{"id":98587,"date":"2013-09-30T00:00:58","date_gmt":"2013-09-30T03:00:58","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=98587"},"modified":"2013-09-29T16:07:17","modified_gmt":"2013-09-29T19:07:17","slug":"laboratorio-da-ufmg-usa-dna-para-investigar-origem-de-povos-indigenas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/09\/30\/98587-laboratorio-da-ufmg-usa-dna-para-investigar-origem-de-povos-indigenas.html","title":{"rendered":"Laborat\u00f3rio da UFMG usa DNA para investigar origem de povos ind\u00edgenas"},"content":{"rendered":"

Quem escuta a palavra \u201cDNA\u201d costuma contextualizar o termo nas \u00e1reas da medicina, sa\u00fade e at\u00e9 de investiga\u00e7\u00f5es criminosas. Mas um projeto do laborat\u00f3rio de genealogia do Instituto de Ci\u00eancias Biol\u00f3gicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com outros dez laborat\u00f3rios de an\u00e1lise de material gen\u00e9tico em todo o mundo, \u00e9 exemplo de que o DNA vai muito al\u00e9m dos laborat\u00f3rios. Nestes espa\u00e7os cient\u00edficos, as an\u00e1lises gen\u00e9ticas s\u00e3o usadas para preencher lacunas na hist\u00f3ria da origem dos povos.<\/p>\n

O Projeto Genogr\u00e1fico, um estudo internacional que re\u00fane dez laborat\u00f3rios em todo o mundo e \u00e9 coordenado pelo professor Fabr\u00edcio Rodrigues Santos, do Instituto de Ci\u00eancias Biol\u00f3gicas da (UFMG), analisa amostras de DNA para determinar caracter\u00edsticas comuns em pessoas e grupos ao longo de at\u00e9 500 gera\u00e7\u00f5es de diversos povos.<\/p>\n

Desde 2007, a equipe do laborat\u00f3rio genogr\u00e1fico da UFMG coleta e analisa material gen\u00e9tico do grupo \u00e9tnico Uros, que t\u00eam n\u00facleos na Bol\u00edvia e no Peru. Segundo o pesquisador, com o DNA, \u00e9 poss\u00edvel tra\u00e7ar rotas migrat\u00f3rias, e descobrir parte da hist\u00f3ria pr\u00e9-colombiana dos povos ind\u00edgenas na Am\u00e9rica do Sul. \u201cInd\u00edgenas vivem na Am\u00e9rica do Sul h\u00e1 14 mil anos. Mas os livros did\u00e1ticos trazem apenas parte dessa hist\u00f3ria, desde a coloniza\u00e7\u00e3o europeia. Ainda h\u00e1 muito para ser contado.\u201d, diz o professor, que explica que a falta de registros por meio da cultura escrita nesses povos pode ter contribu\u00eddo para que muito fosse esquecido ao longo de s\u00e9culos.<\/p>\n

Para contar essas hist\u00f3rias, ainda segundo o pesquisador, a biologia n\u00e3o pode trabalhar sozinha. \u00c9 preciso associ\u00e1-la \u00e0 arqueologia, aos estudos de linguagem e \u00e0 antropologia. O bi\u00f3logo explica que o trabalho do laborat\u00f3rio \u00e9 muito similar ao de exames de paternidade. \u201cA diferen\u00e7a \u00e9 que os exames de paternidade buscam informa\u00e7\u00f5es sobre uma gera\u00e7\u00e3o, a gera\u00e7\u00e3o do pai da crian\u00e7a. J\u00e1 os testes que fazemos buscam informa\u00e7\u00f5es de at\u00e9 500 gera\u00e7\u00f5es\u201d, diz. Dessa forma, a equipe chega a dados de mil\u00eanios passados.<\/p>\n

Santos conta que trabalho \u00e9 extenso, e fica ainda mais complicado porque, para entender a origem dos povos Uros, tamb\u00e9m \u00e9 preciso analisar amostras de outros grupos que vivem na regi\u00e3o, ou at\u00e9 em dist\u00e2ncias m\u00e9dias, para fazer compara\u00e7\u00f5es. At\u00e9 o momento, foram analisadas amostras de DNA da saliva de 388 indiv\u00edduos, entre os Uros das ilhas flutuantes do lago Titicaca, no Peru, e os Uru-Chipaya e Uru-Poop\u00f3, que habitam a Bol\u00edvia. As amostras foram comparadas a outras, dos povos Aimar\u00e1s e Qu\u00e9chuas, grupos majorit\u00e1rios na regi\u00e3o Andina.<\/p>\n

Os Uros, conforme conta o professor, foram selecionados para participar do projeto por terem demonstrarado interesse. \u201cV\u00e1rios povos foram convidados a participar, mas muitos n\u00e3o se interessam pela hist\u00f3ria. Os Uros t\u00eam uma curiosidade especial sobre o passado. Eles querem saber mais sobre as origens e influ\u00eancias recebidas pelo grupo\u201d, diz. A primeira amostra de DNA colhida foi do prefeito da comunidade Uros no Peru.<\/p>\n

Apesar de j\u00e1 ter resultados das an\u00e1lises e um artigo cient\u00edfico publicado na edi\u00e7\u00e3o de setembro da Revista Plos One, o estudo internacional ainda est\u00e1 em andamento. Segundo Fabr\u00edcio Santos, a equipe j\u00e1 programa outra visita \u00e0 comunidade para o pr\u00f3ximo m\u00eas. Participam do projeto dez centros de pesquisa em todo o mundo.<\/p>\n

Uros<\/strong> – Segundo Fabr\u00edcio Santos, o coordenador da pesquisa, os Uros s\u00e3o um grupo \u00e9tnico que est\u00e1 presente tanto na Bol\u00edvia, com cerca de 2,6 mil membros, quanto no Peru, com cerca de 2 mil pessoas. Para os cientistas que trabalham no projeto, o grupo \u00e9 considerado especial porque apresenta costumes e caracter\u00edsticas muito diferentes dos outros povos que habitam a regi\u00e3o. \u201cEnquanto a maioria das comunidades v\u00eam de uma tradi\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, com tecnologias avan\u00e7adas do imp\u00e9rio Inca, os Uros, que no Peru habitam a regi\u00e3o do Lago Titicaca, s\u00e3o de uma tradi\u00e7\u00e3o de pesca\u201d, explica.<\/p>\n

O pesquisador conta que durante a apresenta\u00e7\u00e3o dos resultados finais da pesquisa para algumas lideran\u00e7as do grupo \u00e9tnico, os Uros ficaram bastante satisfeitos. \u201cEles ficaram muito felizes. H\u00e1 um preconceito local de outras comunidades com os Uros. Como eles s\u00e3o um grupo pequeno, muitas vezes s\u00e3o chamados de forasteiros, como se n\u00e3o pertencessem \u00e0quele lugar\u201d. Segundo o pesquisador, esse preconceito incomoda o grupo e traz ainda mais ansiedade pela busca das origens da comunidade, que n\u00e3o tem a etnia oficialmente reconhecida pelo governo do pa\u00eds. (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

‘O trabalho \u00e9 uma aplica\u00e7\u00e3o da ci\u00eancia a servi\u00e7o da hist\u00f3ria’, diz bi\u00f3logo. Projeto internacional estuda material gen\u00e9tico dos Uros, no Peru. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[101,25,75],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/98587"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=98587"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/98587\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=98587"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=98587"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=98587"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}