{"id":98718,"date":"2013-10-03T00:00:17","date_gmt":"2013-10-03T03:00:17","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=98718"},"modified":"2013-10-02T18:15:17","modified_gmt":"2013-10-02T21:15:17","slug":"combater-caca-ilegal-de-golfinhos-ainda-e-desafio-no-peru","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/10\/03\/98718-combater-caca-ilegal-de-golfinhos-ainda-e-desafio-no-peru.html","title":{"rendered":"Combater ca\u00e7a ilegal de golfinhos ainda \u00e9 desafio no Peru"},"content":{"rendered":"
Em fevereiro do ano passado, uma cena chocou os peruanos. Mais de 870 golfinhos foram encontrados mortos numa praia do norte do pa\u00eds. As causas, segundo um estudo de um instituto ligado ao governo, foram naturais. Mas ambientalistas atribu\u00edram o desastre ao impacto ac\u00fastico causado pela explora\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo, que teria desnorteado os animais e os levado a encalhar na areia.<\/p>\n
O epis\u00f3dio chamou a aten\u00e7\u00e3o para as dificuldades enfrentadas pelo Peru para proteger os golfinhos, que sofrem sobretudo com a ca\u00e7a ilegal. Estima-se em pelo menos 2.000 a quantidade de cet\u00e1ceos mortos por ano para consumo no pa\u00eds. Nos mercados populares, a carne chega a ser vendida com a alcunha de “porco do mar”.<\/p>\n
“No Peru temos os \u00edndices mais altos do mundo de ca\u00e7a ilegal de golfinhos”, diz o ativista e bi\u00f3logo marinho alem\u00e3o Stefan Austerm\u00fchle, que trabalha desde os anos 1990 em atividades de prote\u00e7\u00e3o de baleias e golfinhos no pa\u00eds.<\/p>\n
Embora ainda alto, os n\u00fameros s\u00e3o mais baixos que nas d\u00e9cadas passadas. Uma das raz\u00f5es que levou \u00e0 explora\u00e7\u00e3o dos golfinhos foi uma queda dos recursos pesqueiros a partir dos anos 1970. “N\u00e3o tinham mais o que pescar, ent\u00e3o pescavam golfinhos. Nos anos 1990, a ca\u00e7a chegou a n\u00edveis estimados de 20 mil golfinhos por ano”, diz Austerm\u00fchle.<\/p>\n
A cifra, alarmante, colocou em risco a sobreviv\u00eancia dos golfinhos na costa peruana. Em 1996, foi aprovada uma lei que proibiu finalmente a ca\u00e7a, comercializa\u00e7\u00e3o e o consumo desse cet\u00e1ceo, agora considerados um crime ecol\u00f3gico punido com at\u00e9 tr\u00eas anos de pris\u00e3o. Apesar disso, a captura de animais continuou, ainda que em menor escala.<\/p>\n
Obst\u00e1culos <\/strong>– Austerm\u00fchle lembra que, quando desembarcou no Peru, na d\u00e9cada de 1990, as ONGs trabalhavam na floresta e “quase ningu\u00e9m se preocupava com o mar”. Junto com outros ativistas, criou a organiza\u00e7\u00e3o Mundo Azul em 1999, da qual hoje \u00e9 diretor. Com ela, tem buscado gerar uma consci\u00eancia ambiental e combater a ca\u00e7a.<\/p>\n Na sua pesquisa, o alem\u00e3o percorreu a costa durante mais de seis anos, registrando 31 esp\u00e9cies de golfinhos e baleias. Com uma rede de volunt\u00e1rios peruanos e estrangeiros, continuou vigiando e realizando trabalhos de difus\u00e3o e educa\u00e7\u00e3o sobre o tema. Mas sempre apareciam mais golfinhos mortos, v\u00edtimas de redes ou arp\u00f5es, dilacerados nas praias. \u00c0s vezes encontrava s\u00f3 a cabe\u00e7a, pois as partes comest\u00edveis j\u00e1 haviam sido retiradas.