{"id":46024,"date":"2009-06-04T00:00:00","date_gmt":"2009-06-04T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2009-06-04T00:00:00","modified_gmt":"2009-06-04T00:00:00","slug":"poeira-do-deserto-faz-chover-na-floresta","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2009\/06\/04\/46024-poeira-do-deserto-faz-chover-na-floresta.html","title":{"rendered":"Poeira do deserto faz chover na floresta"},"content":{"rendered":"
De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de F\u00edsica da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) e um dos autores do trabalho, o objetivo foi realizar, pela primeira vez em uma regi\u00e3o tropical do planeta, medidas de aeross\u00f3is conhecidos como n\u00facleos de condensa\u00e7\u00e3o de gelo \u2013 part\u00edculas que t\u00eam a propriedade de formar nuvens convectivas, influenciando a precipita\u00e7\u00e3o, a din\u00e2mica das nuvens e a quantidade de entrada e sa\u00edda de radia\u00e7\u00e3o solar.<\/p>\n
\u201cAs nuvens convectivas na Amaz\u00f4nia, que ficam entre 12 e 15 quil\u00f4metros de altitude, t\u00eam suas gotas congeladas. Para que possam aparecer part\u00edculas de gelo nessas nuvens \u00e9 preciso existir os n\u00facleos de condensa\u00e7\u00e3o de gelo. Pela primeira vez medimos as propriedades f\u00edsico-qu\u00edmicas desses n\u00facleos\u201d, disse \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP.<\/p>\n
Segundo Artaxo, ao fazer as medidas, o grupo descobriu que a vegeta\u00e7\u00e3o da pr\u00f3pria Amaz\u00f4nia e a poeira proveniente do Saara s\u00e3o as duas principais fontes dos n\u00facleos de condensa\u00e7\u00e3o de gelo.<\/p>\n
\u201cA import\u00e2ncia disso \u00e9 que a maior parte da chuva na Amaz\u00f4nia \u00e9 proveniente das nuvens convectivas. E \u00e9 a primeira vez que detectamos essas part\u00edculas. Identificamos como n\u00facleos de gelo e medimos suas propriedades f\u00edsicas, qu\u00edmicas e biol\u00f3gicas\u201d, disse o tamb\u00e9m coordenador do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amaz\u00f4nia (LBA) e ex-coordenador da \u00e1rea de geoci\u00eancias da FAPESP.<\/p>\n
Para realizar o estudo, o grupo utilizou modelos matem\u00e1ticos que simulam o comportamento das nuvens de gelo em condi\u00e7\u00f5es amaz\u00f4nicas. \u201cA parte surpreendente \u00e9 que a poeira do Saara \u00e9 respons\u00e1vel por uma fra\u00e7\u00e3o significativa dos n\u00facleos de condensa\u00e7\u00e3o de gelo da Amaz\u00f4nia, especialmente em altas altitudes e temperaturas mais baixas\u201d, explicou.<\/p>\n
Segundo Artaxo, o estudo sugere que a contribui\u00e7\u00e3o das part\u00edculas biol\u00f3gicas locais para a forma\u00e7\u00e3o de n\u00facleos de gelo aumenta em altas temperaturas atmosf\u00e9ricas \u2013 com altitude mais baixa \u2013, enquanto a contribui\u00e7\u00e3o por part\u00edculas de poeira cresce nas baixas temperaturas das regi\u00f5es mais altas.<\/p>\n
\u201cDescobrimos que a vegeta\u00e7\u00e3o da pr\u00f3pria floresta alimenta os n\u00facleos em altitudes que v\u00e3o at\u00e9 8 ou 9 quil\u00f4metros. Enquanto isso, a poeira do Saara nessa \u00e9poca do ano \u2013 o estudo foi feito entre fevereiro e mar\u00e7o \u2013 predomina em altitudes acima de 9 ou 10 quil\u00f4metros\u201d, disse.<\/p>\n
As an\u00e1lises apontaram que os n\u00facleos s\u00e3o compostos principalmente de materiais carb\u00f4nicos e poeira. \u201cMostramos que as part\u00edculas biol\u00f3gicas dominam a fra\u00e7\u00e3o carb\u00f4nica, enquanto a importa\u00e7\u00e3o da poeira do Saara explica o aparecimento intermitente de n\u00facleos contendo poeira\u201d, contou.<\/p>\n
