{"id":44013,"date":"2009-03-02T00:00:00","date_gmt":"2009-03-02T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2009-03-02T00:00:00","modified_gmt":"2009-03-02T00:00:00","slug":"sus-registra-2-partos-de-anencefalo-por-dia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2009\/03\/02\/44013-sus-registra-2-partos-de-anencefalo-por-dia.html","title":{"rendered":"SUS registra 2 partos de anenc\u00e9falo por dia"},"content":{"rendered":"
Os m\u00e9dicos disseram que 85% das mulheres com o diagn\u00f3stico quiseram interromper a gesta\u00e7\u00e3o. No entanto, afirmam que apenas 37% conseguiram autoriza\u00e7\u00e3o judicial. O restante recorreu a um aborto inseguro ou esperou at\u00e9 o fim. Esses dados s\u00e3o de uma pesquisa da Federa\u00e7\u00e3o Brasileira das Associa\u00e7\u00f5es de Ginecologia e Obstetr\u00edcia (Febrasgo) com a Universidade de Bras\u00edlia (UnB) e o Centro de Pesquisas em Sa\u00fade Reprodutiva, ligado \u00e0 Unicamp. A amostra foi feita com 1.814 m\u00e9dicos no Pa\u00eds, de um total de 15 mil.<\/p>\n
“A pesquisa mostra o quanto a anencefalia aparece na sa\u00fade e a import\u00e2ncia de o STF se posicionar sobre o tema”, afirma o ginecologista e obstetra Cristi\u00e3o Rosas, da Febrasgo, um dos respons\u00e1veis pelo estudo. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar nos pr\u00f3ximos meses a\u00e7\u00e3o que prev\u00ea permiss\u00e3o da interrup\u00e7\u00e3o da gravidez nos casos de anencefalia. Anteontem, representantes da Confer\u00eancia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estiveram no Supremo para reiterar a posi\u00e7\u00e3o contr\u00e1ria ao aborto.<\/p>\n
H\u00e1 tr\u00eas anos, pesquisa da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) mostrou que a interrup\u00e7\u00e3o nesses casos era proibida apenas no Oriente M\u00e9dio e na \u00c1frica. “A grande maioria dos m\u00e9dicos j\u00e1 teve experi\u00eancia com a anencefalia, o que mostra que, mesmo n\u00e3o sendo t\u00e3o comum, a quest\u00e3o faz parte da vida reprodutiva das mulheres e elas t\u00eam dificuldades em conseguir o amparo da Justi\u00e7a”, defende a antrop\u00f3loga D\u00e9bora Diniz, da UnB e da organiza\u00e7\u00e3o Anis. Estudo do Programa de Apoio a Projetos em Sexualidade e Sa\u00fade Reprodutiva (Prosare), ligado ao Cebrap, encontrou, entre 2001 e 2006, 46 pedidos de interrup\u00e7\u00e3o nos Tribunais de Justi\u00e7a do Pa\u00eds. Em 54% dos casos, a decis\u00e3o foi favor\u00e1vel \u00e0 mulher. Em outros 35% foi negado.<\/p>\n
Dados do Sistema \u00danico de Sa\u00fade apontaram que em 2007, \u00faltimo ano com informa\u00e7\u00f5es dispon\u00edveis, duas crian\u00e7as por dia nasceram com anencefalia no Brasil – e morreram na mesma data. Em raz\u00e3o disso, os n\u00fameros sobre o problema do DataSUS, que recolhe informa\u00e7\u00f5es da rede p\u00fablica, ficam no registro de mortalidade. O n\u00famero de \u00f3bitos est\u00e1 est\u00e1vel nos \u00faltimos anos: 545 em 2005, 595 em 2006 e 563 em 2007. Para Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Gen\u00e9tica M\u00e9dica, podem ocorrer tr\u00eas por dia, isso em raz\u00e3o de dados de literatura apontarem um caso para cada mil nascimentos.<\/p>\n
“Meu ch\u00e3o caiu”<\/strong> – Segundo levantamentos de ONGs, desde meados de 1990 ocorreram cerca de 3.500 autoriza\u00e7\u00f5es judiciais. C\u00e1tia Correa, que obteve a primeira autoriza\u00e7\u00e3o no Estado de SP, em 1993, conta como reagiu ao saber que estava gr\u00e1vida de um anenc\u00e9falo. “Meu ch\u00e3o caiu, quase morri. O mais triste \u00e9 essa sensa\u00e7\u00e3o de impot\u00eancia. Quando sa\u00eda, as pessoas perguntavam se era menino ou menina, quando nasceria, se tinha nome. Eu n\u00e3o podia responder, tinha de engolir a dor.”<\/p>\n Ela conta que descobriu o problema ao fazer um ultrassom no quarto m\u00eas. Demorou uma semana para decidir e, ap\u00f3s entrar com a a\u00e7\u00e3o, obteve a permiss\u00e3o em dois dias. “As costas e os ossos da coluna eram juntos.” Seis anos depois, engravidou novamente. Morando no interior, sem acesso ao ultrassom, foi descobrir aos oito meses que estava gr\u00e1vida de outro anenc\u00e9falo. Como estava no fim da gravidez, o beb\u00ea nasceu pouco ap\u00f3s o diagn\u00f3stico e foi enterrado em seguida. “S\u00f3 quem j\u00e1 passou por isso \u00e9 que sabe a dor. \u00c9 uma decis\u00e3o de cada uma, que sabe a dor que \u00e9 estar gr\u00e1vida e n\u00e3o ser m\u00e3e.” (Fonte: Estad\u00e3o Online)<\/em>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"