Ap\u00f3s duas semanas de discuss\u00e3o, representantes de 193 pa\u00edses que integram a Conven\u00e7\u00e3o Quadro das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas (UNFCCC, na sigla em ingl\u00eas), aprovaram no \u00faltimo s\u00e1bado (8), no Qatar, um pacote de medidas pol\u00edticas que cria um segundo per\u00edodo para o Protocolo de Kyoto, \u00fanico acordo clim\u00e1tico que obriga pa\u00edses desenvolvidos a reduzir as emiss\u00f5es de gases-estufa.<\/p>\n
No entanto, a discuss\u00e3o que define como as na\u00e7\u00f5es ricas v\u00e3o financiar pa\u00edses em desenvolvimento na luta contra a mudan\u00e7a clim\u00e1tica ficou sem avan\u00e7os, j\u00e1 que governos desenvolvidos dizem n\u00e3o ter dinheiro devido \u00e0 crise financeira.<\/p>\n
A confer\u00eancia durou duras semanas e foi a \u00faltima antes do in\u00edcio de um novo processo nas negocia\u00e7\u00f5es do clima. A partir de 2013, diplomatas estar\u00e3o engajados na cria\u00e7\u00e3o de um novo tratado internacional que vai substituir Kyoto a partir de 2020 e pretende ser mais abrangente que a atual plataforma em vig\u00eancia. O acordo ser\u00e1 formulado at\u00e9 2015 entre os pa\u00edses membros da UNFCCC. Entenda os principais pontos do que foi aprovado em Doha:<\/p>\n
Segundo per\u00edodo do Protocolo de Kyoto<\/strong> – Ficou estabelecida a cria\u00e7\u00e3o de um segundo per\u00edodo do Protocolo de Kyoto, que passar\u00e1 a vigorar a partir de 1\u00ba de janeiro de 2013, com previs\u00e3o de t\u00e9rmino para 2020. Do novo acordo, fazem parte 36 pa\u00edses: Austr\u00e1lia, Noruega, Su\u00ed\u00e7a, Ucr\u00e2nia e todos os integrantes da Uni\u00e3o Europeia.<\/p>\n De acordo com o chefe dos negociadores da delega\u00e7\u00e3o brasileira, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, o governo brasileiro recebeu com grande satisfa\u00e7\u00e3o a aprova\u00e7\u00e3o do segundo per\u00edodo do cumprimento de Kyoto.<\/p>\n Jap\u00e3o, Nova Zel\u00e2ndia, Canad\u00e1 e R\u00fassia resolveram n\u00e3o participar do novo per\u00edodo do Protocolo de Kyoto. Segundo Tasso Azevedo, ex-diretor geral do Servi\u00e7o Florestal Brasileiro e consultor ambiental que participou das negocia\u00e7\u00f5es em Doha, os quatro pa\u00edses juntos s\u00e3o respons\u00e1veis por 15% das emiss\u00f5es globais.<\/p>\n Quanto \u00e0s metas de redu\u00e7\u00e3o estabelecidas, ele afirma que as metas de redu\u00e7\u00e3o que valem no segundo per\u00edodo n\u00e3o colaboram para a redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de gases-estufa no planeta.<\/p>\n \u201cQuase nenhum pa\u00eds apresentou uma meta de diminui\u00e7\u00e3o de 25% dos gases, quantidade considerada m\u00ednima de acordo com os cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas). Por conta disso, foi implementado um mecanismo prevendo que, at\u00e9 2014, os governos inseridos no Protocolo de Kyoto tentem reduzir suas emiss\u00f5es entre 25% e 40%. Mas isso vai depender da boa vontade deles\u201d, explica.<\/p>\n Segundo o embaixador Figueiredo, o mecanismo de revis\u00e3o foi apresentado pelo Brasil. \u201cO mecanismo interno criado por n\u00f3s facilita que [as metas] se tornem mais profundas, sem precisar que se adote uma nova emenda ao protocolo\u201d, disse.