{"id":49426,"date":"2009-11-04T00:00:00","date_gmt":"2009-11-04T00:00:00","guid":{"rendered":""},"modified":"2009-11-04T00:00:00","modified_gmt":"2009-11-04T00:00:00","slug":"cientistas-estudam-ratos-toupeira-para-desvendar-combate-ao-cancer","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2009\/11\/04\/49426-cientistas-estudam-ratos-toupeira-para-desvendar-combate-ao-cancer.html","title":{"rendered":"Cientistas estudam ratos-toupeira para desvendar combate ao c\u00e2ncer"},"content":{"rendered":"
Apesar de possu\u00edrem a estrutura social de um ninho de formigas ou de uma colmeia, os ratos-toupeira pelados s\u00e3o mam\u00edferos do tamanho de um camundongo. Dentre as muitas peculiaridades desses animais est\u00e3o caracter\u00edsticas que podem, se forem de fato descobertas, trazer importantes informa\u00e7\u00f5es sobre sa\u00fade e longevidade humanas.<\/p>\n
A expectativa de vida de um roedor \u00e9 excepcionalmente longa. Camundongos vivem poucos anos, mas os ratos-toupeira podem chegar aos 28 anos. A vida longa \u00e9 provavelmente uma consequ\u00eancia de sua exist\u00eancia protegida. Os camundongos t\u00eam vida curta porque possuem muitos predadores. \u00c9 melhor procriar r\u00e1pido e enquanto jovem do que se preparar para uma vida adulta que nenhum viver\u00e1 para ver. Esquilos cinzas, por outro lado, t\u00eam menos inimigos e podem viver mais de 20 anos.<\/p>\n
A vida dos ratos-toupeira pelados \u00e9 ainda mais protegida do que a dos esquilos. As rainhas nunca v\u00e3o at\u00e9 a superf\u00edcie. At\u00e9 mesmo os oper\u00e1rios apenas s\u00e3o expostos quando precisam levar a sujeira para a superf\u00edcie da terra.<\/p>\n
O principal perigo da col\u00f4nia \u00e9 outro rato-toupeira, que pode arrombar o sistema de t\u00fanel, testando as defesas da casta do soldado. Outro risco para a vida deles \u00e9 um tipo de guerra civil que acontece quando a rainha morre. Outras f\u00eameas, intimidadas a permanecerem est\u00e9reis enquanto a rainha viveu, retomam sua fertilidade e lutam at\u00e9 que uma seja vitoriosa.
\nPor\u00e9m, esses eventos s\u00e3o pouco frequentes, e aparentemente por causa dessa seguran\u00e7a relativa, os ratos-toupeiras evolu\u00edram a habilidade de viver dez vezes mais do que os camundongos.<\/p>\n
Os camundongos s\u00e3o muito propensos a desenvolverem c\u00e2ncer; em alguns casos 90% deles morrem dessa doen\u00e7a. J\u00e1 os humanos t\u00eam defesas mais fortes contra o c\u00e2ncer, o necess\u00e1rio para um animal de vida longa: a doen\u00e7a \u00e9 respons\u00e1vel por 23% das pessoas. Todavia, os ratos-toupeiras t\u00eam defesas ainda maiores contra o c\u00e2ncer: parece que eles n\u00e3o contraem a doen\u00e7a. “Nunca foi observado desenvolvimento de neoplasmas espont\u00e2neos nesses animais”, relataram Vera Gorbunova e seus colaboradores no artigo da edi\u00e7\u00e3o atual do peri\u00f3dico “Proceedings of the National Academy of Sciences”.<\/p>\n
Gorbunova, que trabalha na Universidade de Rochester, deu o primeiro passo em dire\u00e7\u00e3o ao entendimento da base gen\u00e9tica da surpreendente imunidade ao c\u00e2ncer dos ratos-toupeira. Ela e seus colaboradores descobriram que as c\u00e9lulas dos ratos t\u00eam um sistema duplo para inibir a prolifera\u00e7\u00e3o irregular, enquanto o sistema humano apresenta um \u00fanico sistema para inibir essas c\u00e9lulas.<\/p>\n
As c\u00e9lulas normais dos humanos desenvolvidas em laborat\u00f3rio mostram um comportamento conhecido como inibi\u00e7\u00e3o de contato. Uma vez que as c\u00e9lulas entram em contato umas com as outras, elas formam uma camada \u00fanica e param de se dividir. As c\u00e9lulas cancer\u00edgenas, contudo, livraram-se dessa conten\u00e7\u00e3o e continuam se proliferando, formando uma camada em cima da outra.<\/p>\n
