{"id":98720,"date":"2013-10-03T00:01:24","date_gmt":"2013-10-03T03:01:24","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=98720"},"modified":"2013-10-02T18:19:44","modified_gmt":"2013-10-02T21:19:44","slug":"pesquisadores-alertam-sobre-necessidade-urgente-de-proteger-os-oceanos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/10\/03\/98720-pesquisadores-alertam-sobre-necessidade-urgente-de-proteger-os-oceanos.html","title":{"rendered":"Pesquisadores alertam sobre necessidade urgente de proteger os oceanos"},"content":{"rendered":"

Estima-se que 41% dos mares e oceanos do planeta se encontrem fortemente impactados pela a\u00e7\u00e3o humana, segundo estudos. Trata-se de um problema grave que n\u00e3o tem recebido a merecida aten\u00e7\u00e3o. Um exemplo est\u00e1 no ritmo de implementa\u00e7\u00e3o da diretriz relativa \u00e0 prote\u00e7\u00e3o marinha definida pela Conven\u00e7\u00e3o sobre Diversidade Biol\u00f3gica (CDB), da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU).<\/p>\n

Aprovada por 193 pa\u00edses mais a Uni\u00e3o Europeia durante a 10\u00aa Confer\u00eancia das Partes da CDB, realizada em Nagoya, Jap\u00e3o, em outubro de 2010, essa diretriz estabeleceu que, at\u00e9 2020, pelo menos 10% das \u00e1reas costeiras e marinhas, especialmente aquelas importantes por sua biodiversidade, deveriam estar protegidas.<\/p>\n

Decorrido quase um ter\u00e7o do prazo, por\u00e9m, as chamadas \u00c1reas de Prote\u00e7\u00e3o Marinha (APMs) n\u00e3o cobrem mais do que 1,17% da superf\u00edcie dos mares e oceanos do planeta. Dos 151 pa\u00edses com linha de costa, apenas 12 excederam os 10%. E a maior pot\u00eancia do mundo, os Estados Unidos, dotada de extensos litorais tanto no Atl\u00e2ntico como no Pac\u00edfico, n\u00e3o aderiu ao protocolo.<\/p>\n

As informa\u00e7\u00f5es, que configuram um alerta urgente, est\u00e3o no artigo Politics should walk with Science towards protection of the oceans (\u201cA pol\u00edtica deve caminhar com a ci\u00eancia na prote\u00e7\u00e3o dos oceanos\u201d), assinado pelo brasileiro Antonio Carlos Marques, professor associado do Instituto de Bioci\u00eancias da Universidade de S\u00e3o Paulo, e pelo uruguaio Alvar Carranza, pesquisador do Museu Nacional de Hist\u00f3ria Natural, do Uruguai. Enviado ao Marine Pollution Bulletin, o texto, que ser\u00e1 publicado como editorial da vers\u00e3o impressa do peri\u00f3dico, est\u00e1 dispon\u00edvel on-line em www.sciencedirect.com\/science\/article\/pii\/S0025326X13004530.<\/p>\n

O artigo tamb\u00e9m destaca que, com uma das mais extensas costas do mundo \u2013 de 9.200 quil\u00f4metros, se forem consideradas as sali\u00eancias e reentr\u00e2ncias \u2013, o Brasil possui apenas 1,5% de seu litoral protegido por APMs. Al\u00e9m disso, 9% das \u00e1reas consideradas priorit\u00e1rias para conserva\u00e7\u00e3o j\u00e1 foram concedidas a companhias petroleiras para explora\u00e7\u00e3o. As costas altamente povoadas dos Estados de S\u00e3o Paulo e Rio de Janeiro concentram a maioria das reservas de petr\u00f3leo do pa\u00eds.<\/p>\n

Os dados publicados s\u00e3o derivados de dois projetos apoiados pela FAPESP e coordenados por Marques: um projeto de Aux\u00edlio \u00e0 Pesquisa \u2013 Regular, que apoia a Rede Nacional de Pesquisa em Biodiversidade Marinha (Sisbiota Mar), e um Projeto Tem\u00e1tico para pesquisar fatores que geram e regulam a evolu\u00e7\u00e3o e diversidade marinhas.<\/p>\n

\u201cComo um expediente para cumprir a meta, alguns governos t\u00eam criado \u00c1reas de Prote\u00e7\u00e3o Marinha gigantescas, mas em torno de ilhas ou arquip\u00e9lagos praticamente desabitados, muito distantes do pr\u00f3prio pa\u00eds\u201d, disse Marques \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP.<\/p>\n

\u201cA maior APM do mundo, situada no arquip\u00e9lago de Chagos, tem mais de meio milh\u00e3o de quil\u00f4metros quadrados. \u00c9 uma \u00e1rea enorme, que cumpre, com sobra, a meta do Reino Unido\u201d, disse. O arquip\u00e9lago faz parte do Territ\u00f3rio Brit\u00e2nico do Oceano \u00cdndico.<\/p>\n

