{"id":97866,"date":"2013-09-06T00:00:30","date_gmt":"2013-09-06T03:00:30","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=97866"},"modified":"2013-09-05T21:32:06","modified_gmt":"2013-09-06T00:32:06","slug":"pressao-chinesa-teria-levado-equador-a-buscar-petroleo-em-reserva-amazonica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/09\/06\/97866-pressao-chinesa-teria-levado-equador-a-buscar-petroleo-em-reserva-amazonica.html","title":{"rendered":"Press\u00e3o chinesa teria levado Equador a buscar petr\u00f3leo em reserva amaz\u00f4nica"},"content":{"rendered":"

A pol\u00eamica decis\u00e3o do presidente do Equador, Rafael Correa, de explorar petr\u00f3leo numa reserva em plena Amaz\u00f4nia equatoriana \u2013 que indignou ambientalistas, j\u00e1 mobiliza parte da sociedade civil no pa\u00eds e gerou mal-estar at\u00e9 com a Alemanha \u2013 teria sido motivada tamb\u00e9m por press\u00e3o da China, segundo levantamento feito pela Deutsche Welle.<\/p>\n

Desde 2008, quando decretou a morat\u00f3ria de parte da d\u00edvida externa, o Equador passou a ter nos chineses seus principais credores. S\u00f3 em agosto passado, o pa\u00eds recebeu US$ 1,2 bilh\u00e3o como parte de acordos de pr\u00e9-venda de petr\u00f3leo. E o \u00f3leo extra\u00eddo do Parque Nacional Yasun\u00ed poderia servir para suprir a demanda exigida por Pequim. “A decis\u00e3o de Correa de explorar Yasun\u00ed \u00e9 uma resposta \u00e0 press\u00e3o internacional, \u00e0 press\u00e3o da China. N\u00f3s temos uma d\u00edvida enorme com esse pa\u00eds”, afirma Jorge Espinoza, da organiza\u00e7\u00e3o ambiental equatoriana Acci\u00f3n Ecol\u00f3gica.<\/p>\n

\u200bEm junho passado, Correa anunciou que a estatal China National Petroleum Company investiria US$ 12,5 bilh\u00f5es na moderniza\u00e7\u00e3o e constru\u00e7\u00e3o de novas refinarias no Equador. Antes disso, a d\u00edvida equatoriana com Pequim j\u00e1 chegava a US$ 7,8 bilh\u00f5es, grande parte relacionada ao setor petrol\u00edfero. “Sem d\u00favida alguma, uma raz\u00e3o [para o projeto em Yasun\u00ed] \u00e9 a crescente demanda de recursos naturais em pa\u00edses como a China, que est\u00e3o desesperadamente famintos por petr\u00f3leo, minerais e alimentos”, diz Alberto Acosta, ministro de Minas e Energia durante o primeiro mandato de Correa.<\/p>\n

A China come\u00e7ou a se aproximar do Equador com a chegada de Correa ao poder, em 2007, em busca de fontes de recursos naturais para sua gigantesca ind\u00fastria. Ent\u00e3o, o pa\u00eds sul-americano vendia 75% do seu petr\u00f3leo para os Estados Unidos. Hoje, estima-se que envie mais da metade para os chineses, e a tend\u00eancia \u00e9 que a cifra cres\u00e7a. “A China tem um portf\u00f3lio de investimentos em crescimento vertiginoso na Am\u00e9rica Latina, inclusive no Brasil, e os pa\u00edses, em geral, t\u00eam um comportamento diplom\u00e1tico bastante subserviente \u00e0 China”, aponta o americano Philip Fearnside, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa das Amaz\u00f4nia). “Portanto, o potencial chin\u00eas para provocar impactos ambientais na regi\u00e3o \u00e9 grande”, conclui.<\/p>\n

O governo equatoriano foi procurado pela reportagem da DW, mas n\u00e3o quis se pronunciar sobre o assunto.<\/p>\n

Fracasso de iniciativa internacional<\/strong> – Ambientalistas e povos ind\u00edgenas ainda se mobilizam para tentar impedir a explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo no Parque Yasun\u00ed, uma das regi\u00f5es de maior biodiversidade do mundo. Eles buscam recolher assinaturas para a realiza\u00e7\u00e3o de um referendo. O projeto encaminhado por Correa est\u00e1 atualmente na Assembleia Nacional que, dominada por partid\u00e1rios do presidente, dever\u00e1 aprov\u00e1-lo sem transtornos.<\/p>\n

