{"id":99087,"date":"2013-10-15T00:00:11","date_gmt":"2013-10-15T03:00:11","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=99087"},"modified":"2013-10-14T19:30:43","modified_gmt":"2013-10-14T22:30:43","slug":"aumentam-as-doencas-cronicas-entre-indigenas-do-xingu","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/10\/15\/99087-aumentam-as-doencas-cronicas-entre-indigenas-do-xingu.html","title":{"rendered":"Aumentam as doen\u00e7as cr\u00f4nicas entre ind\u00edgenas do Xingu"},"content":{"rendered":"

Mal\u00e1ria, infec\u00e7\u00f5es respirat\u00f3rias e diarreias eram as principais causas de morte no Parque Ind\u00edgena do Xingu (PIX), no Mato Grosso, em 1965 \u2013 \u00e9poca em que a Escola Paulista de Medicina (EPM), atualmente parte da Universidade Federal de S\u00e3o Paulo (Unifesp), passou a responder pela sa\u00fade dos povos ind\u00edgenas que l\u00e1 vivem.<\/p>\n

Hoje, a mal\u00e1ria est\u00e1 sob controle e, embora as doen\u00e7as infecciosas e parasit\u00e1rias ainda sejam relevantes em termos de mortalidade, s\u00e3o os males cr\u00f4nicos n\u00e3o transmiss\u00edveis, como hipertens\u00e3o, intoler\u00e2ncia \u00e0 glicose e dislipidemia (aumento anormal da taxa de lip\u00eddios no sangue), que est\u00e3o em crescimento.<\/p>\n

Conhecendo esse panorama, pesquisadores da EPM\/Unifesp examinaram e entrevistaram 179 \u00edndios Khis\u00eadj\u00ea, moradores da \u00e1rea central do parque do Xingu, no Mato Grosso, entre 2010 e 2011.<\/p>\n

A an\u00e1lise dos resultados mostrou uma preval\u00eancia de hipertens\u00e3o arterial de 10,3% em ambos os sexos, sendo que 18,7% das mulheres e 53% dos homens apresentaram n\u00edveis de press\u00e3o arterial considerados preocupantes.<\/p>\n

\u201cPara valores de press\u00e3o arterial iguais ou maiores a 140\/90 mmHg como indicativos da presen\u00e7a de hipertens\u00e3o arterial, pesquisas encontraram preval\u00eancias entre 22,3% e 43,9% na popula\u00e7\u00e3o geral do Brasil\u201d, disse Suely Godoy Agostinho Gimeno, coordenadora do estudo com os Khis\u00eadj\u00ea e pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva da EPM\/Unifesp e do Instituto de Sa\u00fade da Secretaria Estadual da Sa\u00fade de S\u00e3o Paulo.<\/p>\n

O estudo com os Khis\u00eadj\u00ea foi realizado com apoio da FAPESP e do Projeto Xingu, iniciativa da Unidade de Sa\u00fade e Ambiente do Departamento de Medicina Preventiva da EPM\/Unifesp.<\/p>\n

Os Khis\u00eadj\u00ea ainda n\u00e3o est\u00e3o t\u00e3o hipertensos como os demais brasileiros, mas o cen\u00e1rio \u00e9 delicado, uma vez que tal condi\u00e7\u00e3o era inexistente ou rara nas aldeias brasileiras at\u00e9 d\u00e9cadas atr\u00e1s.<\/p>\n

J\u00e1 a intoler\u00e2ncia \u00e0 glicose foi identificada em 30,5% das mulheres (6,9% do total com diabetes mellitus) e em 17% dos homens (2% do total com diabetes mellitus). E a dislipidemia (aumento anormal da taxa de lip\u00eddios no sangue) apareceu em 84,4% dos participantes dos dois sexos.<\/p>\n

\u201cExaminamos os Khis\u00eadj\u00ea anteriormente, entre 1999 e 2000. Comparando os dados daquela \u00e9poca com os mais recentes, percebemos um aumento significativo de todas essas doen\u00e7as cr\u00f4nicas n\u00e3o transmiss\u00edveis. Outras pesquisas revelam que o mesmo aumento se aplica aos demais povos ind\u00edgenas do Xingu e de outras \u00e1reas do pa\u00eds\u201d, disse Gimeno.<\/p>\n

De acordo com a pesquisadora, entre os fatores que v\u00eam transformando o panorama entre os \u00edndios est\u00e3o maior proximidade com os centros urbanos e intensifica\u00e7\u00e3o do contato com a sociedade n\u00e3o ind\u00edgena, com a incorpora\u00e7\u00e3o de novos h\u00e1bitos e costumes; aumento do n\u00famero de indiv\u00edduos que exercem atividade profissional remunerada, abandonando pr\u00e1ticas de subsist\u00eancia tradicionais como agricultura, ca\u00e7a e pesca; e maior acesso a produtos e bens de consumo, como alimentos industrializados, eletroeletr\u00f4nicos e motor de barcos (o que dispensa a necessidade de remar).<\/p>\n

