{"id":47103,"date":"2009-07-25T00:00:00","date_gmt":"2009-07-25T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2009-07-25T00:00:00","modified_gmt":"2009-07-25T00:00:00","slug":"primeiro-esboco","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2009\/07\/25\/47103-primeiro-esboco.html","title":{"rendered":"Primeiro esbo\u00e7o"},"content":{"rendered":"
O Painel Internacional de Especialistas em Megacidades, Vulnerabilidade e Mudan\u00e7a Clim\u00e1tica Global, encerrado na \u00faltima quarta-feira (22), resultou em uma avalia\u00e7\u00e3o preliminar que servir\u00e1 para tra\u00e7ar, pela primeira vez, um mapa qualitativo das vulnerabilidades da Regi\u00e3o Metropolitana de S\u00e3o Paulo frente aos efeitos do aquecimento global.<\/p>\n

De acordo com um dos coordenadores do painel, o climatologista Carlos Afonso Nobre \u2013 do Centro de Previs\u00e3o de Tempo e Estudos Clim\u00e1ticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) \u2013, os resultados obtidos ser\u00e3o apresentados dentro de tr\u00eas meses e fornecer\u00e3o elementos para um primeiro esbo\u00e7o dos mapas, que ser\u00e3o conclu\u00eddos em 2010 com o objetivo de subsidiar pol\u00edticas p\u00fablicas de adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n

Liderado pelo Inpe e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o painel foi realizado na semana anterior no Rio de Janeiro. O objetivo, segundo Nobre, era mapear as principais vulnerabilidades nas duas maiores capitais brasileiras.<\/p>\n

Segundo Nobre, uma das conclus\u00f5es do painel \u00e9 que mudan\u00e7as clim\u00e1ticas dever\u00e3o exacerbar as vulnerabilidades j\u00e1 existentes na Regi\u00e3o Metropolitana de S\u00e3o Paulo, como aquelas relacionadas \u00e0 chuva intensa, que gera inunda\u00e7\u00f5es, congestionamentos, deslizamentos em encostas, enchentes, acidentes e doen\u00e7as.<\/p>\n

\u201cAs proje\u00e7\u00f5es s\u00e3o de epis\u00f3dios de chuvas de maior intensidade, ainda que o volume de chuvas n\u00e3o deva aumentar ao longo do ano. Teremos que nos preparar para um aumento dos problemas que j\u00e1 enfrentamos hoje com as chuvas de ver\u00e3o. Toda a cidade ser\u00e1 afetada, mas nas favelas isso ser\u00e1 mais dram\u00e1tico\u201d, disse Nobre \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP.<\/p>\n

Ainda que o volume de chuva n\u00e3o v\u00e1 ser muito alterado ao longo do ano, segundo Nobre, haver\u00e1 mais veranicos e per\u00edodos de seca mais intensa, que ter\u00e3o impacto sobre o abastecimento de \u00e1gua da Grande S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

\u201cEssa quest\u00e3o j\u00e1 \u00e9 preocupante hoje e, no futuro, o planejamento do abastecimento de \u00e1gua ter\u00e1 que levar em considera\u00e7\u00e3o que as secas poder\u00e3o ser mais intensas que as do presente, com uma popula\u00e7\u00e3o maior e, talvez, menos pobre, tendendo a consumir mais \u00e1gua\u201d, declarou.<\/p>\n

O painel concluiu tamb\u00e9m que, como acontece na maior parte das regi\u00f5es do planeta, as popula\u00e7\u00f5es mais pobres s\u00e3o mais vulner\u00e1veis aos fatores ambientais tanto no Rio de Janeiro como em S\u00e3o Paulo. Outro padr\u00e3o geral em todo o mundo \u2013 a rela\u00e7\u00e3o entre vulnerabilidade e g\u00eanero \u2013 tamb\u00e9m foi observado nas duas metr\u00f3poles brasileiras.<\/p>\n

\u201cNas grandes cidades dos pa\u00edses em desenvolvimento as popula\u00e7\u00f5es mais pobres s\u00e3o as que est\u00e3o em \u00e1reas de risco. No entanto, h\u00e1 tamb\u00e9m uma vulnerabilidade consider\u00e1vel da popula\u00e7\u00e3o de baixa renda que est\u00e1 fora dessas \u00e1reas. Como tamb\u00e9m era de se esperar, observamos que as mulheres s\u00e3o mais vulner\u00e1veis que os homens\u201d, disse Nobre.<\/p>\n

