{"id":58765,"date":"2010-08-10T00:00:55","date_gmt":"2010-08-10T03:00:55","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=58765"},"modified":"2010-08-09T20:28:49","modified_gmt":"2010-08-09T23:28:49","slug":"picadas-negligenciadas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2010\/08\/10\/58765-picadas-negligenciadas.html","title":{"rendered":"Picadas negligenciadas"},"content":{"rendered":"

A Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) estima que anualmente 5 milh\u00f5es de pessoas sofram algum tipo de acidente envolvendo serpentes. A metade dos casos resulta em diversos graus de envenenamento, ocasionando cerca de 120 mil mortes e 250 mil indiv\u00edduos que carregar\u00e3o sequelas.<\/p>\n

Esses n\u00fameros levaram a OMS a enquadrar o acidente com serpentes na lista de doen\u00e7as tropicais negligenciadas (DTNs), que re\u00fane enfermidades erradicadas ou praticamente erradicadas nos pa\u00edses desenvolvidos, mas que persistem naqueles em desenvolvimento.<\/p>\n

\u201cComo as comunidades atingidas t\u00eam pouca voz pol\u00edtica, essas doen\u00e7as ganham baixo impacto nas agendas de sa\u00fade mundiais\u201d, disse Denise V. Tambourgi, diretora do Laborat\u00f3rio de Imunoqu\u00edmica do Instituto Butantan de S\u00e3o Paulo (SP).<\/p>\n

O assunto foi abordado em uma confer\u00eancia dada pela cientista durante a 62\u00aa Reuni\u00e3o Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci\u00eancia (SBPC), realizada no fim de julho, em Natal.<\/p>\n

Cerca de 1 bilh\u00e3o de pessoas no mundo s\u00e3o v\u00edtimas de doen\u00e7as tropicais negligenciadas, um grupo que engloba enfermidades como dengue, hansen\u00edase, doen\u00e7a de Chagas, leishmaniose e esquistossomose.<\/p>\n

Os acidentes com serpentes chegam a ser mais numerosos do que casos de doen\u00e7as como a dengue, que tem atingido 500 mil pessoas por ano e provocado a morte de 19 mil, apontou Denise, que conta com um Aux\u00edlio \u00e0 Pesquisa \u2013 Regular da FAPESP para estudar os mecanismos moleculares de a\u00e7\u00e3o do veneno das lagartas Premolis semirufa.<\/em><\/p>\n

De acordo com a cientista, as ocorr\u00eancias com serpentes devem ser ainda mais numerosas do que o apontado pela OMS, uma vez que o registro desses acidentes n\u00e3o \u00e9 feito em todos os pa\u00edses. A situa\u00e7\u00e3o se torna ainda mais grave se forem considerados acidentes com outros animais pe\u00e7onhentos.<\/p>\n

\u201cAcidentes com aranhas s\u00e3o comuns e os registros de picadas de escorpi\u00f5es t\u00eam crescido nos \u00faltimos anos\u201d, disse. Segundo ela, a lista da OMS deveriam abranger acidentes com todos os animais pe\u00e7onhentos no grupo de doen\u00e7as tropicais negligenciadas.<\/p>\n

A import\u00e2ncia do assunto tem levado o Instituto Butantan a investir no aprimoramento do antiveneno de outros animais al\u00e9m das serpentes, como \u00e9 o caso da aranha marrom.<\/p>\n

Mesmo sem ter o n\u00famero exato de acidentes, pode se concluir que a maioria ocorre nos pa\u00edses mais pobres. Segundo Denise, h\u00e1 uma rela\u00e7\u00e3o direta entre a quantidade de ocorr\u00eancias com animais pe\u00e7onhentos e a pobreza. H\u00e1 estudos mostrando que o n\u00famero de mortes desse tipo \u00e9 maior nos pa\u00edses com menor \u00edndice de desenvolvimento humano (IDH).<\/p>\n

\u201cO problema \u00e9 mais preocupante na \u00c1frica, onde h\u00e1 uma crise na produ\u00e7\u00e3o e na distribui\u00e7\u00e3o de antivenenos\u201d, disse. No continente africano n\u00e3o h\u00e1 laborat\u00f3rios produtores de antiveneno, o que aumenta a dificuldade de acesso a esse tipo de medicamento.<\/p>\n