Os resultados foram informados aos Khis\u00eadj\u00ea, individualmente e em grupo, e a equipe de sa\u00fade da Unifesp acompanha os casos que precisam de amparo m\u00e9dico.<\/p>\n

Ainda assim, o quadro preocupa os pesquisadores, uma vez que o controle das doen\u00e7as requer condi\u00e7\u00f5es nem sempre dispon\u00edveis nas aldeias, como refrigera\u00e7\u00e3o (no caso da insulina), controle da dose e do hor\u00e1rio dos medicamentos, controle regular da glicemia e da press\u00e3o arterial. Segundo Gimeno, \u201co est\u00edmulo e a garantia da preserva\u00e7\u00e3o dos h\u00e1bitos e costumes desses povos seriam medidas preventivas de grande valia\u201d.<\/p>\n

Excesso de peso<\/strong> – A coleta de dados para tra\u00e7ar o perfil nutricional e metab\u00f3lico dos Khis\u00eadj\u00ea foi realizada em diferentes per\u00edodos de 2010 e 2011, quando os pesquisadores passavam de 15 a 20 dias na aldeia principal desse povo, chamada Ngojwere.<\/p>\n

As informa\u00e7\u00f5es levantadas inclu\u00edram per\u00edmetros de bra\u00e7os, cintura e quadril; peso; altura; composi\u00e7\u00e3o corporal (\u00e1gua, massa magra e massa gordurosa); press\u00e3o arterial; perfil bioqu\u00edmico (por exames como o de glicemia); aptid\u00e3o f\u00edsica; condi\u00e7\u00e3o socioecon\u00f4mica; consumo de alimentos e pr\u00e1ticas agr\u00edcolas.<\/p>\n

Outro resultado obtido por meio dessa an\u00e1lise foi a preval\u00eancia de excesso de peso (de sobrepeso ou de obesidade): 36% entre as mulheres e 56,8% entre os homens.<\/p>\n

\u201cContudo, observamos que, particularmente entre os homens, tal preval\u00eancia se deve a uma maior quantidade de massa muscular e n\u00e3o de tecido gorduroso. Esse dado sugere que, para a popula\u00e7\u00e3o em quest\u00e3o, os crit\u00e9rios de identifica\u00e7\u00e3o do excesso de peso n\u00e3o s\u00e3o adequados, uma vez que os indiv\u00edduos s\u00e3o musculosos, n\u00e3o obesos\u201d, disse Gimeno.<\/p>\n

A conclus\u00e3o, de acordo com a pesquisadora, \u00e9 corroborada pelos testes de aptid\u00e3o f\u00edsica. \u201cA maioria dos valores revela for\u00e7a muscular nos membros inferiores, resist\u00eancia muscular nos membros superiores e no abd\u00f4men, flexibilidade e capacidade cardiorrespirat\u00f3ria. Comparados aos n\u00e3o ind\u00edgenas, os Khis\u00eadj\u00ea t\u00eam perfil ativo ou muito ativo, contrariando a ideia de que um poss\u00edvel sedentarismo estaria associado \u00e0s doen\u00e7as investigadas\u201d, disse.<\/p>\n

Uma hip\u00f3tese (n\u00e3o comprovada empiricamente) que poderia explicar a controv\u00e9rsia \u00e9 a de que, no passado, esses \u00edndios teriam sido ainda muito mais ativos do que na atualidade. E a poss\u00edvel redu\u00e7\u00e3o na atividade f\u00edsica habitual teria, ent\u00e3o, rela\u00e7\u00e3o com os males cr\u00f4nicos.<\/p>\n

Equipe e repercuss\u00e3o<\/strong> – Tr\u00eas m\u00e9dicos, quatro enfermeiras, cinco nutricionistas, dois educadores f\u00edsicos, um soci\u00f3logo e quatro graduandos (dos cursos de Medicina e Enfermagem) participaram da pesquisa via Unifesp.<\/p>\n

Completam a equipe uma sexta nutricionista do Instituto de Sa\u00fade da Secretaria Estadual da Sa\u00fade de S\u00e3o Paulo, agentes de sa\u00fade e professores ind\u00edgenas que vivem na aldeia Ngojwere e atuaram como int\u00e9rpretes.<\/p>\n

O projeto deu origem a seis apresenta\u00e7\u00f5es em confer\u00eancias internacionais e duas em congressos nacionais, tr\u00eas disserta\u00e7\u00f5es de mestrado e uma publica\u00e7\u00e3o de artigo na revista Cadernos de Sa\u00fade P\u00fablica. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Antes raras ou inexistentes, elas agora apresentam \u00edndices preocupantes entre o povo Khis\u00eadj\u00ea, indica estudo feito na Unifesp. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[18,25,103],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/99087"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=99087"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/99087\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=99087"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=99087"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=99087"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}