O degelo no \u00c1rtico pode arruinar o sistema financeiro global, alerta um grupo de cientistas europeus. De acordo com c\u00e1lculos econ\u00f4micos e modelos clim\u00e1ticos, eles conclu\u00edram que o derretimento do Polo Norte \u00e9 \u201cuma bomba do tempo econ\u00f4mica\u201d que custaria ao mundo 60 trilh\u00f5es de d\u00f3lares – valor pr\u00f3ximo aos 70 trilh\u00f5es de d\u00f3lares que a economia mundial movimentou em 2012. Isto porque mudan\u00e7as na regi\u00e3o afetam os sistemas clim\u00e1ticos e oce\u00e2nicos em todo o mundo.<\/p>\n
Urso Polar no territ\u00f3rio de Svalbard, no \u00c1rtico: recuo da cobertura de gelo foi recorde em 2012
\nO estudo vai contra a expectativa da ind\u00fastria e de governos. O derretimento do \u00c1rtico trazia a expectativa de ganhos econ\u00f4micos a partir da explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo e da abertura de novas rotas comerciais entre a Europa e a \u00c1sia. Acredita-se que no \u00c1rtico esteja 30% das jazidas de g\u00e1s ainda n\u00e3o descobertas do mundo e 13% das jazidas de petr\u00f3leo.<\/p>\n
\u201cExiste um pre\u00e7o ligado \u00e0s altera\u00e7\u00f5es f\u00edsicas no \u00c1rtico, independente dos ganhos econ\u00f4micos a curto prazo para na\u00e7\u00f5es do \u00c1rtico e algumas ind\u00fastrias\u2019, alertam os cientistas em artigo publicado nesta quarta (23) no peri\u00f3dico cient\u00edfico Nature . O custo estaria ligado ao aumento de eventos extremos como chuvas e inunda\u00e7\u00f5es no mundo todo, at\u00e9 mesmo em regi\u00f5es muito distantes do \u00c1rtico. <\/p>\n
Aplicando uma vers\u00e3o atualizada do m\u00e9todo de modelagem usado no relat\u00f3rio Stern Review 2006 do governo do Reino Unido sobre a economia da mudan\u00e7a clim\u00e1tica, os autores calculam m\u00e9dias globais das consequ\u00eancias econ\u00f4micas com libera\u00e7\u00e3o de 50 gigatoneladas de metano em mais de uma d\u00e9cada de degelo do permafrost (o gelo eterno) sob o mar da Sib\u00e9ria Oriental. Com isto eles chegaram ao valor de 60 trilh\u00f5es de d\u00f3lares em impactos do clima global.<\/p>\n
“O iminente desaparecimento do gelo marinho no \u00c1rtico ter\u00e1 implica\u00e7\u00f5es enormes para a acelera\u00e7\u00e3o das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. A libera\u00e7\u00e3o de metano [g\u00e1s causador do efeito estufa] de \u00e1guas pr\u00f3ximas da costa \u00e9 capaz de deixar o ver\u00e3o ainda mais quente. Portanto, a libera\u00e7\u00e3o maci\u00e7a de metano na atmosfera ter\u00e1 implica\u00e7\u00f5es importantes para as pessoas e economias globais”, diz Peter Wadhams, professor de f\u00edsica oce\u00e2nica da Universidade de Cambridge, autor do artigo ao lado de Gail Whiteman, professor de sustentabilidade, administra\u00e7\u00e3o e mudan\u00e7as clim\u00e1ticas na Universidade Erasmus, na Holanda , e Chris Hope, da Cambridge Judge Business School.<\/p>\n
Os autores afirmam que os efeitos de derretimento do permafrost sobre o clima e os oceanos ser\u00e3o sentidos no mundo inteiro. De acordo com o estudo, todas as na\u00e7\u00f5es ser\u00e3o afetadas, por\u00e9m 80% dos custos ser\u00e3o pagos por pa\u00edses em desenvolvimento, que ter\u00e3o de enfrentar condi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas extremas como inunda\u00e7\u00f5es e secas, mais gastos com a sa\u00fade p\u00fablica e baixa na produ\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Eles afirmam tamb\u00e9m que a discuss\u00e3o econ\u00f4mica atual est\u00e1 deixando de lado um grande problema. \u201cA ci\u00eancia do \u00c1rtico \u00e9 um ativo estrat\u00e9gico para as economias humanas porque a regi\u00e3o coordena mudan\u00e7as nos sistemas biof\u00edsicos, pol\u00edticos e econ\u00f4micos. Por\u00e9m, nem o F\u00f3rum Econ\u00f4mico Mundial, nem o Fundo Monet\u00e1rio Internacional atualmente reconhecem o perigo econ\u00f4mico de mudan\u00e7a do \u00c1rtico\u201d, afirmam os pesquisadores.<\/p>\n
O \u00c1rtico aquece pelo menos duas vezes mais r\u00e1pido que o resto do mundo e a \u00e1rea de gelo marinho vem reduzindo significativamente nos \u00faltimos anos, atingindo n\u00edvel recorde em 2012. De acordo com o National Snow and Ice Data Center (NSIDC), dos Estados Unidos, no ano passado, a extens\u00e3o da cobertura de gelo do \u00c1rtico chegou a 4,09 milh\u00f5es de km 2 , quebrando o recorde anterior, de 4,17 milh\u00f5es de km 2 , estabelecido em 2007.<\/p>\n
A regi\u00e3o do Polo Norte \u00e9 um oceano cuja superf\u00edcie \u00e9 coberta de gelo. No inverno do Hemisf\u00e9rio Norte, a \u00e1gua congelada cobre uma \u00e1rea de cerca de 15,54 milh\u00f5es de km 2 , encolhendo durante o ver\u00e3o e depois aumentando de novo no outono. Ainda n\u00e3o se sabe quanto foi o degelo total do \u00c1rtico em 2013, pois o ver\u00e3o do hemisf\u00e9rio Norte termina em agosto. (Fonte: Portal iG)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
C\u00e1lculo foi feito a partir da libera\u00e7\u00e3o de g\u00e1s metano que resulta na maior ocorr\u00eancia de secas e inunda\u00e7\u00f5es. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[205,46],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/96509"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=96509"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/96509\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=96509"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=96509"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=96509"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}