A poluição do ar causada pelo trânsito e por fábricas pode provocar doenças cardíacas, segundo pesquisa feita nos Estados Unidos. A equipe de cientistas constatou que a poluição parece provocar o estreitamento de artérias – estágio inicial de muitas doenças cardíacas – da mesma forma que o cigarro.
A equipe da Universidade do Sul da Califórnia pesquisou quase 800 pessoas de mais de 40 anos que vivem na área da cidade de Los Angeles. O autor da pesquisa, professor Nino Kuenzli, disse que as implicações da descoberta para saúde pública “podem ser imensas”.
Carros – A arteriosclerose, o estreitamento das artérias, já foi relacionada ao fumo, à diabete e à obesidade. Na pesquisa, os estudiosos mediram a espessura da parede interna da carótida no pescoço, utilizando aparelho de ultra-som.
Os pesquisadores avaliaram também os níveis de poluição nas áreas onde vivem as pessoas pesquisadas. “Sabíamos que as pessoas em áreas mais poluídas morrem mais cedo de doenças cardíacas. Nosso estudo constatou que a poluição do ar pode contribuir para problemas cardiovasculares em um estágio bem inicial da doença, como o cigarro, e aumentar a arteriosclerose, que é a doença básica do processo de doenças cardíacas”, disse Nino Kuenzli, autor da pesquisa.
Eles calcularam a quantidade de partículas PM2,5, que são normalmente produzidas pela queima de combustíveis fósseis – o que acontece no motor dos carros ou no processamento de metais. As partículas são tão minúsculas que podem entrar nas menores vias respiratórias.
Oxidantes – A poluição leva o corpo a produzir oxidantes que, por sua vez, provocam reações inflamatórias nas vias respiratórias e nas veias, levando a danos nas artérias. Os níveis de PM2,5 são medidos em microgramas por metro cúbico (ug/m3) e os encontrados na pesquisa variavam entre 5,2 ug/m3 e 26,9 ug/m3. Os pesquisadores descobriram que cada aumento de 10 ug/m3 na poluição aumenta em 5,9% a espessura da parede interna das artérias.
Eles ajustaram os resultados de acordo com fatores individuais, como idade e estilo de vida, e constataram que a espessura da parede interna das artérias aumenta entre 3,9% e 4,3% para cada 10 ug/m3 de aumento em PM2,5, segundo o estudo apresentado na Associação Americana do Coração.
A ligação mais forte foi constatada em mulheres de mais de 60 anos, com aumento de 15,7% na espessura da parede interna da artéria para cada 10 ug/m3 de aumento na poluição. (BBC)