<\/p>\n Com c\u00e2meras escondidas e investiga\u00e7\u00f5es, infiltrando-se at\u00e9 em mercados e em associa\u00e7\u00f5es pesqueiras, Austerm\u00fchle descobriu muitos lugares de venda da carne de golfinho. Com essa informa\u00e7\u00e3o, a Mundo Azul recorreu \u00e0 pol\u00edcia, que realizou a\u00e7\u00f5es para combater o com\u00e9rcio e o consumo ilegal.<\/p>\n A fiscaliza\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 simples e, enquanto o consumo de carne de golfinho se mantiver, sempre haver\u00e1 pessoas dispostas a ca\u00e7ar o animal. A cruzada da ONG continua em diferentes frentes. Stefan Austerm\u00fchle investiga novos perigos para os golfinhos, como os efeitos da contamina\u00e7\u00e3o e da ind\u00fastria, as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e, inclusive, o uso como isca para a pesca.<\/p>\n Austerm\u00fchle reconhece que os recursos para o estudo e a fiscaliza\u00e7\u00e3o s\u00e3o escassos, o que dificulta a tarefa. Al\u00e9m disso, as suas den\u00fancias s\u00e3o inc\u00f4modas: “Ganhei v\u00e1rios inimigos. Tenho recebido, em v\u00e1rias ocasi\u00f5es, amea\u00e7as de morte e reclama\u00e7\u00f5es daqueles que dizem que eu estou passando uma imagem ruim do Peru”, confessa.<\/p>\n Mas tamb\u00e9m conseguiu sensibilizar a comunidade no trabalho com estudantes e mesmo com os pescadores. “Eu acredito que a consci\u00eancia ambiental est\u00e1 come\u00e7ando a se desenvolver. Tem crescido em compara\u00e7\u00e3o a 30 anos atr\u00e1s, mais ainda falta”, afirma.<\/p>\n Poss\u00edvel sa\u00edda<\/strong> – Organiza\u00e7\u00f5es como a Mundo Azul est\u00e3o promovendo alternativas para frear a ca\u00e7a. Uma das mais efetivas \u00e9 o turismo de observa\u00e7\u00e3o de golfinhos, que cria uma consci\u00eancia entre os visitantes e, ao mesmo tempo, permite o desenvolvimento sustent\u00e1vel das comunidades costeiras, em detrimento da ca\u00e7a.<\/p>\n A associa\u00e7\u00e3o Human Society International (HSI) e a Mundo Azul, em coopera\u00e7\u00e3o com o governo peruano, promoveram esta atividade tur\u00edstica entre os pescadores, para os quais se abre um mercado atrativo. O Peru \u00e9 um pa\u00eds privilegiado para a observa\u00e7\u00e3o de cet\u00e1ceos, uma atividade que move mais de nove milh\u00f5es de turistas em 87 pa\u00edses do mundo, segundo dados da HSI.<\/p>\n Um relat\u00f3rio da WDCS, organiza\u00e7\u00e3o internacional para a conserva\u00e7\u00e3o dos golfinhos e baleias, aponta que, entre 1998 e 2006, a ind\u00fastria de observa\u00e7\u00e3o de golfinhos teve uma taxa de crescimento m\u00e9dio anual de 11,3% na Am\u00e9rica Latina. A ONG estima que milh\u00f5es de d\u00f3lares cheguem \u00e0 regi\u00e3o por esse motivo, o que representa um incentivo para a conserva\u00e7\u00e3o e tamb\u00e9m um desafio de regulamenta\u00e7\u00e3o desta atividade. At\u00e9 2006, cerca de 6,4 milh\u00f5es de observa\u00e7\u00f5es de cet\u00e1ceos ocorreram na Am\u00e9rica Latina. (Fonte: Folha.com)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Estima-se em pelo menos 2.000 a quantidade de cet\u00e1ceos mortos por ano para consumo no pa\u00eds. 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