Gen\u00e9tica – <\/strong>Gorbunova descobriu que as c\u00e9lulas dos ratos-toupeira e dos humanos t\u00eam um mesmo sistema de inibi\u00e7\u00e3o de contato, mediadas por um gene conhecido como p27. Entretanto, os ratos-toupeiras, al\u00e9m disso, t\u00eam uma vers\u00e3o de a\u00e7\u00e3o precoce do mesmo sistema e aparentemente usam o sistema p27 apenas como uma reserva.<\/p>\n Quando as c\u00e9lulas dos ratos-toupeira, cultivadas em frascos de laborat\u00f3rio, fazem apenas pouco contato umas com as outras, elas param de crescer e de se dividir. Esse sistema de inibi\u00e7\u00e3o de contato precoce \u00e9 mediado por um gene chamado p16-ink41. As pessoas tamb\u00e9m t\u00eam o gene p16-ink4a, mas parece que ele n\u00e3o desempenha nenhum papel de inibi\u00e7\u00e3o de contato das c\u00e9lulas. O sistema duplo dos ratos-toupeira pode ser um dos motivos de sua imunidade extraordin\u00e1ria ao c\u00e2ncer.<\/p>\n Outra diferen\u00e7a do n\u00edvel celular entre as esp\u00e9cies \u00e9 que as c\u00e9lulas dos ratos-toupeira mant\u00eam um sistema ativo para deixar que as c\u00e9lulas se dividam. Esse sistema, chamado telomerase, \u00e9 inativo em c\u00e9lulas humanas maduras, aparentemente como uma defesa contra o c\u00e2ncer. Gorbunova acredita que os ratos-toupeira conseguem manter a telomerase ativa, porque suas defesas antic\u00e2ncer s\u00e3o muito boas, e que a telomerase ativa pode conceder vida mais longa \u00e0s c\u00e9lulas de origem, que s\u00e3o respons\u00e1veis pela repara\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o dos tecidos do corpo.<\/p>\n Contudo, Ronald da Pinho, da Faculdade M\u00e9dica de Harvard, especialista em c\u00e2ncer e tel\u00f4meros, discordou, dizendo que a telomerase inativa pode ser um risco de c\u00e2ncer para as c\u00e9lulas humanas porque ela leva \u00e0 instabilidade gen\u00e9tica.<\/p>\n A vida mais longa dos roedores \u00e9 geralmente associada com a restri\u00e7\u00e3o cal\u00f3rica, uma dieta com 30% menos calorias que o normal. Camundongos de laborat\u00f3rio e ratos que s\u00e3o expostos a essa dieta ao nascer podem vivem 40% mais que o normal. Muitas outras esp\u00e9cies t\u00eam o mesmo reflexo, e alguns bi\u00f3logos acreditam que isto \u00e9 uma estrat\u00e9gia de sobreviv\u00eancia antiga, na qual durante momentos de fome, as reservas do corpo s\u00e3o ativadas para manter os tecidos, com a esperan\u00e7a de eliminar os maus momentos e de procriar mais tarde.<\/p>\n Os ratos-toupeira parecem levar um estilo de vida do tipo “comer e sentir fome”. Eles se alimentam de tub\u00e9rculos, despensas de nutrientes no subsolo fornecidos pelas plantas em ambientes des\u00e9rticos. Um tub\u00e9rculo pode alimentar uma col\u00f4nia de 100 ratos-toupeira por meses. Mas mesmo sendo cuidadosos em utilizar o tub\u00e9rculo sem matar a planta, o tempo passa e periodicamente eles precisam procurar outra. Como eles n\u00e3o se aventuram acima do solo, eles precisam confiar na habilidade de sua for\u00e7a de trabalho de escava\u00e7\u00e3o de t\u00fanel para encontrar outros tub\u00e9rculos na vizinhan\u00e7a.<\/p>\n Os ratos-toupeira, aparentemente, ficam bastante famintos at\u00e9 a descoberta de outro tub\u00e9rculo. Outra peculiaridade desses animais \u00e9 que eles costumam reciclar ao extremo, at\u00e9 ao ponto de comer seus pr\u00f3prios excrementos. A alterna\u00e7\u00e3o cont\u00ednua de comida e fome, assim como a restri\u00e7\u00e3o cal\u00f3rica, pode tamb\u00e9m ser um dos mecanismos respons\u00e1veis pela longevidade dos ratos-toupeira. Por\u00e9m, um especialista em gen\u00e9tica da restri\u00e7\u00e3o cal\u00f3rica, Leonard Guarente, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, notou que os ratos-toupeira desfrutavam da vida longa em cativeiro, onde eles eram alimentados o tempo todo.<\/p>\n Gorbunova planeja formar uma col\u00f4nia de ratos-toupeira em seu laborat\u00f3rio, com tubos de pl\u00e1stico fazendo uma conex\u00e3o de redes das gaiolas para servir como um sistema de t\u00fanel e cenouras substituindo os tub\u00e9rculos do deserto. Para entender a longevidade humana e o c\u00e2ncer, disse ela, “\u00e9 importante estudar outras esp\u00e9cies al\u00e9m de camundongos”.<\/p>\n “Eu acredito”, continuou, “que esse \u00e9 o in\u00edcio de uma longa jornada”. (Fonte: Folha Online)<\/em>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Ratos-toupeira pelados s\u00e3o mam\u00edferos do tamanho de um camundongo, e que podem trazer informa\u00e7\u00f5es sobre c\u00e2ncer. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[75],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/49426"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=49426"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/49426\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=49426"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=49426"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=49426"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}