Frota antiga de veículos agrava o problema da poluição no país

Com normas cada vez mais rígidas para reduzir o número de automóveis poluidores, o Brasil tem problema na hora de controlar os carros que saíram das fábricas há mais de dez anos.

Segundo o professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Alberto Gurgel, o país segue, à risca, todas as recomendações para reduzir o nível de emissões dos carros novos, mas não tem normas severas para veículos que já saíram de fábricas há mais tempo.

“Temos carros com dez, quinze anos, que realmente são fontes de poluição. O que faltaria agora seria uma norma mais severa, para, de tempo em tempo, averiguarmos qual o nível de emissões de cada veículo”, disse o pesquisador.

Gurgel lembra que os veículos não são os únicos poluidores do planeta, mas o grande número de automóveis em circulação confirma que os carros são os grandes emissores e colaboradores para o crescimento do efeito estufa.

Tanto é que os governos têm, cada vez mais, agido com rigor nas questões ambientais relacionadas a emissores. Os veículos saem das montadoras seguindo normas bem severas de emissões e as projeções para o futuro. Daqui a cinco anos, essas exigências devem aumentar inclusive no Brasil.

O professo Gurgel porém, faz um alerta: não basta apenas que empresas forneçam um laudo sobre a condição dos veículos. “Uma coisa séria, porque algumas empresas entram no sistema e ganham dinheiro. Mas, na verdade estão vendendo o laudo e a gente deve coibir qualquer atividade errônea”, disse.

Ele defende os usuários, que já pagam IPVA, seguro e outros impostos. Independente da fiscalização do governo, Gurgel considera que o mais importante é a consciência das pessoas sobre a questão. Para ele, as pessoas têm que ter em mente que a emissão exagerada de gás pelo carro é um indicativo de que algo está errado no motor. Um problema que afeta o ambiente e o bolso do proprietário do veículo.

O segredo, na sua opinião, é manter o carro dentro das normas previstas. Trocar filtros de acordo com a recomendação e procurar combustíveis de boa procedência, por exemplo. Até porque, lembra ele, não podemos esquecer que o Brasil é um dos signatários do protocolo de Kioto, que recentemente foi assinado pela Rússia e passa a vigorar em fevereiro próximo. O protocolo prevê a redução de gases poluentes.

Atentos os pesquisadores da UnB buscam estimular a discussão sobre o tema também no meio acadêmico. O professor Gurgel destaca que o pessoal chega à universidade já muito bem preparado e sai ainda mais consciente sobre todas essas questões. “Temos algumas disciplinas que enfocam esses assuntos e a própria universidade tem eventos que abordam isso. Assim, a turma está muito boa e consciente”, garante.(Radiobras)