{"id":89333,"date":"2012-11-29T00:00:45","date_gmt":"2012-11-29T02:00:45","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=89333"},"modified":"2012-11-28T21:59:34","modified_gmt":"2012-11-28T23:59:34","slug":"novas-especies-de-caranguejeiras-sao-descobertas-no-brasil","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2012\/11\/29\/89333-novas-especies-de-caranguejeiras-sao-descobertas-no-brasil.html","title":{"rendered":"Novas esp\u00e9cies de caranguejeiras s\u00e3o descobertas no Brasil"},"content":{"rendered":"

O corpo pequeno e coberto por pelagem rosada da Typhochlaena amma <\/em>lembra muito pouco a imagem t\u00edpica das aranhas caranguejeiras \u2013 conhecidas por serem grandes, peludas e assustadoras.<\/p>\n

Com delicadas pintas em tons de amarelo, azul e rosa sobre o dorso marrom escuro, a Typhochlaena costae tampouco se parece com as aranhas gigantes que normalmente s\u00e3o vistas em filmes de terror.<\/p>\n

Essas e outras sete esp\u00e9cies de caranguejeiras arbor\u00edcolas foram recentemente descobertas no Brasil pelo pesquisador Rog\u00e9rio Bertani, do Laborat\u00f3rio Especial de Ecologia e Evolu\u00e7\u00e3o do Instituto Butantan.<\/p>\n

A pesquisa, realizada entre 2004 e 2008 com apoio da FAPESP, deu origem a um artigo de 94 p\u00e1ginas publicado em edi\u00e7\u00e3o especial do peri\u00f3dico ZooKeys, em outubro.<\/p>\n

Ainda dentro do g\u00eanero Typhochlaena, Bertani tamb\u00e9m descreveu pela primeira vez a T. curumim e a T. paschoali. Do g\u00eanero Iridopelma, o pesquisador descreveu a I. katiae, a I. marcoi, a I. oliveirai e a I. vanini<\/em>. Do g\u00eanero Pachistopelma, foi descrita a P. bromelicola<\/em>.<\/p>\n

As esp\u00e9cies s\u00e3o encontradas na regi\u00e3o de Mata Atl\u00e2ntica e Cerrado nos estados do Par\u00e1, Tocantins, Para\u00edba, Maranh\u00e3o, Piau\u00ed, Sergipe, Esp\u00edrito Santo e Bahia. A an\u00e1lise tamb\u00e9m permitiu ao pesquisador redescrever algumas esp\u00e9cies previamente identificadas, como a T. seladonia<\/em> e a I. hirsutum<\/em>.<\/p>\n

\u201cChamamos de caranguejeira um grande grupo de aranhas, de diversas fam\u00edlias e g\u00eaneros, que t\u00eam como caracter\u00edstica comum a posi\u00e7\u00e3o do ferr\u00e3o. O ferr\u00e3o \u00e9 paralelo ao eixo do corpo e se movimenta de cima para baixo. Nas demais aranhas, ele se assemelha a um alicate e se movimenta um contra o outro\u201d, explicou Bertani.<\/p>\n

Embora para muitas pessoas as caranguejeiras sejam assustadoras por causa do tamanho \u2013 que pode chegar a 26 cent\u00edmetros da ponta da perna anterior \u00e0 ponta da perna posterior \u2013, seu veneno \u00e9 inofensivo para os humanos.<\/p>\n

Estima-se que existam 2,7 mil esp\u00e9cies no mundo \u2013 300 j\u00e1 foram descritas no Brasil. O pa\u00eds tem a maior fauna de grandes caranguejeiras, com cerca de 200 esp\u00e9cies. A maioria vive em tocas no ch\u00e3o, mas existem esp\u00e9cies arbor\u00edcolas na \u00c1sia, na \u00c1frica e, principalmente, nas Am\u00e9ricas.<\/p>\n

\u201cElas s\u00e3o mais leves, perderam os espinhos nas pernas e t\u00eam as patas anteriores mais largas para caminhar com mais facilidade sobre superf\u00edcies verticais e escorregadias. Tamb\u00e9m possuem tufos bem desenvolvidos nas pontas das patas que funcionam como ventosas\u201d, disse Bertani.<\/p>\n

Como as demais caranguejeiras, as arbor\u00edcolas n\u00e3o usam a teia para capturar presas e sim para construir ref\u00fagios entre as folhas das \u00e1rvores e embrulhar os ovos. Alimentam-se de insetos e pequenos vertebrados, como lagartixas e r\u00e3s.<\/p>\n

Segundo Bertani, as caranguejeiras arbor\u00edcolas da regi\u00e3o amaz\u00f4nica j\u00e1 s\u00e3o bem conhecidas, mas nas regi\u00f5es Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste havia apenas cinco esp\u00e9cies descritas. \u201cEm um \u00fanico trabalho descrevemos outras nove esp\u00e9cies. Isso mostra como ainda se sabe pouco sobre a fauna do Brasil\u201d, afirmou.<\/p>\n