Em 2007, o Equador havia se disposto a preservar a regi\u00e3o se recebesse US$ 3,6 bilh\u00f5es de ajuda internacional, numa iniciativa conhecida como Yasun\u00ed ITT. O valor corresponde \u00e0 metade do lucro estimado com a explora\u00e7\u00e3o do petr\u00f3leo durante 10 anos. No entanto, o Equador conseguiu apenas US$ 13 milh\u00f5es, doados por pa\u00edses europeus e organiza\u00e7\u00f5es de prote\u00e7\u00e3o ao meio ambiente. A quantia foi depositada em um fundo de um programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas e, com o fim do projeto, ser\u00e1 devolvida. O epis\u00f3dio gerou fortes cr\u00edticas, sobretudo da Alemanha, uma das principais defensoras da preserva\u00e7\u00e3o do parque.<\/p>\n

Quando foi anunciada, a iniciativa Yasun\u00ed ITT parecia revolucion\u00e1ria: pa\u00edses mais ricos ajudariam governos mais pobres a preservar a natureza em vez de explor\u00e1-la economicamente. Mas a empreitada inovadora tinha poucas chances de dar certo: segundo especialistas, o fracasso desse modelo j\u00e1 era esperado.<\/p>\n

A presidente do Centro Equatoriano de Direito Ambiental (Ceda), Ver\u00f3nica Arias, aponta as contradi\u00e7\u00f5es do governo do Equador como um dos fatores decisivos para a falha da iniciativa. Para ela, tamb\u00e9m houve problema na concep\u00e7\u00e3o do projeto, que era considerado como modelo para reduzir mudan\u00e7as clim\u00e1ticas \u2013 e n\u00e3o um projeto de preserva\u00e7\u00e3o da biodiversidade. Houve tamb\u00e9m, segundo ela, falta de clareza nas diretrizes sobre a aplica\u00e7\u00e3o dos recursos que viriam do fundo.<\/p>\n

“Havia o plano A, que era n\u00e3o extrair petr\u00f3leo na regi\u00e3o, mas sempre houve o plano B, que era explorar Yasun\u00ed se n\u00e3o conseguissem juntar os recursos. A comunidade internacional percebeu isso como uma chantagem”, afirma. “As ambiguidades de Correa s\u00e3o uma das raz\u00f5es para que a comunidade internacional permanecesse afastada do projeto”.<\/p>\n

Manobra pol\u00edtica<\/strong> – O contrato com as Na\u00e7\u00f5es Unidas demorou demais para sair \u2013 no meio do projeto houve uma mudan\u00e7a da equipe da iniciativa. E ainda: Correa se op\u00f4s \u00e0 forma de administra\u00e7\u00e3o do fundo, composta por uma maioria de representantes internacionais. Essas a\u00e7\u00f5es fizeram com que, em todo mundo, existissem d\u00favidas sobre a proposta de preserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Para Adalberto Ver\u00edssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaz\u00f4nia (Imazon), a compensa\u00e7\u00e3o para evitar a explora\u00e7\u00e3o em Yasun\u00ed n\u00e3o serviu como estrat\u00e9gia para manter a regi\u00e3o preservada. Na vis\u00e3o do pesquisador, a iniciativa n\u00e3o passou de uma manobra pol\u00edtica de Correa para que, no fim, ele conseguisse uma desculpa para aprovar o pol\u00eamico projeto de explora\u00e7\u00e3o no parque \u2013 e sem essa desculpa, ele n\u00e3o teria apoio da popula\u00e7\u00e3o. Hoje o presidente garante que o projeto passaria por qualquer referendo popular no Equador.<\/p>\n

“Qualquer tentativa de pedir que a comunidade internacional pague um recurso desse vulto est\u00e1 fadada a n\u00e3o dar certo. O Equador, para mim, a partir do momento que colocou essa proposta na mesa, j\u00e1 estava disposto explorar petr\u00f3leo. O governo queria apenas criar um pretexto para, internamente, justificar o fato para a opini\u00e3o p\u00fablica”, diz Ver\u00edssimo.<\/p>\n

O ex-ministro Alberto Acosta v\u00ea um efeito preocupante para o resto da Amaz\u00f4nia. Para ele, toda a regi\u00e3o perde com “o fracasso de uma proposta que caminhava para uma era p\u00f3s-extrativista e que, sobretudo, for\u00e7ava que os conceitos de ‘desenvolvimento’ e ‘progresso’ fossem repensados”. (Fonte: Terra)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Atr\u00e1s de cr\u00e9dito no exterior, decis\u00e3o de Correa de explorar petr\u00f3leo em uma das regi\u00f5es de maior biodiversidade do planeta, o Parque Nacional Yasun\u00ed, gerou revolta n\u00e3o apenas entre ambientalistas, mas em outras na\u00e7\u00f5es. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[32,35,53],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/97866"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=97866"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/97866\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=97866"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=97866"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=97866"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}