A poeira do deserto africano, segundo Artaxo, \u00e9 um fen\u00f4meno atmosf\u00e9rico sazonal cujo pico se d\u00e1 entre mar\u00e7o e o fim de abril. \u201c\u00c9 um fen\u00f4meno de transporte atmosf\u00e9rico de longa dist\u00e2ncia que j\u00e1 conhec\u00edamos. Mas nunca t\u00ednhamos medido as propriedades de nuclea\u00e7\u00e3o dessas part\u00edculas.\u201d<\/p>\n
Continuidade em Tem\u00e1tico<\/strong> – Na primeira fase do estudo a equipe utilizou um equipamento supercongelador para esfriar as part\u00edculas a 50 graus negativos e lan\u00e7\u00e1-las na Floresta Amaz\u00f4nica, a fim de fabricar cristais de gelo.<\/p>\n \u201cA partir da\u00ed, analisamos as propriedades f\u00edsicas, qu\u00edmicas e biol\u00f3gicas desses cristais, utilizando t\u00e9cnicas anal\u00edticas nucleares \u2013 especificamente o m\u00e9todo Pixe, dispon\u00edvel no Instituto de F\u00edsica da USP. Pudemos analisar a concentra\u00e7\u00e3o de alum\u00ednio, sil\u00edcio, tit\u00e2nio e ferro nas part\u00edculas\u201d, disse.<\/p>\n A partir da an\u00e1lise, os pesquisadores descobriram que a assinatura elementar das part\u00edculas correspondia \u00e0 assinatura da poeira do deserto do Saara. O segundo passo foi descobrir como essas part\u00edculas saem da \u00c1frica e chegam \u00e0 Amaz\u00f4nia.<\/p>\n \u201cPara isso rodamos modelos de circula\u00e7\u00e3o global da atmosfera e mostramos que, efetivamente, quando estavam presentes as concentra\u00e7\u00f5es de alum\u00ednio, sil\u00edcio, tit\u00e2nio e ferro que correspondiam \u00e0 poeira do Saara, o modelo confirmava essa circula\u00e7\u00e3o\u201d, afirmou.<\/p>\n Com a pesquisa, o grupo concluiu que a concentra\u00e7\u00e3o e a abund\u00e2ncia de n\u00facleos de condensa\u00e7\u00e3o de gelo na Amaz\u00f4nia podem ser explicadas, em sua quase totalidade, por emiss\u00f5es locais de part\u00edculas biol\u00f3gicas complementadas pela importa\u00e7\u00e3o da poeira saariana.<\/p>\n Segundo Artaxo, os estudos ter\u00e3o continuidade dentro de um Projeto Tem\u00e1tico apoiado pela FAPESP no \u00e2mbito do Programa FAPESP sobre Pesquisa Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas Globais (PFPMCG). \u201cFaremos novos estudos dentro desse Tem\u00e1tico que acaba de ser aprovado. Tentaremos simular e medir como se d\u00e1 a variabilidade sazonal dos n\u00facleos de condensa\u00e7\u00e3o de gelo sobre a Amaz\u00f4nia\u201d, destacou.<\/p>\n Al\u00e9m de Artaxo, participaram do estudo Markus Petters, Sonia Kreidenweis e Colette Heald, do Departamento de Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas da Universidade Estadual do Colorado (Estados Unidos), Scot Martin, da Escola de Engenharia e Ci\u00eancias Aplicadas da Universidade de Harvard (Estados Unidos), e Rebecca Garland, Adam Wollny e Ulrich P\u00f6schl, do Departamento de Biogeoqu\u00edmica do Instituto de Qu\u00edmica Max Planck (Alemanha).<\/p>\n O artigo Relative roles of biogenic emissions and Saharan dust as ice nuclei in the amazon Basin, de Ulrich P\u00f6schl e outros, publicado em 3 de maio na Nature Geosciences, pode ser lido por assinantes em www.nature.com\/ngeo (Fonte: F\u00e1bio de Castro\/ Ag\u00eancia Fapesp)<\/em><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Pesquisador da USP e grupo internacional desvendam propriedades das part\u00edculas que formam nuvens de gelo e confirmam: poeira do deserto do Saara influencia regime de chuvas na Amaz\u00f4nia. Estudo foi publicado na Nature Geoscience. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[36],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/46024"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=46024"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/46024\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=46024"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=46024"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=46024"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}