Entre 6% e 14% de todas as espécies de pássaros estarão extintas daqui a 95 anos, segundo uma pesquisa que será publicada nesta terça-feira (14) pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences que alerta para a conservação dos ecossistemas.
O responsável pela equipe de pesquisadores, Cagan Sekercioglu, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, explicou que a situação é “especialmente ruim” nas ilhas oceânicas, onde entre um terço e a metade de todas as espécies terão sido extintas até 2100.
Em novembro, por exemplo, duas espécies de pássaros do Havaí, o corvo havaiano e o poouli, foram declarados, respectivamente, desaparecidos do meio selvagem. Só restam exemplares enjaulados e extintos. Como conseqüência, os importantes processos dos ecossistemas, especialmente a decomposição, a polinização e a dispersão de sementes, declinarão, gerando um grande impacto tanto ecológico como econômico. Sekercioglu ressaltou que os ecossistemas e sua biodiversidade são os principais afetados e que os pássaros são os agentes que mostram mais claramente as conseqüências dessa alteração.
A população de abutres da Índia caiu, por exemplo, 99% entre 1990 e 2000 e, como resultado, os cães selvagens proliferaram, elevando para 30 mil o número de pessoas que morreram em 1997 por mordidas de animais raivosos.
O grupo de Sekercioglu proporciona com seu trabalho uma análise global da conservação de várias espécies e prediz, utilizando um modelo aleatório, as cifras e a distribuição das extinções em 2100. O grupo também revisou e resumiu toda a literatura ornitológica para apresentar evidências científicas sobre a manutenção das aves no ecossistema e a transcendência de sua conservação.
A pesquisa representa a maior compilação do mundo sobre o censo de pássaros, com 600 mil entradas de 10 mil espécies, que pode ser consultada para analisar a evolução e a conservação das aves. “Para obter os dados, foi preciso o trabalho de oito pessoas durante um ano, a revisão de centenas de artigos e a comprovação de cada um dos dados obtidos”, acrescentou Sekercioglu. (Terra.com)