Funai teme pela segurança dos índios Cinta- Larga em RO

O representante da Funai – Fundação Nacional do Índio em Cacoal (RO), Trajano Azevedo, disse nesta sexta-feira (16) temer pela segurança dos índios Cinta-Larga. De acordo com ele, garimpeiros e moradores de cidades como Espigão D’Oeste se tornaram hostis à presença de índios na comunidade.

A tribo Cinta-Larga é acusada de promover, na semana passada, uma chacina contra garimpeiros que invadiram a reserva indígena Roosevelt em busca de diamante. Há cinco dias, a Polícia Federal encontrou três corpos baleados na área do suposto conflito. O Sindicato dos Garimpeiros de Espigão D’Oeste possui uma lista com o nome de 17 desaparecidos.

“Muitos índios que moram na cidade, não são guerreiros e nem mesmo sabem o que de fato aconteceu na reserva estão sendo ameaçados em Espigão D’Oeste”, afirmou o representante da Funai em Cacoal. Na tarde desta sexta, Azevedo foi acionado pela Polícia Civil para receber o índio Edmilson Cinta Larga e levá-lo, juntamente com a esposa e os dois filhos, para a reserva indígena.

No último domingo, a casa onde o índio mora com a família, em Espigão D’Oeste, sofreu ameaça de invasão por parte de um grupo de garimpeiros. Policiais militares e civis foram chamados ao local, onde encontraram 25 cartuchos de arma calibre 12 e um cofre vazio. O índio foi entregue à Funai e encaminhado para a reserva.

Edmilson não foi o primeiro Cinta-Larga a sofrer ameaças em Espigão D´Oeste após o conflito entre a tribo e os garimpeiros. No sábado (10), o professor indígena Marcelo Kakin Cinta-Larga foi espancado pelos próprios garimpeiros e moradores do município. A Polícia Militar chegou a tempo de impedir um linchamento.

Resgate – O superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Marco Aurélio Moura, garantiu neste sábado (17) que os corpos dos 26 garimpeiros mortos na reserva indígena Roosevelt serão resgatados ainda neste final de semana. “Os técnicos da Funai já viram os mortos e estão ajudando os nossos agentes a encontrá-los em uma busca por terra, na mata”, contou Moura, em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com o delegado, os corpos dos garimpeiros teriam sido localizados, inicialmente, por um grupo de 20 garimpeiros que invadiu a reserva no último domingo, dia em que a Polícia Federal retirou três homens mortos na mesma região. Os assassinatos ocorreram há dez dias, durante dois conflitos entre índios da etnia Cinta-Larga e garimpeiros.

Na última segunda-feira, o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, enviou 15 técnicos do órgão para a área. A equipe é liderada pelos indigenistas Walter Blós e Apoena Meireles. Foram eles que entraram em contato com os índios e confirmaram a existência dos 26 novos corpos. (Agência Brasil)