\u201cPor\u00e9m a popula\u00e7\u00e3o dessa \u00e1rea se resume ao contingente rotativo de uma base brit\u00e2nica. A ningu\u00e9m mais. Al\u00e9m disso, as caracter\u00edsticas da \u00e1rea, situada no meio do Oceano \u00cdndico, em nada correspondem \u00e0 biodiversidade do Reino Unido\u201d, prosseguiu.<\/p>\n

Embora reconhe\u00e7a o valor de uma APM como essa, Marques argumenta que sua cria\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 necessariamente efetiva em termos de preserva\u00e7\u00e3o ambiental. Segundo ele, cumpre-se o aspecto quantitativo, mas n\u00e3o o qualitativo, ou seja, n\u00e3o oferece prote\u00e7\u00e3o efetiva ao litoral do pa\u00eds onde est\u00e1 a maior parte de sua popula\u00e7\u00e3o. E o que \u00e9 mais grave, segundo Marques, \u00e9 que o mesmo expediente foi adotado em todas as outras grandes APMs criadas recentemente.<\/p>\n

\u201cVerificamos, e divulgamos em nosso artigo, que a popula\u00e7\u00e3o m\u00e9dia das 10 maiores APMs do mundo, computada em raios de 10 quil\u00f4metros em torno das mesmas, \u00e9 de apenas 5.038 pessoas\u201d, informou Marques. E essa m\u00e9dia \u00e9 puxada para cima por apenas duas APMs, a Reserva Marinha de Gal\u00e1pagos (Equador) e o Parque Nacional da Grande Barreira de Corais (Austr\u00e1lia), ambas com pouco mais de 25 mil habitantes. A popula\u00e7\u00e3o total das demais APMs n\u00e3o chega a 4 mil indiv\u00edduos, sendo nula em tr\u00eas delas.<\/p>\n

\u201cPara os governos, \u00e9 uma medida muito c\u00f4moda criar \u00e1reas de prote\u00e7\u00e3o ambiental em regi\u00f5es como essas, porque o desgaste socioecon\u00f4mico de tal implementa\u00e7\u00e3o \u00e9 baix\u00edssimo. Exceto por uma ou outra ind\u00fastria pesqueira, ningu\u00e9m vai reclamar muito. \u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o muito diferente da que ocorreria se as APMs fossem criadas nos litorais dos respectivos pa\u00edses\u201d, disse Marques.<\/p>\n

O pesquisador ressalta que essas \u00e1reas remotas s\u00e3o \u00fateis, como nas APMs de Gal\u00e1pagos e da Barreira de Corais, pela especialidade dos ecossistemas protegidos. Mas as APMs n\u00e3o seriam representativas da gama de ambientes dos pa\u00edses.<\/p>\n

Fracassos e sucessos<\/strong> – \u201cNossa principal inten\u00e7\u00e3o ao escrever o artigo foi destacar que existe uma necessidade de prote\u00e7\u00e3o, que pode ser parcialmente atendida pela meta de 10%, mas essa prote\u00e7\u00e3o tem que respeitar os ambientes reais dos pa\u00edses. N\u00e3o basta alcan\u00e7ar o n\u00famero sem que haja uma correspond\u00eancia entre quantidade e qualidade\u201d, disse Marques.<\/p>\n

O pesquisador conta que, ao enviar o artigo para o Marine Pollution Bulletin, um de seus objetivos foi estabelecer uma interlocu\u00e7\u00e3o com o editor do peri\u00f3dico, Charles Sheppard, da University of Warwick, no Reino Unido. Sheppard \u00e9 considerado uma das maiores autoridades em conserva\u00e7\u00e3o marinha do mundo e foi um dos mentores da APM brit\u00e2nica do arquip\u00e9lago de Chagos.<\/p>\n

\u201cA resposta do professor Sheppard foi a mais positiva que eu poderia esperar, tanto que ele decidiu publicar nosso artigo como editorial do Marine Pollution Bulletin.<\/p>\n

De acordo com Marques, os dados b\u00e1sicos e as an\u00e1lises gerados pelos cientistas s\u00e3o vitais para o melhor uso dos recursos, ao estabelecer \u00e1reas de preserva\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\u201c\u00c9 necess\u00e1rio entender se a \u00e1rea \u00e9 a ideal para ser protegida do ponto de vista evolutivo, gen\u00e9tico, biogeogr\u00e1fico, ecol\u00f3gico etc. H\u00e1 exemplos de sucesso em que isso foi observado e exemplos de fracassos em que foi ignorado. O melhor cen\u00e1rio poss\u00edvel \u00e9 aquele em que cientistas, t\u00e9cnicos e pol\u00edticos participam francamente do processo\u201d, disse. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estima-se que 41% dos mares e oceanos do planeta se encontrem fortemente impactados pela a\u00e7\u00e3o humana. O Brasil possui apenas 1,5% de seu litoral protegido por \u00c1reas de Prote\u00e7\u00e3o Marinha. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[76,191],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/98720"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=98720"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/98720\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=98720"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=98720"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=98720"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}