Os Fóruns BECE-REBIA também estão tentando descobrir a resposta para essa pergunta através da Rede Brasileira de Informações Ambientais.
O Projeto BECE (sigla em inglês) Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais defende a construção de um “Novo Mercado” que traga investimentos diretos para as populações carentes e excluídas da pirâmide das commodities convencionais, inserindo-os no processo produtivo das commodities ambientais e oferecendo-lhes acesso ao mercado. Na estrutura hoje vigente, o indivíduo desempregado ou sem renda fica totalmente fora do mercado; não tem acesso à
água potável, à eletricidade, ao tratamento do esgoto, etc. bens que compõem as matrizes ambientais.
Entendemos que, se não gerarmos ocupação e renda para as populações que vivem das florestas, para comunidades excluídas, as minorias, os sem-expectativa-de-vida, pequenos produtores, extrativistas, desempregados em geral, não há como preservar o meio ambiente. Tampouco é possível controlar a emissão de poluição, que vai desde os esgotos lançados nos rios, córregos e mares até os gases do efeito estufa (dióxido de carbono, gás metano, entre outros) lançados na atmosfera por todos setores produtivos envolvidos.
Acreditamos que o Brasil tem enorme potencial para desenvolver projetos sócio-ambientais que atendam a interesses maiores do que uma classe social, um grupo ou outro. O país tem ainda condições de expandir esse projeto para outros países dado o aspecto humanitário que ele envolve.
Por que acreditamos nisso?
Porque o Brasil não é um país pobre, e nunca foi, sendo detentor das matrizes ambientais (água, energia, minério, madeira, biodiversidade, reciclagem e controle de emissão de poluentes -água, solo e ar) para produção destas commodities desde que em condições sustentáveis.
Esta proposta, que se sustenta na trilogia legitimidade-credibilidade-ética, supõe uma participação consciente na promoção de uma economia justa, socialmente digna, politicamente participativa, ecologicamente correta e integrada dentro dos preceitos do desenvolvimento sustentável.
Estamos preocupados com a maneira pela qual as reuniões e debates sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a implantação do Mercado de Carbono vêm sendo conduzidas. A tendência que temos observado é, infelizmente, que os “Créditos de Carbono” sejam novamente a repetição de um modelo centralizador, arriscado, limitado e desgastado sob os quais se
estabeleceram os contratos de derivativos, commodities convencionais e títulos nos grandes centros financeiros.
Se o Fórum Econômico em Davos tem como oposição o Fórum Social Mundial, as Bolsas convencionais e o atual sistema financeiro, enraizado no modelo neoliberal, desumano e injusto, terão como contra-ponto, para que a sociedade possa intervir e corrigir as distorções que estão se
institucionalizando, a Parceria BECE-REBIA.
Depois não digam que não avisamos, aliás, denunciamos!
Referências:
El Khalili, Amyra. Créditos de Carbono para Quem?. Jornal do Meio Ambiente. Março-Abril/2001.(www.portaldomeioambiente.org.br)
Boletim 0187 [BECE-REBIA] Quem será beneficiado pelos créditos de carbono? Revista Jornalismo Científico – LABJOR e SBPC . Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. N.35 – Atualizado em 10/08/2002. Por Sara Nani. 12 de Agosto de 2002. ComCiência – (www.comciencia.br).
Boletim 0256 [BECE-REBIA]. MDL, a licença para poluir. Revista Ecologia e Desenvolvimento, n. 103 – (www.etm.com.br). Por Jaqueline B. Ramos. Edição Carlos Tautz. 08 de Outubro de 2002
Boletim 0341[BECE-REBIA] O que são Créditos de Carbono?. Amyra El Khalili.2 de Janeiro de 2003. Artigo publicado em diversos Sites e Revistas.
Boletins 0666 e 0668 [BECE-FREBIA] No Brasil, surge um novo modelo economico para o Desenvolvimento Sustentável. Lucas Matheron. 12 e 14 de agosto de 2004. AEDEV – Internet au service du développement durable (www.aedev.org).
Fonte: Livro no prelo A Mais Pura Fonte dos Manan¬ciais – de Amyra El Khalili – Organizador Antonio Carlos Teixeira. Editora Virtual BECE-REBIA
(*) Amyra El Khalili* é economista, presidente do Projeto BECE (sigla em inglês) Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais. É também fundadora e co-editora da Rede Internacional BECE-REBIA (www.bece.org.br ), membro do Conselho Gestor da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental, do Conselho Editorial do Portal do Meio Ambiente
(www.portaldomeioambiente.org.br ) e da Revista do Meio Ambiente (www.rebia.org.br ). É professora de pós graduação com a disciplina “Economia Sócioambiental” na Faculdade de Direito de Campos de Goytacazes e pela OSCIP Prima Sustentabilidade. Indicada para o “Prêmio 1000 Mulheres para o Nobel da Paz” e para o Prêmio Bertha Lutz. email: (ongcta@terra.com.br)