Dez empresas que têm atividade no Brasil são citadas no relatório que aponta os principais casos de contaminação de água no país. A Petrobrás abre a lista, seguida pela Shell, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Grupo Gerdau, Votorantim, Schultz Compressores, Fundição Tupi, Cargill, Chrysler e Rhodia.
O ranking foi feito com base nas denúncias recebidas pela Defensoria da Água, entidade formada pelo Ministério Público Federal, CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Cáritas. A entidade também é responsável pela elaboração do relatório “O Estado Real das Águas no Brasil – 2003/2004”. O documento será entregue, em outubro, à ONU – Organização das Nações Unidas.
“Nas empresas, a água tem um uso econômico, mas o custo é socializado por toda a população”, disse o secretário geral da Defensoria da Água, Leonardo Morelli.
A coordenadora da pesquisa, Araceli Ferreira, disse que há pouca transparência nos balanços e relatórios destas empresas quanto aos investimentos ambientais. Segundo Araceli Ferreira, um dos principais problemas é que as empresas não reconhecem os seus passivos ambientais, ou seja, as dívidas provocadas pelos prejuízos que as indústrias causam ao meio ambiente.
Outro problema é que os documentos disponíveis não explicitam quanto do investimento ambiental foi destinado à ações de prevenção e quanto foi usado apenas para recuperação de danos já causados.
O relatório aponta que, em 2004, o Grupo Gerdau foi o que mais investiu, no setor siderúrgico, em ações de meio ambiente. O investimento equivale a 5% do resultado operacional da empresa. “Como o custo ambiental da atividade não é divulgado, não há como saber se esse valor é muito ou pouco”, comentou a professora.
Entre as denúncias envolvendo a Petrobrás, Cargill e DaimlerChrysler está o depósito de material tóxico no Aterro Mantovani, em Santo Antonio de Posse (SP). O caso do Aterro Mantovani é apresentado como o pior exemplo de contaminação no país.
De acordo com o relatório, mais de 50 indústrias multinacionais fizeram uso do aterro, despejando mais de 500 mil toneladas de material tóxico e contaminando rios e pessoas no município. O Ministério Público Federal anunciou a abertura de inquérito civil público para apurar o caso.
O relatório “O Estado Real das Águas no Brasil – 2003/2004” está disponível no site da Defensoria da Água.
Veja as respostas das empresas:
– Petrobrás rebate críticas e enumera avanços
– Shell afirma que medidas corretivas já estão avançadas
– CSN defende gastos ambientais em balanço anual
– Gerdau diz que faz “rigoroso” monitoramento das águas utilizadas
– Cargil, Rhodia e Chrysler se defendem de acusação de poluição de águas
(Globo.com com Radiobras)