Mata rara de araucária é arrasada no Paraná

Pelo menos 1 hectare de floresta de araucária – o que corresponde a 10 mil metros quadrados ou a dois campos de futebol – foi arrasado em Quitandinha, na região metropolitana de Curitiba (PR). Na propriedade, conhecida como Mato dos Pelanda e situada na localidade de Campestre, foi aberta uma estrada. Também há clareiras e milhares de árvores de diferentes portes e idades estão caídas. Entre as espécies atingidas algumas são centenárias, segundo a ambientalista Lídia Lucaski, da Associação de Defesa e Meio Ambiente de Araucária. “Medimos uma árvore que tem 4,8 metros de diâmetro. São espécies ameaçadas de extinção e com corte proibido pela lei ambiental, como pinheiros-do-paraná, cambarás, bromélias, cedros-rosa, imbuias e xaxins”, informa Lídia. Conforme ela, todas as árvores integram a floresta de araucária, hoje reduzida a 0,7% da área original no Paraná.

O crime ambiental foi confirmado pelo IAP – Instituto Ambiental do Paraná no início de agosto. O órgão multou os donos do terreno em R$ 24 mil e embargou a área. No fim da semana passada, a Polícia Florestal constatou que o embargo não estava sendo respeitado e aplicou multa por reincidência. “Fizemos novo embargo e aplicamos multa de R$ 170 mil”, informou o tenente Marcelo Moreira Só, da Polícia Florestal do Paraná. Segundo ele, quando a polícia chegou ao local não encontrou os madeireiros trabalhando, mas fez a apreensão de motosserras (três durante a primeira operação e duas, na última), de toras de madeira já prontas para serem comercializadas e de combustível.

O destino do material – incluindo quantidade de madeira que supostamente seria usada como lenha – não foi apurado. As suspeitas são de que as toras maiores seriam utilizadas em construções de casas, ou móveis ou mesmo na fabricação de carvão. Entre as árvores derrubadas algumas estão recobertas por um tipo especial de musgo. “Esse musgo só se desenvolve e sobrevive em áreas muito úmidas. Isso significa que, até pouco tempo, essa era uma região de mata fechada”, explicou Lídia Lucaski. Segundo ela, o corte provocou um dano ambiental incalculável. “Quando nossos avós nem tinham nascido, essas árvores já estavam aqui. E agora, para nossos filhos e netos, nós deixaremos no lugar desta floresta um deserto”, lamentou.

A ambientalista Zuleika Nycz, representante das organizações não-governamentais na Região Sul no Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, considera que, tão importante quanto parar o corte e punir os responsáveis, é garantir a recuperação dos danos. “Serão necessários muitos anos para se amenizar os efeitos desta destruição. O problema é que nós (ecologistas) não temos condições para acompanhar todo o processo até as medidas de recuperação. Não estamos dando conta nem do atendimento inicial das denúncias, que são em número muito grande. Mas temos esperanças de que os órgãos ambientais oficiais cumpram o papel para o qual foram criados”, disse. (Gazeta do Povo/PR)