<\/p>\n Sobras de gases dos pa\u00edses ricos<\/strong> – Ainda sob o guarda-chuva de Kyoto, ficou decidido que durante os oito anos do segundo per\u00edodo de Kyoto n\u00e3o ser\u00e1 permitida a venda dos chamados \u201chot airs\u201d. O termo refere-se \u00e0 quantidade de gases que um pa\u00eds desenvolvido deixou de cortar e, para que alcan\u00e7asse sua meta de redu\u00e7\u00e3o, poderia ser vendida para outro pa\u00eds em forma de autoriza\u00e7\u00f5es de emiss\u00f5es. Estariam interessados nesse “com\u00e9rcio” na\u00e7\u00f5es inseridas em Kyoto que tenham ultrapassado o limite de redu\u00e7\u00e3o de gases — como uma forma de compensar as emiss\u00f5es.<\/p>\n \u201cEram 7 bilh\u00f5es de toneladas de CO2 que poderiam ser comercializados. Quando voc\u00ea vende uma unidade dessa, voc\u00ea d\u00e1 direito de emitir ao outro. Com isso se garante a integridade ambiental do protocolo\u201d, explicou Figueiredo.<\/p>\n Financiamento travado<\/strong> – Segundo Figueiredo e Azevedo, entraves referentes a financiamentos de pa\u00edses ricos a pa\u00edses pobres, com o objetivo de combater os efeitos da mudan\u00e7a clim\u00e1tica, n\u00e3o foram resolvidos.<\/p>\n Na pauta de negocia\u00e7\u00f5es estavam a defini\u00e7\u00e3o de como seriam arrecadados US$ 30 bilh\u00f5es entre 2009 e 2012 para as na\u00e7\u00f5es em desenvolvimento e como se arrecadaria tamb\u00e9m US$ 100 bilh\u00f5es anuais at\u00e9 2020 para um fundo clim\u00e1tico revertido aos governos mais pobres.<\/p>\n A crise financeira foi o principal argumento apresentado por representantes na COP 18. \u201cN\u00e3o houve um progresso t\u00e3o bom quanto gostar\u00edamos. Houve a reafirma\u00e7\u00e3o da promessa dos US$ 100 bilh\u00f5es anuais at\u00e9 2020, mas n\u00e3o houve a indica\u00e7\u00e3o clara de que o dinheiro vai aumentar paulatinamente at\u00e9 2020\u201d, explica Figueiredo.<\/p>\n Em discurso ao final da COP de Doha, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o Brasil queria mais em torno da quest\u00e3o de financiamento.<\/p>\n Novo acordo global<\/strong> – Outro ponto considerado importante e que ficou decidido em Doha refere-se \u00e0 discuss\u00e3o sobre perdas e danos. Ficou estabelecida a possibilidade de se criar seguros internacionais para atender poss\u00edveis preju\u00edzos sofridos por pa\u00edses pobres atingidos pela mudan\u00e7a clim\u00e1tica. No entanto, o funcionamento do novo instrumento ser\u00e1 negociado no \u00e2mbito do novo acordo clim\u00e1tico.<\/p>\n Foi ainda estipulado um cronograma de discuss\u00f5es em torno do novo tratado internacional. Segundo os documentos da ONU, a partir de 2013 come\u00e7a a ser desenhado o novo plano. O acordo ter\u00e1 que ser conclu\u00eddo at\u00e9 maio de 2015, para ser apresentado e aprovado no fim do mesmo ano na COP 21, que deve acontecer em Paris, na Fran\u00e7a. \u201cA ideia \u00e9 que entre 2013 e 2015, as reuni\u00f5es sejam intensas\u201d, explica o embaixador. (Fonte: Eduardo Carvalho\/ Globo Natureza)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" COP 18 aprova extens\u00e3o do Protocolo de Kyoto, mas trava financiamento. 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