Para enfrentar a quest\u00e3o foi criada na Austr\u00e1lia a Iniciativa Global para Acidentes com Serpentes, que estabeleceu uma s\u00e9rie de metas que objetivam auxiliar as na\u00e7\u00f5es mais carentes a lidar com o problema.<\/p>\n

Fazem parte da lista o levantamento de informa\u00e7\u00f5es confi\u00e1veis sobre esses acidentes, a melhora na produ\u00e7\u00e3o de antivenenos, o aux\u00edlio aos pa\u00edses pobres no desenvolvimento de soros espec\u00edficos, a produ\u00e7\u00e3o regional desses soros a pre\u00e7os acess\u00edveis e estudos sobre a efic\u00e1cia dos antivenenos.<\/p>\n

\u201cEsses ensaios cl\u00ednicos s\u00e3o mais complicados do que os testes de outros tipos de medicamentos, pois voc\u00ea n\u00e3o pode administrar placebo em um suspeito de picada de cobra\u201d, explicou Denise.<\/p>\n

A Iniciativa Global almeja um sistema eficiente de distribui\u00e7\u00e3o dos soros observando-se a ocorr\u00eancia das esp\u00e9cies de serpentes de cada regi\u00e3o, al\u00e9m da cria\u00e7\u00e3o de um programa de educa\u00e7\u00e3o preventiva aos acidentes e de outro para apoiar as v\u00edtimas com sequelas.<\/p>\n

Outra meta seria a cria\u00e7\u00e3o de um f\u00f3rum permanente de agentes de sa\u00fade com o objetivo de monitorar os casos e deliberar a\u00e7\u00f5es para combater esses acidentes.<\/p>\n

No Brasil, apenas em 2006 tornou-se obrigat\u00f3ria a notifica\u00e7\u00e3o dos acidentes com animais pe\u00e7onhentos. Em 2008, o pa\u00eds apresentou mais de 100 mil ocorr\u00eancias do tipo, sendo 27 mil com serpentes e 20 mil envolvendo aranhas.<\/p>\n

Mais soros polivalentes<\/strong> – Denise afirma ser fundamental a distribui\u00e7\u00e3o e o acesso aos antivenenos para a redu\u00e7\u00e3o dos casos. O Instituto Butantan tem trabalhado para aprimorar os antivenenos que produz, de modo a ampliar sua a\u00e7\u00e3o para um n\u00famero maior de esp\u00e9cies.<\/p>\n

Das mais de 20 esp\u00e9cies existentes do grupo Bothrops, da jararaca, no Brasil, apenas cinco participam da mistura de imuniza\u00e7\u00e3o utilizada para a produ\u00e7\u00e3o do soro polivalente no pa\u00eds. Devido \u00e0s varia\u00e7\u00f5es entre as esp\u00e9cies, n\u00e3o h\u00e1 garantias de que o soro ter\u00e1 uma neutraliza\u00e7\u00e3o dos venenos de todas.<\/p>\n

Para atender a todo o Brasil, os pesquisadores do Butantan t\u00eam de lidar com uma tarefa \u00e1rdua: conseguir um conjunto de venenos que neutralize ao m\u00e1ximo a a\u00e7\u00e3o t\u00f3xica de todos eles.<\/p>\n

\u201cIsso n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil, pois os venenos s\u00e3o misturas qu\u00edmicas muito complexas e que possuem uma ampla varia\u00e7\u00e3o\u201d, disse Denise. Para enfrentar esse desafio, os pesquisadores do Butantan desenvolveram m\u00e9todos in vitro para analisar a a\u00e7\u00e3o dos soros terap\u00eauticos.<\/p>\n

\u00c9 um equil\u00edbrio dif\u00edcil. Temos de desenvolver antivenenos que apresentem o m\u00ednimo de toxicidade, com uma m\u00e1xima capacidade neutralizante para os venenos das diferentes esp\u00e9cies de serpentes que ocorrem em todo o territ\u00f3rio nacional\u201d, disse. (Fonte: Fabio Reynol\/ Ag\u00eancia Fapesp)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Acidentes com animais pe\u00e7onhentos est\u00e3o entre as principais doen\u00e7as negligenciadas e atingem mais as popula\u00e7\u00f5es mais pobres, indica estudo feito no Instituto Butantan. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[66,103],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/58765"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=58765"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/58765\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=58765"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=58765"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=58765"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}