As ondas de calor dever\u00e3o aumentar a demanda dos servi\u00e7os de sa\u00fade, o que afetar\u00e1 em especial os idosos, segundo Nobre. \u201cA exacerba\u00e7\u00e3o desse fen\u00f4meno tamb\u00e9m aumentar\u00e1 a demanda de infraestrutura, j\u00e1 que as pessoas dever\u00e3o passar a usar cada vez mais o ar condicionado\u201d, disse.<\/p>\n

A diminui\u00e7\u00e3o das chuvas e da umidade relativa do ar durante o inverno dever\u00e1 criar condi\u00e7\u00f5es de invers\u00e3o t\u00e9rmica em um n\u00edvel cr\u00edtico, segundo o cientista. Por outro lado, a insola\u00e7\u00e3o mais intensa aumentar\u00e1 as rea\u00e7\u00f5es fotoqu\u00edmicas com os poluentes dispersos na atmosfera.<\/p>\n

\u201cSe n\u00e3o houver uma redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de precursores de polui\u00e7\u00e3o, vamos ter epis\u00f3dios mais agudos de polui\u00e7\u00e3o do ar. Esses epis\u00f3dios aumentar\u00e3o certamente o n\u00famero de mortes relacionadas \u00e0 polui\u00e7\u00e3o, que ocorrem em n\u00famero n\u00e3o desprez\u00edvel em S\u00e3o Paulo\u201d, afirmou Nobre.<\/p>\n

Poss\u00edveis adapta\u00e7\u00f5es<\/strong> – O diagn\u00f3stico preliminar feito pelo painel, segundo Nobre, ser\u00e1 aperfei\u00e7oado nos pr\u00f3ximos meses e os cientistas procurar\u00e3o identificar as \u00e1reas geogr\u00e1ficas espec\u00edficas onde algumas das vulnerabilidades poder\u00e3o se manifestar de forma mais acentuadas.<\/p>\n

\u201cPara cada um desses fatores o painel de especialistas procurou elencar quais seriam as respostas poss\u00edveis em termos de a\u00e7\u00f5es de pol\u00edticas p\u00fablicas \u2013 o que chamamos de adapta\u00e7\u00e3o\u201d, explicou.<\/p>\n

O pesquisador afirmou que, no caso da polui\u00e7\u00e3o, por exemplo, a adapta\u00e7\u00e3o poss\u00edvel dever\u00e1 passar pela redu\u00e7\u00e3o dr\u00e1stica das emiss\u00f5es de poluentes. \u201cSe o clima mudar como estamos prevendo, n\u00e3o se pode fazer muita coisa para diminuir a temperatura, ou aumentar a umidade. Mas podemos reduzir de forma dram\u00e1tica as emiss\u00f5es dos precursores de polui\u00e7\u00e3o \u2013 que, no caso de S\u00e3o Paulo, correspondem especialmente \u00e0s emiss\u00f5es veiculares\u201d, disse.<\/p>\n

A diminui\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es veiculares, segundo ele, pode ser feita com combust\u00edveis mais adequados, carros mais eficientes e o incentivo aos transportes de massa, com restri\u00e7\u00f5es ao n\u00famero de autom\u00f3veis. \u201cS\u00e3o solu\u00e7\u00f5es j\u00e1 discutidas hoje, mas que se tornar\u00e3o imprescind\u00edveis\u201d, declarou.<\/p>\n

Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s ondas de calor, a adapta\u00e7\u00e3o mais plaus\u00edvel, segundo Nobre, seria a arboriza\u00e7\u00e3o. \u201cTrata-se de uma pr\u00e1tica que S\u00e3o Paulo perdeu com o tempo. Temos menos de 1% de \u00e1rea verde no centro da cidade. A arboriza\u00e7\u00e3o \u00e9 uma medida muito simples e ben\u00e9fica, mas que demanda uma mudan\u00e7a cultural importante\u201d, declarou.<\/p>\n

De acordo com Nobre, a cidade de S\u00e3o Paulo j\u00e1 \u00e9 uma das mais impermeabilizadas do mundo, o que ir\u00e1 favorecer as enchentes e inunda\u00e7\u00f5es. Esse problema, segundo ele, tamb\u00e9m admite adapta\u00e7\u00f5es. \u201cJ\u00e1 h\u00e1 c\u00f3digos de constru\u00e7\u00e3o que tentam diminuir a impermeabiliza\u00e7\u00e3o. Isso se tornar\u00e1 ainda mais importante no futuro. Essa seria uma medida concreta de adapta\u00e7\u00e3o\u201d, afirmou ele.<\/p>\n

