Cientistas sequenciam o genoma do mosquito doméstico tropical

Cientistas anunciaram nesta quinta-feira (30) o sequenciamento do DNA da espécie mais comum de mosquitos do mundo, cuja picada tem o potencial de transmitir vírus mortais e o parasita causador de sérias doenças.

O inseto, cujo nome em latim é Culex pipiens quinquefasciatus, mais conhecido como mosquito doméstico tropical, é o terceiro na tríade de mosquitos causadores de doenças que tiveram seu genoma sequenciado, destacaram dois estudos publicados na revista científica Science.

“O Culex pipiens quinquefasciatus é o mosquito mais disperso no mundo, e em termos de transmissão de doenças para humanos, é uma das três espécies mais importantes”, explicou o professor Stephen Higgs, do Departamento Médico da Universidade do Texas, em Galveston (UTMB), um dos autores da pesquisa.

“Este trabalho nos dá uma plataforma fantástica para melhorarmos nossa compreensão sobre a dinâmica da infecção, o que precisa ser feito se quisermos encontrar formas de interromper a transmissão das doenças”, acrescentou.

Cientistas de quase 40 instituições dos Estados Unidos e da Europa trabalharam no sequenciamento do genoma do mosquito doméstico tropical, que pode hospedar os vírus do oeste do Nilo e da encefalite de Saint Louis, bem como o parasita causador da elefantíase, uma doença que afeta o sistema linfático.

As outras duas espécies na tríade de grandes mosquitos causadores de doenças são o Anopheles gambiae, transmissor da malária, e o Aedes aegypti, que transmite a febre amarela e a dengue. Seus genomas foram sequenciados, respectivamente, em 2002 e 2007.

Em um dos artigos publicados esta quinta-feira, cientistas disseram ter identificado os 18.883 genes do mosquito Culex quinquefasciatus.

Cada gene do mosquito é capaz de produzir uma das proteínas que o formam e determinam seu comportamento, inclusive como seu sistema imunológico responde à infecção por vírus, bactérias e parasitas.

“É realmente excitante para nós porque finalmente podemos realizar experimentos que gostaríamos de ter feito há anos”, disse a professora assistente da UTMB, Dana Vanlandingham, co-autora do artigo da revista Science.

“A questão básica é por que algumas espécies de mosquito transmitem um vírus em particular e outras espécies não? Por que eles não hospedam todos os vírus? Não sabemos, mas agora nós temos três diferentes sistemas para estudos comparativos que permitam investigar as interações entre vírus e mosquitos”, acrescentou.

O mosquito doméstico tropical é o principal vetor do vírus do oeste do Nilo, que normalmente causa sintomas moderados similares aos da gripe, e que em alguns casos pode provocar uma forma de encefalite – tipo de inflamação no cérebro – , ou meningite.

O vírus do oeste do Nilo foi detectado pela primeira vez na América do Norte em 1999. Desde então, tem havido cerca de um milhão de infecções humanas com o vírus, quase todas causadas pela picada do mosquito, disse Higgs.

O vírus da encefalite de St. Louis pode causar doenças neuroinvasivas severas, inclusive a encefalite, porém causam mais frequentemente sintomas como febre, náuseas, dores de cabeça, vômitos e cansaço.

A elefantíase, enquanto isso, é uma doença linfática causada por um parasita microscópico, hospedado pelos mosquitos.

Pessoas acometidas pela doença, causa principal de incapacidade em todo o mundo, podem sofrer inchaço severo nos membros e, no caso dos homens, no saco escrotal. (Fonte: G1)