{"id":98613,"date":"2013-09-30T00:00:32","date_gmt":"2013-09-30T03:00:32","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=98613"},"modified":"2013-09-29T22:33:12","modified_gmt":"2013-09-30T01:33:12","slug":"grupo-da-usp-mapeia-diversidade-de-algas-no-estado-de-sao-paulo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/09\/30\/98613-grupo-da-usp-mapeia-diversidade-de-algas-no-estado-de-sao-paulo.html","title":{"rendered":"Grupo da USP mapeia diversidade de algas no Estado de S\u00e3o Paulo"},"content":{"rendered":"
Com o aux\u00edlio de t\u00e9cnicas moleculares, como sequenciamento de genes e DNA barcoding (c\u00f3digo de barras de DNA), cientistas da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) est\u00e3o concluindo o mais completo levantamento j\u00e1 feito sobre a biodiversidade de macroalgas vermelhas do Estado de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n
A pesquisa est\u00e1 sendo conduzida no \u00e2mbito de um Projeto Tem\u00e1tico coordenado por Mariana Cabral de Oliveira, do Instituto de Bioci\u00eancias da USP.<\/p>\n
Parte dos resultados foi apresentada na quinta-feira (26) durante a FAPESP Week London, que ocorre at\u00e9 27 de setembro na capital do Reino Unido. O evento, com transmiss\u00e3o ao vivo pela internet a partir de www.fapesp.br\/week2013\/london, \u00e9 realizado pela FAPESP, com apoio do British Council e da Royal Society.<\/p>\n
Segundo Oliveira, antes do in\u00edcio da pesquisa j\u00e1 haviam sido descritas cerca de 190 esp\u00e9cies de macroalgas vermelhas no Estado de S\u00e3o Paulo. Quando o tem\u00e1tico estiver conclu\u00eddo, o n\u00famero final pode chegar a cerca de 240.<\/p>\n
\u201cH\u00e1 mais de uma dezena de novas esp\u00e9cies que nunca haviam sido descritas. H\u00e1 ainda uma s\u00e9rie de novas ocorr\u00eancias, ou seja, esp\u00e9cies j\u00e1 descritas em outras regi\u00f5es para as quais n\u00e3o havia cita\u00e7\u00e3o para a costa de S\u00e3o Paulo. Estamos, neste momento, fazendo a s\u00edntese dos resultados e o n\u00famero ainda n\u00e3o est\u00e1 fechado\u201d, disse Oliveira.<\/p>\n
Interesse comercial e ambiental<\/strong> – \u201cAs algas multicelulares, ou macroalgas, s\u00e3o divididas em tr\u00eas grupos: vermelhas, pardas e verdes. Escolhemos estudar as vermelhas por serem o grupo mais diverso na costa brasileira e o de maior import\u00e2ncia econ\u00f4mica\u201d, contou Oliveira.<\/p>\n Al\u00e9m de servir como alimento, principalmente na culin\u00e1ria oriental, grande parte das macroalgas vermelhas produz gelatinas \u2013 como as agaranas e as carragenanas \u2013 empregadas tanto na ind\u00fastria aliment\u00edcia, cosm\u00e9tica e farmac\u00eautica como no setor de biotecnologia. H\u00e1 ainda outros derivados de interesse comercial, como corantes e mol\u00e9culas usadas pelo setor agr\u00edcola para induzir o crescimento de plantas.<\/p>\n \u201cAs algas, em geral, tamb\u00e9m t\u00eam grande import\u00e2ncia para o ecossistema, pois, al\u00e9m de serem a base da cadeia alimentar marinha, produzem cerca de metade do oxig\u00eanio do planeta\u201d, afirmou a pesquisadora.<\/p>\n Por \u00faltimo, Oliveira destacou a import\u00e2ncia do estudo das algas para a compreens\u00e3o de como ocorreu a evolu\u00e7\u00e3o da vida na Terra. \u201cElas formam linhagens muito diversas e h\u00e1 grupos que evolu\u00edram de forma independente. Para pegar um ancestral que deu origem a todas as algas seria preciso voltar cerca de 2 bilh\u00f5es de anos. J\u00e1 os animais e os fungos se separaram h\u00e1 1 bilh\u00e3o de anos, ou seja, do ponto de vista filogen\u00e9tico, n\u00f3s, humanos, somos mais pr\u00f3ximos dos fungos do que certos grupos de algas s\u00e3o pr\u00f3ximos entre si\u201d, comentou.