Quanto \u00e0s popula\u00e7\u00f5es pobres, ser\u00e1 preciso especialmente impedir que elas se instalem em \u00e1reas de risco e, aos poucos, remover as fam\u00edlias que j\u00e1 est\u00e3o nessas \u00e1reas, segundo Nobre. \u201cOutra medida, sem d\u00favida, \u00e9 o desenvolvimento social, com a elimina\u00e7\u00e3o da pobreza\u201d, afirmou.<\/p>\n

Os c\u00e1lculos de abastecimento de energia, de acordo com o diagn\u00f3stico dos cientistas, dever\u00e3o de agora em diante levar em considera\u00e7\u00e3o n\u00e3o mais apenas o aumento da popula\u00e7\u00e3o e do consumo per capita, mas tamb\u00e9m as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n

\u201cOutro ponto importante \u00e9 a quest\u00e3o da migra\u00e7\u00e3o. Como as secas do semi-\u00e1rido do Nordeste ser\u00e3o mais intensas nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, dever\u00e1 haver grande n\u00famero de refugiados. Grande parte dessas popula\u00e7\u00f5es tem v\u00ednculos de parentesco em S\u00e3o Paulo, o que dever\u00e1 gerar um intenso fluxo migrat\u00f3rio, decorrente da intensifica\u00e7\u00e3o da seca, para o qual S\u00e3o Paulo precisar\u00e1 estar preparada\u201d, afirmou.<\/p>\n

Diferen\u00e7as entre SP e RJ<\/strong> – Segundo o cientista, h\u00e1 diferen\u00e7as marcantes entre as vulnerabilidades do Rio de Janeiro e de S\u00e3o Paulo. \u201cA mais evidente \u00e9 que S\u00e3o Paulo n\u00e3o est\u00e1 sujeita ao risco do aumento do n\u00edvel do mar. As duas cidades t\u00eam muitas favelas, mas a capital fluminense tem um problema maior: cerca de um milh\u00e3o de pessoas em favelas localizadas em baixadas \u2013 \u00e1reas sujeitas a inunda\u00e7\u00f5es dos rios e do mar. S\u00e3o Paulo tamb\u00e9m tem favelas sujeitas a inunda\u00e7\u00f5es, mas em n\u00famero muito menor\u201d, disse.<\/p>\n

A polui\u00e7\u00e3o do ar, segundo Nobre, \u00e9 um problema bem menor no Rio de Janeiro. \u201cOs ventos, a circula\u00e7\u00e3o e a brisa mar\u00edtima fazem com que n\u00e3o seja um problema agudo. E n\u00e3o \u00e9 um problema de inverno\u201d, disse. A capital fluminense tem muito mais vegeta\u00e7\u00e3o que S\u00e3o Paulo, segundo ele. \u201cS\u00e3o Paulo n\u00e3o tem mais \u00e1reas verdes consider\u00e1veis, exceto as \u00e1reas de mananciais da Serra da Cantareira e da represa Billings, na regi\u00e3o metropolitana\u201d, disse.<\/p>\n

A quest\u00e3o da sa\u00fade e da polui\u00e7\u00e3o \u00e9 muito mais aguda em S\u00e3o Paulo, segundo ele. As duas cidades t\u00eam vulnerabilidade de deslizamento de encostas. As vulnerabilidades de abastecimento de \u00e1gua e seca, al\u00e9m de ondas de calor, s\u00e3o maiores em S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

\u201cO Rio de Janeiro \u00e9 mais quente, mas o que faz a vulnerabilidade em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 temperatura \u00e9 a diferen\u00e7a em rela\u00e7\u00e3o ao que se est\u00e1 acostumado \u2013 isto \u00e9, quando ocorre um aquecimento que sai da faixa do conforto t\u00e9rmico da pessoa. Por isso as ondas de calor poder\u00e3o causar mais mortes em S\u00e3o Paulo\u201d, explicou. (Fonte: F\u00e1bio de Castro\/ Ag\u00eancia Fapesp)<\/em>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Cientistas fazem avalia\u00e7\u00e3o preliminar das vulnerabilidades das \u00e1reas metropolitanas de S\u00e3o Paulo e do Rio de Janeiro em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e indicam principais diferen\u00e7as entre adapta\u00e7\u00f5es adequadas para cada caso. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[46],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/47103"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=47103"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/47103\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=47103"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=47103"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=47103"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}