Com comprimento que varia entre 2 e 3 cent\u00edmetros, as aranhas do g\u00eanero Typhochlaena s\u00e3o as menores caranguejeiras arbor\u00edcolas do mundo. Antes do levantamento taxon\u00f4mico feito por Bertani, apenas uma esp\u00e9cie do g\u00eanero era conhecida: a T. seladonia<\/em>, descrita em 1841.<\/p>\n

\u201cTodas as caranguejeiras arbor\u00edcolas s\u00e3o coloridas quando filhotes e, \u00e0 medida que amadurecem, perdem as cores. As Typhochlaenas s\u00e3o as \u00fanicas que permanecem coloridas depois de adultas\u201d, contou o pesquisador.<\/p>\n

Embora a fun\u00e7\u00e3o das cores ainda n\u00e3o tenha sido completamente desvendada, acredita-se que elas estejam vinculadas \u00e0 rela\u00e7\u00e3o com predadores.<\/p>\n

\u201c\u00c9 poss\u00edvel que a cor escura ajude as aranhas maiores a se camuflar. Como as Typhochlaenas continuam pequenas mesmo depois de adultas, permanecem tamb\u00e9m com a colora\u00e7\u00e3o de filhotes\u201d, disse Bertani.<\/p>\n

J\u00e1 as Iridopelmas e a Pachistopelma descritas t\u00eam em m\u00e9dia de 10 a 12 cent\u00edmetros de comprimento. Nascem com a cor verde met\u00e1lica e, a cada muda de pele, mudam de apar\u00eancia e ganham ares mais discretos.<\/p>\n

Endemismo<\/strong> – A pesquisa tamb\u00e9m revelou que a P. bromelicola<\/em> e a I. katiae <\/em>apresentam um grau de especializa\u00e7\u00e3o incomum entre as caranguejeiras: vivem exclusivamente dentro das brom\u00e9lias existentes na regi\u00e3o Nordeste do pa\u00eds, principalmente na Bahia.<\/p>\n

\u201cAs nove esp\u00e9cies descobertas s\u00e3o bastante end\u00eamicas, ou seja, t\u00eam uma distribui\u00e7\u00e3o muito limitada. Isso \u00e9 um fator que as coloca em risco porque se essa pequena \u00e1rea sofrer altera\u00e7\u00f5es importantes \u2013 seja pela atividade agr\u00edcola, seja por mudan\u00e7as clim\u00e1ticas \u2013 as aranhas v\u00e3o desaparecer\u201d, contou Bertani.<\/p>\n

A perda de informa\u00e7\u00f5es gen\u00e9ticas seria grande principalmente no caso das Typhochlaenas. \u201cAn\u00e1lises filogen\u00e9ticas mostraram que as quatro esp\u00e9cies descobertas desse g\u00eanero s\u00e3o sobreviventes de um grupo muito antigo de caranguejeiras. Um dos primeiros a divergir\u201d, disse.<\/p>\n

Embora a pesquisa feita no Butantan n\u00e3o permita saber com precis\u00e3o quando essas esp\u00e9cies surgiram, Bertani estima que tenha sido logo ap\u00f3s a separa\u00e7\u00e3o dos continentes africano e sul-americano, uma vez que os parentes mais pr\u00f3ximos s\u00e3o africanos. \u201cEste trabalho abre caminho para que pesquisadores que trabalham com t\u00e9cnicas de rel\u00f3gios moleculares estudem a evolu\u00e7\u00e3o dessas esp\u00e9cies\u201d, afirmou.<\/p>\n

As descobertas tamb\u00e9m abrem possibilidades para cientistas que se dedicam ao estudo de venenos. \u201cA pe\u00e7onha das caranguejeiras \u00e9 muito rica em subst\u00e2ncias interessantes do ponto de vista farmacol\u00f3gico. De uma esp\u00e9cie chilena, por exemplo, foi isolada uma mol\u00e9cula que pode ser usada no tratamento de fibrila\u00e7\u00e3o atrial\u201d, destacou.<\/p>\n

O mais importante na opini\u00e3o de Bertani, por\u00e9m, \u00e9 oferecer subs\u00eddios para formuladores de pol\u00edticas p\u00fablicas decidirem onde criar \u00e1reas de prote\u00e7\u00e3o ambiental.<\/p>\n

\u201cAcredita-se que esse endemismo seja resultado de um processo hist\u00f3rico natural que, possivelmente, afetou tamb\u00e9m outras esp\u00e9cies de animais e plantas. Se voc\u00ea analisa o mapa de distribui\u00e7\u00e3o de v\u00e1rias esp\u00e9cies e eles coincidem, isso indica que aquela \u00e9 uma \u00e1rea \u00fanica, que deve ser preservada\u201d, explicou. (Fonte: Ag\u00eancia Fapesp)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Nove aranhas descritas por pesquisador do Instituto Butantan em artigo publicado na revista ZooKeys vivem em \u00e1rvores da Mata Atl\u00e2ntica e do Cerrado. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[79,66,43],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/89333"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=89333"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/89333\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=89333"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=89333"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=89333"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}