<\/p>\n A coleta<\/strong> – Para fazer o levantamento, os pesquisadores realizaram coletas manuais nas regi\u00f5es costeiras e nas ilhas do Estado de S\u00e3o Paulo, com aux\u00edlio de mergulhadores e a colabora\u00e7\u00e3o da pesquisadora Mutue Fujii, do Instituto Bot\u00e2nico. As esp\u00e9cimes de \u00e1gua doce dos rios paulistas foram coletadas em um bra\u00e7o do Tem\u00e1tico coordenado pelo professor Orlando Necchi Junior, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de S\u00e3o Jos\u00e9 do Rio Preto.<\/p>\n \u201cAs macroalgas marinhas vermelhas est\u00e3o limitadas \u00e0 regi\u00e3o costeira, pois crescem aderidas ao substrato rochoso que, no Estado de S\u00e3o Paulo, se estende por cerca de 20 metros de profundidade\u201d, contou Oliveira.<\/p>\n Todos os organismos coletados tiveram o DNA extra\u00eddo para an\u00e1lise e depois foram depositados nos herb\u00e1rios do Departamento de Bot\u00e2nica do IB\/USP, do Instituto Bot\u00e2nico e do Instituto de Bioci\u00eancias, Letras e Ci\u00eancias Exatas da Unesp de S\u00e3o Jos\u00e9 do Rio Preto \u2013 onde est\u00e3o dispon\u00edveis para outros grupos que tenham interesse em estud\u00e1-los. Os marcadores gen\u00e9ticos sequenciados durante o trabalho de identifica\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies tamb\u00e9m est\u00e3o armazenados em um banco de dados de acesso p\u00fablico acess\u00edvel no site http:\/\/www.boldsystems.org\/.<\/p>\n \u201cEstamos percebendo que apenas as t\u00e9cnicas tradicionais de taxonomia, que se baseiam na morfologia das esp\u00e9cies, n\u00e3o s\u00e3o suficientes para fazer a classifica\u00e7\u00e3o correta em algumas situa\u00e7\u00f5es. H\u00e1 casos em que encontramos dois organismos com morfologia variada e, ao analisar mais profundamente, vemos que pertencem a uma mesma esp\u00e9cie com maior plasticidade fenot\u00edpica\u201d, contou Oliveira.<\/p>\n O contr\u00e1rio tamb\u00e9m \u00e9 comum ocorrer, acrescentou a pesquisadora. Dois exemplares que parecem pertencer \u00e0 mesma esp\u00e9cie revelam-se diferentes nos exames moleculares.<\/p>\n Para fazer essas an\u00e1lises, os pesquisadores recorreram tanto ao sequenciamento de genes completos, pelas t\u00e9cnicas tradicionais, como ao DNA barcoding, m\u00e9todo que analisa apenas um trecho pequeno do gene e, por isso, \u00e9 mais r\u00e1pido, barato e permite trabalhar com um n\u00famero maior de amostras.<\/p>\n \u201cPrimeiro, usamos o DNA barcoding para definir quais s\u00e3o os grupos taxon\u00f4micos [separar as esp\u00e9cies] e, em seguida, selecionamos alguns indiv\u00edduos para fazer os marcadores moleculares, ou seja, sequenciar um gene completo. Um dos genes que usamos para diferenciar as esp\u00e9cies \u00e9 o rbcL, que codifica a subunidade grande da enzima RuBisCO (Ribulose-1,5-bisphosphate carboxylase oxygenase )\u201d, contou.<\/p>\n De acordo com a pesquisadora, S\u00e3o Paulo \u00e9 o Estado brasileiro mais bem estudado em termos de diversidade de algas, trabalho que vem sendo realizado desde os anos 1950.<\/p>\n Esfor\u00e7o internacional<\/strong> – Durante sua apresenta\u00e7\u00e3o na FAPESP Week London, Oliveira tamb\u00e9m falou sobre o projeto Brazilian Barcode of Life (BrBOL), cons\u00f3rcio que tem como objetivo mapear a biodiversidade brasileira com apoio de ferramentas moleculares.<\/p>\n \u201c\u00c9 uma iniciativa do Brasil, apoiada pelo CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient\u00edfico e Tecnol\u00f3gico], de participar de um esfor\u00e7o internacional de criar essa etiqueta molecular, ou c\u00f3digo de barra, para cada esp\u00e9cie existente no planeta. Eu coordeno o grupo marinho, que inclui algas e alguns grupos de invertebrados\u201d, contou. (Fonte: Ag\u00eancia Fapesp)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"