Recifes artificiais

Uma bactéria do solo que causa tumores granulados em plantas pode ser capaz de “dar um salto entre os reinos” e inserir seu DNA causador de tumor em células humanas, sugerem descobertas de um novo estudo.

A bactéria, chamada Agrobacterium tumefaciens, contém uma pequena porção de DNA que pode se inserir no DNA de uma célula hospedeira e iniciar um tumor.

Essa bactéria já é conhecida por causar tumores em plantas, mas os pesquisadores queriam testar se ela poderia inserir similarmente seu DNA em células humanas.

Vitaly Citovsky, da Universidade Estadual de Nova York, em Stony Brook, e sua equipe descobriram que a bactéria vegetal era capaz de se ligar a células humanas e inserir seu DNA em células humanas da mesma forma que em células vegetais. Não se sabe ainda se a bactéria é perigosa a humanos.

“Aqui (a inserção do DNA em) células humanas foi observada em condições laboratoriais; se isso pode ser biologicamente relevante na natureza não se sabe ainda”, informaram os cientistas na mais recente edição de Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Nossos experimentos foram feitos sob condições laboratoriais”, disse Citovsky.

“Na natureza, não acredito que a A. tumefaciens represente um perigo. Mas, para pessoas que trabalham com grandes concentrações dessa bactéria, por exemplo pesquisadores ou certos trabalhadores da agricultura que lidam com plantas muito infectadas, pode ser prudente tomar cuidado ou pelo menos ter consciência”, disse Citovsky.

Uma implicação do estudo é o potencial para o fluxo genético entre bactérias e animais, de acordo com o pesquisador. Outra implicação é que provavelmente as reações bioquímicas e celulares básicas envolvidas na interação entre a bactéria e a célula vegetal existam também no reino animal.

“Agora, parece que a Agrobacterium tumefaciens é o único exemplo da transferência de DNA através dos reinos”, disse Citovsky.

“Não excluo outras possibilidades, mas não existem dados. Claro que o que pode ser feito uma vez quase sempre pode ser repetido”, afirmou. (Folha de São Paulo com Reuters)