Pesquisador defende fim da expansão da fronteira agrícola na Amazônia

A agricultura é hoje a principal atividade responsável pelo desmatamento na Amazônia. A expansão da chamada fronteira agrícola na região se dá principalmente pelo plantio de soja. O resultado é a perda de diversidade biológica e a alteração do clima na região, bem como todo um desequilíbrio ecológico nas áreas onde há obras de infra-estrutura para o escoamento da produção.

Para o pesquisador Carlos Nobre, coordenador do LBA, programa de pesquisa científica sobre a atmosfera amazônica, a expansão da fronteira agrícola tem que ser barrada logo, caso ainda se pretenda usar a floresta de maneira sustentável. “Os estudos conduzidos há seis anos pelos pesquisadores que participam do LBA mostram o valor da floresta como sorvedouro de gás carbônico e também o valor econômico de seus produtos florestais”, observou.

Nobre, responsável pela organização da III Conferência Científica do LBA, onde 800 pesquisadores divulgam seus trabalhos até quinta-feira (29), em Brasília (DF), acredita que uma solução para o melhor aproveitamento da floresta seria o uso de áreas já desmatadas e abandonadas. A Amazônia tem, hoje, 615 mil quilômetros quadrados de áreas desmatadas e um terço desse total está abandonado. Isso corresponde a uma área maior que o estado de Minas Gerais. “A própria Embrapa tem realizado estudos, nos últimos anos, e já provou que há tecnologia para plantar nesses solos ditos pobres”, afirmou.

O aproveitamento de áreas desmatadas foi uma solução de curto prazo, apontada por Nobre, devido à urgência das populações amazônicas em usar a floresta para seu sustento. Só na zona rural da Amazônia vivem cerca de oito milhões de habitantes. A médio e longo prazos, o pesquisador vê na exploração de produtos agroflorestais, com uso de tecnologias avançadas, como a biotecnologia, uma solução para o uso sustentável da floresta. “Isso requer investimento pesado. Precisamos conhecer a genética da floresta para melhor aproveitar seus recursos, precisamos usar o conhecimento tradicional adquirido pelos povos da floresta”, enfatizou Carlos Nobre. (Agência Brasil)