At\u00e9 agora, sabia-se que as densas e frias \u00e1guas das profundezas dos oceanos globais tinham origem em tr\u00eas diferentes locais na Ant\u00e1rtida \u2013 o Mar de Weddell, o Mar de Ross e a costa da Terra Ad\u00e9lia na Ant\u00e1rtida Oriental. H\u00e1 30 anos, cogitou-se a exist\u00eancia de uma quarta fonte em algum lugar da ba\u00eda de Prydz. Mas os cientistas n\u00e3o eram capazes de confirmar onde e como acontecia a forma\u00e7\u00e3o dessas \u00e1guas.<\/p>\n
Agora, por meio de sofisticados dados de sat\u00e9lites, medi\u00e7\u00f5es oceanogr\u00e1ficas de campo e rastreamento de elefantes-marinhos, os cientistas descobriram que uma quarta corrente da chamada \u00c1gua Ant\u00e1rtica de Fundo \u00e9 produzida a partir da forma\u00e7\u00e3o intensa de gelo marinho na pol\u00ednia (\u00e1reas em mar aberto circundadas por gelo marinho) do Cabo Darnley, a noroeste da plataforma de gelo Amery. Cientistas estimam que essa fonte da \u00c1gua Ant\u00e1rtica de Fundo representa entre 6% e 13% do c\u00edrculo polar ant\u00e1rtico.<\/p>\n
O estudo do Centro de Pesquisa Cooperativa sobre o Clima e os Ecossistemas da Ant\u00e1rtida (ACE CRC, na sigla em ingl\u00eas), em Hobart, na Austr\u00e1lia, foi publicado nesta semana pela revista especializada Nature Geoscience. Segundo o ACE CRC, a import\u00e2ncia da descoberta est\u00e1 no fato de as \u00e1guas profundas da Ant\u00e1rtida serem um fator-chave da circula\u00e7\u00e3o global dos oceanos e, dessa forma, tamb\u00e9m do clima global.<\/p>\n
Ajuda de elefantes-marinhos<\/strong> – Guy Williams, coautor do estudo e especialista em gelo marinho no ACE CRC em Hobart, disse que a procura pela quarta fonte da \u00c1gua Ant\u00e1rtica de Fundo remonta \u00e0 descoberta, em 1977, de massas de \u00e1gua de fundo recentemente formadas na costa da Terra de Mac Robertson.<\/p>\n “Desde ent\u00e3o, passamos a ter uma prova em m\u00e3os”, disse Williams. “Suspeit\u00e1vamos que havia uma fonte de \u00c1gua Ant\u00e1rtica de Fundo na \u00e1rea, mas a inacessibilidade do local implicou que fossem necess\u00e1rios mais 30 anos para localizar e observar a forma\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n Entre 2008 e 2009, como parte do Ano Polar Internacional, cientistas japoneses da Universidade de Hokkaido e da Universidade de Tecnologia Marinha de T\u00f3quio dispuseram equipamentos de medi\u00e7\u00e3o em desfiladeiros fora da plataforma continental no Cabo Darnley. Os dados dessas medi\u00e7\u00f5es est\u00e3o sendo agora examinados junto a dados fornecidos por sensores em elefantes-marinhos.<\/p>\n “Os elefantes-marinhos conseguiram ir a um \u00e1rea costeira onde nenhum navio conseguiu chegar, particularmente no meio do inverno, e mediram as mais extremamente densas massas de \u00e1gua ao redor da Ant\u00e1rtida”, disse Williams. “Al\u00e9m disso, muitos dos elefantes-marinhos se alimentaram no talude continental abaixo dos 1,8 mil metros de profundidade, passando por uma camada dessa \u00e1gua densa que estava descendo para o abismo. Eles nos forneceram medi\u00e7\u00f5es de inverno muito raras e muito valiosas desse processo.”<\/p>\n Pe\u00e7a que faltava<\/strong> – A fonte rec\u00e9m-identificada se difere das outras tr\u00eas. Sua exist\u00eancia demonstra que as pol\u00ednias s\u00e3o capazes de formar massas suficientemente densas de \u00e1gua ao longo de uma sec\u00e7\u00e3o estreita da plataforma continental sem a assist\u00eancia tradicional de uma plataforma de gelo.<\/p>\n Segundo o ACE CRC, isso permite novas descobertas sobre a produ\u00e7\u00e3o de \u00c1gua Ant\u00e1rtica de Fundo das outras regi\u00f5es de pol\u00ednias ao redor da costa ant\u00e1rtica. O pesquisador Guy Williams diz que essa era a pe\u00e7a que faltava no quebra-cabe\u00e7a de tr\u00eas d\u00e9cadas: “Isto redesenha a oceanografia de larga escala da Ant\u00e1rtida na parte atl\u00e2ntica.”<\/p>\n De acordo com Williams, agora \u00e9 vital que essa nova informa\u00e7\u00e3o seja incorporada \u00e0 avalia\u00e7\u00e3o da variabilidade e mudan\u00e7a da \u00c1gua Ant\u00e1rtica de Fundo; e sua influ\u00eancia tamb\u00e9m seja incorporada \u00e0 invers\u00e3o da circula\u00e7\u00e3o global: “Isso vai melhorar os esfor\u00e7os de modelagem num\u00e9rica para prever sua resposta a longo prazo para as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.” (Fonte: Portal iG)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Com ajuda de medidores instalados em elefantes-marinhos, cientistas conseguem desvendar segredo de 30 anos envolvendo a origem das \u00e1guas mais profundas e frias dos mares. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[66,191,75],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/92018"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=92018"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/92018\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=92018"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=92018"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=92018"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}