Com a criação dos setores específicos nos ministérios para cuidar dos problemas e direitos indígenas, as funções que eram unicamente da Funai – Fundação Nacional do Índio, “que fazia o papel de tutor, foram disseminadas pelo diversos ministérios”, afirma o antropólogo e vice-presidente da Associação Brasileira de Antropologia do Museu Nacional, Antonio Carlos de Souza Lima. Ele falará sobre “Índios e Poderes Públicos”, no encontro “SBPC e a Ciência Indígena”, durante a 56ª reunião anual da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que começa hoje em Cuiabá.
Com a mudança na política indigenista, – diz o pesquisador – a Funai passa a ter a necessidade de ser reestruturada, mas segundo o antropólogo, não houve investimento para isso. “Quando se diz que a Funai está sucateada, é verdade. Não tem orçamento, nem um quadro competente. É um órgão insuficiente para o tamanho das suas atribuições”, afirma.
Para Souza Lima, o principal problema da Fundação hoje está no foco. “É preciso rever o indianismo tutelar que a estruturou e parar de atuar com estruturas de postos e administrações regionais, usados durante décadas”, diz o professor. “Ela surgiu para fazer com que os índios deixassem de ser índios, abandonassem seus valores. Agora, precisa agir de acordo com os projetos dos índios, e não do Estado para os índios, e pensar até na compra de terras”, acrescenta.
Para o professor, “os povos indígenas estão muito mais conscientes dos seus direitos e isso é talvez o maior trunfo”. (Agência Brasil)