede a entrada de \u00e1gua, que se mant\u00e9m na forma de gotas esf\u00e9ricas, mantendo o m\u00ednimo contato com a superf\u00edcie. Segundo Seeger, \u00e9 tamb\u00e9m a combina\u00e7\u00e3o da estrutura microsc\u00f3pica com a camada qu\u00edmica que produz o efeito.<\/p>\n
Mesmo debaixo d’\u00e1gua o tecido mant\u00e9m a propriedade. Retirado em seguida, ele est\u00e1 seco. Seeger descreveu o material na revista cient\u00edfica “Advanced Functional Materials”.<\/p>\n
As aplica\u00e7\u00f5es da tecnologia n\u00e3o se limitam a tecidos. O estudo de Cohen e Tuteja teve financiamento da For\u00e7a A\u00e9rea dos EUA, interessada em obter membranas e veda\u00e7\u00f5es \u00e0 prova de \u00f3leo e combust\u00edvel de avi\u00e3o. Mas a descoberta despertou interesse at\u00e9 de fabricantes de aparelhos auditivos, que querem evitar o ac\u00famulo de cera do ouvido nos seus produtos. (Fonte: Ricardo Bonalume Neto\/ Folha Online)<\/em>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"