DNA vai identificar marfim ilegal

Cientistas revelaram uma nova arma de alta tecnologia para combater o comércio ilegal de marfim na África: um mapa. Este documento descreve como os perfis genéticos dos elefantes africanos variam pelo continente, das densas florestas do Oeste e Centro à vasta savana no Leste. Pesquisadores liderados pelo biólogo Samuel Wasser, da Universidade de Washington (EUA), dizem que o mapa pode ser usado para verificar onde a coleta de marfim se originou e permitir que a polícia relacione estoques aos rebanhos conhecidos por viverem em regiões específicas. Também pode ajudar a polícia a detectar zonas onde o contrabando é muito ativo.

Wasser e sua equipe visitaram lugares em 16 países africanos e coletaram DNA do tecido cutâneo dos animais. O DNA foi analisado para identificar seqüências-chave do código que diferenciem os grupos. Usando um modelo computadorizado, os cientistas construíram a provável cobertura geográfica dos elefantes em outras partes da África e fizeram mapas de diversidade genética. A origem do marfim é determinada pela comparação entre o mapa genético e o geográfico, numa variação de erro máxima de 480 km. Mas a coleta de dados pode ficar mais difícil, dependendo do ambiente. “Meus colegas que trabalham nas florestas dizem que não há mais elefantes lá”, diz Wasser. “Na selva, você não nota uma mudança na população dos paquidermes até que ela seja tão dramática que sobre pouco tempo para fazer algo”.

A população de elefantes na África caiu de 1,3 milhão para 500 mil entre 1979 e 1987, principalmente por causa da extração do marfim. Apesar do banimento internacional de comércio de presas ter sido aprovado em 1989, o contrabando continua. Estima-se que nos últimos dois anos tenham sido negociados 6,5 toneladas do osso. Em 2002, Botsuana, Namíbia e África do Sul conseguiram permissão legal para vender um tipo de marfim. Na semana que vem, a Namíbia entrará com uma petição na Convenção do Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Flora e Fauna para aprovar a cota anual de 2 toneladas para comércio.

Julian Blanc, da União Africana pela Conservação dos Elefantes, acredita que o mapa genético dos animais pode um dia se tornar uma ferramenta valiosa na luta contra o contrabando de marfim. “Agora, ele é menos preciso porque não nos diz exatamente se a espécie estava em um país ou outro, pela variação de distância. Mas assim que tivermos mais dados, seremos capazes de dizer se o marfim vem mesmo da região que pode comercializá-lo”, disse. (JB Online)